Ampulheta
(MINHA PRETA)
A areia vai caindo na ampulheta
Só quero te ver novamente, minha preta
Pois você é a parte interessante da minha história
É a prata, o ouro e a minha glória
Hoje um cara tocou nossa música no vagão
E te vi perfeitamente do som que saiu daquele violão
Lembrei como teu olhar petrifica como Medusa
Afinal você é a minha grande musa
Nosso fim não precisa ser trágico
Pode continuar sendo um suspiro mágico
Pois nessa minha declaração, em cada trecho
Não posso escolher lágrimas para construir nosso desfecho.
De: Caio Gabriel A Herc
Para: G
SIGO
Sigo a areia que corre
Com pressa na ampulheta
Dos passos dados ao vento
Entre a brisa que bate na face
De suspirados silêncios
No tempo em que vive esquecido
E que me olha com a verocidade
É na espuma da areia que a alma
Chora em silêncio na água
Do calor sentido no teu corpo
Sigo as rochas entre a praia
Deste meu desejado silêncio
Feito pela espuma do meu mar
Memórias de ti, simplesmente em mim.
Envelhecer
A verdade é que não podemos fazer retornar a areia que cai pela ampulheta do tempo, nem somos carrapichos para grudarmos nas bordas desta enxurrada que se chama vida. É preciso deixar-se levar...
Cheguei à conclusão que saber envelhecer é a obra-prima da sabedoria. É um dos capítulos mais difíceis da arte de viver se não aceitarmos o deixar-se levar...
Então, já estou aceitando e amando minhas limitações, são partes de mim, componentes da minha história.
E procurando descobrir todos os prazeres que este período da vida pode me reservar – e olha, já vi que são muitos. Surpresas? Que venham…
Ampulheta do Tempo
Traduzir a efemeridade com poesia
Era tudo que eu mais queria
Mostrando que envelhecer é inevitável
Porém crescer é opcional
Que egoismo é lama de esgoto
Consome tudo o que é vivo e o torna morto
Ensinar que o medo é uma cova mental
Que te prende em sim mesmo e o banha em sal
Te faz o player 2 de sua mente e o obriga
A tomar más decisões em toda a sua vida
Na ampulheta do tempo o abraço é um bom passo
Pois respeito e empatia andam meio escasso
Mostra que as folhas que com o vento caem
São chances e vidas que com o tempo se esvaem
As lembranças e ações de um eterno momento
São marcadores astrais da passagem do tempo
Que resumem e definem toda uma vida
Seja de dores ou amores a resposta é ouvida
Eu sou a areia do tempo, dentro da ampulheta da vida e deixo que a vida me molde grão a grão
A.Kawaza
Você lê seu relógio, sua ampulheta, seu calendário, mas não compreende; mas não compreende o que é o tempo.
Nós tivemos grandes poetas, filósofos, doutores, intelectuais que pensaram á volta de um único conceito: "o tempo", porém nenhum deles entendeu algo mais que uma teoria plana, ideais presos á compreensão humana.
A ampulheta é tão poderosa, é a forma como podemos ver o tempo, sempre que virar a ampulheta, não importe oque faça aquela areia vai cair e o tempo não voltará mais.
Os dias antigos não voltam mais, como uma areia na ampulheta, pois cada dias vivemos sem voltar atrás, até que a nossa areia da ampulheta chegue ao fim.
Deusas
No silêncio noturno, pestanejando,
Audível tão somente o ruído da ampulheta,
Memórias da temporalidade,
Tessituras da areia e do vento,
Conflitos prementes da razão,
Uma tempestade de partículas,
Juntas, formando consciência...
Irresignado com o legado cultural,
Entrevi, dentro do Panteão mitológico,
Vênus, a Deusa do feminino.
Ela, envolta de requinte arguto e versado,
Pôs-se a recitar...
“Existe uma verdade cientifica, filosófica,
A mentira, quando repetida
gera crenças profundas, conforta.
A verdade, por sua vez, inquieta...”
Eu, com o cálice na mão,
Condiciono-me, compenetrado,
Ela, com magistral beleza, prossegue:
“Afloramos arguidas,
Distintas biologicamente,
Provemos a vida,
Únicos contrastes.
No corpo social,
Estipêndios menores,
Sem enaltecer o intelecto,
O inventivo, a inovação.
Quanto mais à “alta roda”,
Menos varoas encontramos.
Queres tua prole assim, fadada a essa herança?
Ensina-lhe o caminho da revolução!
Equidade, Respeito,
Sem possessividade...”
Desperto, observo a ampulheta,
A transitoriedade dos grânulos,
As âmbulas intermeadas
Com a consciência formada...
Há tempo, quero te recrutar,
Ativista da causa,
Não me Kahlo!
Paulo José Brachtvogel
Pois, para mim, o símbolo máximo
da religião deveria ser a ampulheta,
haja vista que, na medida em que o homem
esvazia sua alma das "dez mil coisas",
ele vai automaticamente se preenchendo
unicamente com Deus.
Ou conhecemos nosso próprio eu
Ou vivemos escravos do tempo...
Na ampulheta da vida resta pouca areia.
Se estivermos dentro
da ampulheta existencial,
o quanto de areia já ultrapassou o funil?
Isso conta? Se não conta,
o que conta, então?
Tem algo errado com o mundo
Não tire os olhos da ampulheta
O ser humano, em resumo, é o câncer do planeta
A sociedade é doentia e julga a cor a careta
Deus escreve planos de paz, mas também nos dá a caneta
Ainda fico esperando o meu passado passar, no derramar da areia de uma ampulheta, o resultado é que o meu futuro está muito longe, a conclusão é que eu demoro para ter experiência e me conformo porque meu juízo é o de ontem.
O tempo vai passando,
como líquido que goteja...
vai escoando,
como areia na ampulheta...
Abre a porta,
vai embora
e, de forma cadente,
não espera por ninguém!
Compreendeu a razão
de viver o presente
de forma mágica e urgente?
A areia mais dourada e brilhante que eu já vi em toda a minha vida...
Aquela, na ampulheta... Lembra?
Aquela que eu derrubei da mesa do autor da minha história...
Aquela única, ampulheta do tempo, de areia dourada e brilhante...
A minha vida eu quebrei aquele dia, lembra?
Tu não te lembras de ter gritado comigo? Pois, gritou, eu não te ouvi...
Grande irresponsabilidade de minha parte, desperdiçar daquela areia...
E ainda, fazer pouco daquela ampulheta,
Nessas horas correr já não adianta, e tu... Me avisou...
Aah... Aquela areia dourada que fora desperdiçada por mim.
Somos meros instantes na ampulheta do tempo estelar e os olhares do silêncio no eco de nós.
© Ana Cachide