Ando
Vou escrever um conto; ando sem inspiração, mas tenho o mar e todos os seus mistérios; toda essa coisa grandiosa e o que inventam; as sereias, os tesouros, as ilhas misteriosas, os mundos perdidos... Vou escrever um conto... eu invento um amor; uma grande paixão... algo digno de Shakespeare; alguém que renunciou a não sei o que e se entregou de corpo e alma e me espera não sei onde... vou falar desse amor, olharemos o arco-íris e a neblina primaveril acinzentando a lagoa e o corcovado. toda a melancolia dos anos dourados que repousa no passado, mas nos incomoda como uma farpa entre a unha e a carne. Vou escrever um conto... eu invento um álien meio ianque, meio soteropolitano, dançando despido na calçada de Copacabana; lembrando o hit do Caetano, ''sem lenço sem documento"; dançando um axé, um xaxado, um samba-rock... qualquer coisa entre a preguiça baiana e a esquisitice americana. Vou escrever um conto sobre amores inesquecíveis, paixões impossíveis; gente que se jogou da ponte, se revolve nas águas e seus espíritos perambulam nas praias em noites de lua cheia... quem pode entender o amor? Vou escrever um conto sobre o que não conto pra ninguém, esse pavor, esse momento delicado, que expande o pânico com o terror de chacinas e ameaça eminente que nos torna refém de milícias e nos tortura com funk de apologia à droga, à prostituição e à violência. Toda essa violência propriamente dita e a violência estarrecedora da corrupção que nos venda à qualquer possibilidade de uma luz no fim desse túnel.
AUSÊNCIA
Ando sempre acompanhada
naqueles momentos que passam
lentos pelas horas e derrapo nas
curvas da tua ausência que me fere.
A saudade chegou, se aconchegou
no meu coração, elegeu morada.
Acendeu lareira dentro de mim
Absorta, eu deixei e até a acarinhei.
Uma cumplicidade brotou
Nela a minha alma renasce
Repousa e se aquece.
Sou daqueles caras simples que nos finais de tardes ando de calça e chinelo,camiseta velha e cabelo despentchado.
uns fones de ouvido com aquela música
que me faz lembrar você.
Um sorriso no rosto e uma satisfação enorme em saber que você faz parte da minha história
sinto como o mundo tivesse desabando
como nao houvesse escapatoria
e por isso ando
até ouvir o som da discordia
enquanto ando, ouço um grito de ajuda
de meu pai, lá no fim
que pede "Deus, me acuda"
ao som dos bandolins
ele já se perdeu
nâo tem mais volta
supera menina
o mundo nao vai te dar bola
por algo tão estúpido
merece apanhar
ninguem sabe a sua dor
por isso vamos ignorar
vamos desmerecer sim
vamos pisar sim
pelo menos você é esperta
não fique ai de boca aberta
você é nova
deixe isso de lado
esconda esse teu desgosto
pois aqui todos somos assim
sempre a espera dos outros
para nos redimir
assim é mais confortavel
sempre a custas dos outros
para não ter trabalho
QUINTAL D'ALMA
Minha Paz sempre achei lá quintal de casa .
É lá que ando descalça ,
descabelada e com os pés
no chão.
É lá que respiro a brisa e sinto
o vento in imensidão .
É lá que converso com as palmeiras .
com os girassóis , com as borboletas...
Dou bom dia ao bem te vi ,
bailo com os anjos e
sinto o exalar das flores .
É lá que encontro com a sabedoria
das formigas a trabalhar com inteligência e
a humildade dos pardais in lindas cores .
É lá que sinto o sol batendo luz e
caminho com a leveza das nuvens .
É lá converso com os passarinhos
dos meus pensamentos silente.
Que me sacio no estio do silêncio
e respiro pela fresta do céu in acalento .
É lá que residem meus sonhos e a
plenitude in grandeza .
Trago na cartola d'alma a mesma inocência e
fantasia da minha infância .
Tempo em que a pureza jamais
ficou adormecida ,
mesmo quando o lá fora
me empurra nas vielas da vida .
Nunca me encantei por essa coisa de status ,
de aparências e superficialidade !
Gosto mesmo é de me sentir plena
Feito passarinho livre
sem qualquer tipo de preocupação
ou vaidade .
O meu luxo se encontra na casa
da minha simplicidade.
Ando a passos serenos pela rua, um homem em minha frente busca algo em seu bolso, uma moeda vai ao chão , não era qual quer moeda era um moedão, peguei-a corri para minha casa e liguei a televisão.
- Não acredito, mais um milhão!
- Malditos políticos ladrão!
GOIABATEMBIXO
Ando pensando e vendo que na maioria das vezes na nossa procura por amor, por afeto, cumplicidade e companheirismo numa relação de amor, amizade, num romance. O que mais queremos que é o Amor, o afeto erra o caminho, encontra outros, e leva com ele a felicidade, nos traz frustração, desespero, angustia, se equivocando assim. Mas devemos acreditar e lutar sempre não desistindo de buscar essa felicidade e insistir nisso pra nossa vida. Porque as vezes nos é dado essa chance, esses sentimentos, e depois retomado, para que com a experiência aprendamos a viver sós, a estar sós, ser felizes sós e sem nada disso, encontrar o amor por nós mesmos.....! Amor por nós mesmos, amor próprio, eis o grande segredo, pra ser Feliz. Bom dia amigos.
