Amor Sem Sofrimento
INDIGENTE
Tenho um desejo: existe uma felicidade
que eu não conheço e no cobiçar tende
é o amor que no querer então me quer
como eu quero, enfim, que me entende
Nem um olhar, nem uma palavra sequer
peno sem que ele exista, e que detende
a minha vontade de ter. No falto pende!
é vazio que não se tem como preencher
É um amor sem fato: - e eu mesmo ignoro
donde? como eu saber se nem o há nome
das pessoas amadas nenhuma ocorreram
É um dessaber que a imaginação consome
na desilusão. É dor que vive a viver o choro
das tentativas que no pranto emudeceram
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
25 de abril, 2021, 05’45” – Araguari, MG
Saudade em Pauta
O amor habitava entre nós
Sentava a mesa
Até hoje a cor do teu tom de voz
Colorem a lembrança com pureza
Cada sensação, uma dor atroz
Dum vazio, ó mãe querida!
Teu tempo foi tão veloz
Demorado o suspiro na vida
Gratidão, o que tenho a hora
Da senhora, é muita falta...
Por que este choro agora?
É desta saudade em pauta!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
09/10/2021, 05’10” – Araguari, MG
Paráfrase Adélia Prado
BEM SEM PREÇO
Depois que te perdi, só depois, amor singular
Notei que fracassei com um bem sem preço
Sentimento profundo, vida, um ímpar amar
E, se existi equivalente imitante, desconheço
Caricia ardente e casta, tão uma, confesso!
E agora em uma saudade cortante e doída
Dum olhar nostálgico, e sem um endereço
Eu carrego a recordação, vaidosa e sofrida
Depois que ide, só depois, pobre o coração
Suspira tão triste, em uma constante tortura
Num remorso que invada a minha emoção
De não ter junto a ti, quando contigo estavas
A conformidade onusta de carinho e ternura
Hoje, cá a chorar, aquele amor que me davas!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
25, novembro, 2021, – nas Gerais...
Soneto penoso
Emoção! ao sentires a poesia pacata
O abandono duma prosa de amor
Trova que fere, canto que maltrata
É pranto que nasce de grande dor
Quando ouvires d’alma rude sonata
Rugindo de um sentimento traidor
E perceberes uma poética ingrata
Entenda, são versos dum sofredor
Cá, esconde as angústias, o tédio
Onde o coração sofre duro assédio
Do desagrado, em verso amargoso
Pois, um poema que magoa, soa
Na sensação... e o sentir atraiçoa
E, quase sempre, resiste penoso!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21 outubro, 2023, 08’51” – Araguari, MG
Olha para o teu interior,
não com desprezo,
mas com zelo e amor,
reconhece os teus erros,
as tuas imperfeições,
os teus medos,
mas não deixes de se dá valor
já que provocaram alguns
dos teus acertos
com preciosas lições,
não se trata de ser alguém perfeito,
mas de poder perceber
que as marcas de sofrimento,
da dor
são resultados daquilo
que já foi enfrentado
e até mesmo superado
graças ao Senhor.
Um agosto com gosto de amor
de quem aprendeu a se amar
a reconhecer o seu valor
após os desgostos
que teve que enfrentar,
o seu sofrimento não acabou,
mas agora é a gosto,
só quer carregar aquilo
que lhe é precioso.
Tempestade
Eu caminho levado pelo vento,
E não importa as brisas que me toquem,
Eu ainda prefiro a sua tempestade,
É o que me faz vivo,
Mesmo que vivo prefira a morte.
Só um momento de felicidade ,
O resto do tempo só me é saudade.
Pensando em momentos que me lembram seu calor.
Vivendo de lembranças que me causam dor.
Vida Imperfeita
Nunca fui perfeito e nem tento ser
nunca fui igual aos outros e isso você tem que entender
Meus sonhos sempre corri, com muita dedicação atrás
e vivi coisas sem sentido que hoje não vivo más.
Eu não sei porque pessoas me julgam sem me conhecer
talvez seja inveja e isso eu não tenho como saber.
Conquistar diversos sonhos apenas com a força de vontade
e jamais ter raiva de ninguém, e viver sem nenhuma maldade.
Querer a felicidade dos outros, mesmo sem ter a minha
e alcançar novos reinos em busca de uma nova rainha.
Ainda continuo imaginando um mundo sem nenhum tipo de maldade
onde as pessoas vivem em paz, apenas em busca de tua felicidade.
Mais eu ainda continuo me lembrado de tudo no meu passado
pintando coisas novas, em busca de um perfeito retrato.
E ainda assim, eu realmente não sei como pude ir tão longe
nessa minha vida imperfeita onde os meus sonhos se escondem.
Amar sozinho
Damos nossos corações
fazemos tudo por quem amamos.