Ando perdendo muitas coisas ultimamente.
Perdi um maço de cigarros outro dia.
Já perdi documentos, viagens, jogos...
Já perdi amores, amizades, e até a dignidade em noites de bebedeiras.
Já perdi pessoas, objetos, e até lugares.
É, eu realmente ando perdendo muitas coisas ultimamente...
Acho que eu só não perco essa minha mania maldita de perder.
Portanto, que perder seja uma dadiva, uma oportunidade perfeita para recomeços.
Só espero que eu não perca essa minha mania maravilhosa de perder.
BRINCADEIRA
Eu fico
Eu penso
Eu ando
Remexo minhas ancas
Me excito
Fantasio você
Me inquieto
Acendo um cigarro
Mas não relaxo
Minhas mãos tremem
Meu ser freme
Sou mulher que " Quer "
Sou lembrança da tua boca
Sou louca
Sou desejo de você
Aspiro profundamente
Me contorço
Me toco
Me sinto, te sinto
em meu toque
Mordo meu lábio
Me amo, te amando
Brinco_Brincando sozinha
faço amor com você...
Ando errante, sem procurar errar. Mas errar é preciso. Precioso. Vou por ali, espero acolá. Ando com todos os meus orixás a contar: só mais um pouco. Rouco, nao sei se ja consigo mais. Louco por um pouco de paz interna. Interna quantas vezes for preciso. Impreciso. Nao sei se consigo. Nao sei de verdade se me basta toda essa santidade casta. Pasta. Vou vivendo como um boi: Pasta. Talvez um cineasta de qualquer película nefasta. Minha rima se arrasta. A vida passa. Eu, boi. Eu, cineasta
Ando só, mas sou pó, vou sem vento, não tenho tempo, o mundo segue, me persegue, mas eu luto, sem luto, a vida é dura, mas aturo, a dor é triste, mas sigo firme, em riste, porque também sou alma, inquieta, esperta, e espio a eternidade por uma fresta.
Sei lá... Ando me perdendo em meus pensamentos. Não sei o que irei fazer com você nem comigo! Nem qual sentimento cultivar por ti; Pensando bem, o que estou cultivando nesse momento não precisa ser regado com água mas com fogo, entao cuidado para nao instigar mais esse combustível
Ando nesta noite sem lua numa cidade sem muros
sem casas ou pessoas
há grutas, há deuses e um pouco de silêncio
a rua de pedra conta a lenda do sangue que pensava ser revolucionário mas era também nada...
era jovem e sonhava como jovem...
não pode sonhar mais
mortos e pedras só vivem em túmulos
onde mães desejosa negam à Deus
e lembram de pés pequenos e sujos que beijaram
essa cidade me assusta...
não que tenha feito mal aos jovens
porém esse silêncio toca nosso coração
como missa
como elegia
como o último gole daquela garrafa que jogamos no lago
nunca houve violência nem homens aqui
homens são criados por Deus
e nada que Deus criou faria o quê foi feito
não lave a rua , chuva
deixe assim ...
leio no vento uma súplica coloquial e e pesarosa
de um rosa nascida com espinhos por afrota
continuo a andar
agora como sempre sem passos ou destino
queria que meus olhos fossem teus
para ver se encontro em mim o homem que diz que sou
levo muitas almas comigo e nenhum amigo
muita estrada e pouco pouso
na certeza que paz existe no mundo que criou para nós dois no dia em que morremos adultos
nas ruas de pedra da cidade sem homens...
Amar como se fosse a última vez e beijar como se não houvesse amanha. Ando à procura da conexão intensa que tínhamos no passado, mas passaram tantos anos que agora preciso te conhecer outra vez para sentir o que sentia. A nossa historia foi complicada e fiz tudo o que podia, mesmo depois de tantas idas e voltas. No fundo fico feliz por ver que ninguém viu o que eu via em ti, caso contrario a visão que tinha sobre ti era tão comum e banal que qualquer um podia sentir o mesmo que eu sentia. Sempre foste mais rebelde, aventureira e sempre mostraste ser mais fria do que aquilo que realmente és, A verdade é que... Tu conhecias meio mundo e eu... bem... eu apenas conhecia as quatro paredes do meu quarto, a minha estante de livros e a minha própria solidão.
(...)ando mudando os sentimentos, guardando a sete chaves e doando só para quem realmente precisa, porque às vezes você se doa e só leva pedrada na alma.
Eu tenho aprendido a me aceitar assim, porque o que parece aos outros indiferença, é na verdade uma forma de se proteger do desassossego alheio.
QUANDO EM QUANDO
Quando ando,
vez em quando... Canso
nesse fago,
que me afago... Manso.
No meu tranco,
levo um branco...
E respiro tonto, tanto!
Que quando em quando...
em meu encanto
eu desando... Pranto.
Perdido no canto do meu silencio
eu desencanto...
Em sentimentos prontos.
Eu desato aquele clima
d'aquele ponto propenso
e aos mandos do meu casulo tenso,
Eu abro, assas coando...
Os tímpanos do meu comando.
Antonio Montes