Vivemos atentos a felicidade
tememos o medo da solidão
cuidamos do que não nos pertence
abraçamos no outro as feridas
e sentimos as mesmas em nós
Imploramos a cumplicidade
dedicamos o nosso tempo
e roubamos o do outro para nós.
Investigamos qualquer suspeita
duvidamos entre as mesmas
confianças que se tornaram espinhos
descorrespondidos amargam dentro de nós.
Choramos longas horas as lágrimas
encontramos por entre a dor o tormento
vivemos tudo então tristes e sozinhos
reconhecemos que quem amamos
não ajudará a apagar nossa mágoa.
Perdemos o chão e distante calma
reagimos ao coração doído de mágoa
permitimos que a tristeza domine nossa alma
vivemos então o que tanto temíamos
contemplados a tortura da solidão.
Encontramos caminhos tortos
recuamos sem alguma motivação
voltamos ao triste momento da vida
jogamos fora nossos sonhos de amor.
Ajoelhamos e imploramos aos céus
aguardamos a piedade do nosso pai
imploramos proteção divina
invocamos luz que nos guia
queremos acordar para a vida
e nunca mais morrer de amor.
Antecedente da cicatrização
Como quando a orelha inflama porque o brinco estava um pouco sujo; ou quando colamos o curativo adesivo que fixa na pele de modo a puxar todos os pelos na hora de sair.
Mesmo sabendo que no fim iria doer, provoquei. Botei o brinco pra inflamar, colei o curativo pra fazer doer. Queria viver aquilo, nem se fosse por míseros segundos, minutos, horas, dias. Nem sei mais quanto tempo passei imersa naquela banheira de espumas.
Corria cada vez mais só pra vê-la. Queria era socorro, socorro da própria situação. Socorro de mim mesma. Mas por mais rápido que eu o fizesse, não a alcançava. Dormia sem conseguir descansar. Não sabia como evitar, como não sentir. Era, humanamente, impossível fechar o peito para aquela que, outrora, me visitava com flores e com pele macia a me acariciar.
Deitada sobre seu peito sentia que a perdia. Procurava sua mão. Meus dedos se entrelaçavam nos dela, mas os dela no meu. Ficava ali parada até o momento em que escorria pelo meu corpo. Indo embora sem dizer adeus.
Enquanto eu souber que a ferida não será fechada por completo, vou levando. Empurrando com o resto de forças que sobrara do restante da minha alma, que jorrava água escura, afim de fugir do precipício que eu mesma criara.
E eles passaram a noite em claro,trocando mensagens,rindo de coisas bobas,sentindo borboletas no estômago ao se falarem, se amando como se ninguém soubesse o que é amar, planejando uma vida juntos . E quando amanheceu eram como estranhos seguindo caminhos diferentes,dois inimigos mortais. Os planos foram esquecidos,e o amor jamais existiu.
Infinda
Se eu cantar
Me escute
Calada
Pois quando
Eu cantar
Eu quero te sentir
Cativa
Se eu chorar
Me abrace
Outrora
Pois quando
Eu chorar
Eu quero ouvi-la dizer
Não fiques assim
Se eu cair
Me afunde
Impiedosa
Pois se contigo
Eu cair
Eu já estarei fraco
Me poupe a dor
Me mate
Se eu morrer
Que chova
Sangue
Dos teus olhos
Pois quando
Eu morrer
Eu quero te ver
Aos prantos
Sigam até ti
Tempestades
E dores de parto
No coração
E se o amar
Fora só poesia
E se for só poesia
Te amar
Será infinda amada
Será para sempre
Poesia.
A gente sente o que nos permitimos sentir. A empatia está totalmente ligada a convêniencia, ao confortável. Felizmente ou não é assim que somos. Cabe reflexão. Seriamos "melhores" que Hitler ou só com menos oportunidades?
Não sei.
O que temos?
Às vezes penso em você como amigo
enquanto seus braços me dão abrigo.
O que sentimos?
É qualquer coisa menos amor.
Por que não me ajuda e me dê as opções:
dizer eu te amo ou viver por um sonho, ilusório, falso, um engano.
Eu quero um amor antigo daqueles que se lembram apenas dos momentos bons.
Deixe-me dizer adeus. Me dê uma escolha.
Por quanto tempo iremos continuar com isso?
O que eu sinto eu ignoro. Por você eu me anulo me faço invisível
limito as minhas escolhas. Você as escolhe como um vencedor
sempre em primeiro lugar. O primeiro a agir, o primeiro a pensar,
o primeiro a falar. Deixe-me disputar o primeiro lugar do meu coração.
Me certificarei de que estou longe quando eu dizer "eu te amo" e você não ouvirá.
Me dê escolhas. E eu decidirei.
Te esquecer.