Amor Oriental

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O amor é um modo de viver e de sentir. É um ponto de vista um pouco mais elevado, um pouco mais largo; nele descobrimos o infinito e horizontes sem limites.

A ausência é o remédio do amor.

Hoje em dia, não pensamos muito no amor de um homem por um animal; rimos de pessoas que são apegadas a gatos. Mas se pararmos de amar os animais, não estaremos na iminência de pararmos de amar os humanos também?

O sucesso e o amor preferem o corajoso.

Aprender música lendo teoria musical é como fazer amor por correspondência.

O amor afirma, o ódio nega. Mas por cada afirmação há milhentas de negação. Assim o amor é pequeno em face do que se odeia. Vê se consegues que isso seja mentira. E terás chegado à verdade.

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Escrever

O adultério é a aplicação dos princípios democráticos ao amor.

A distância é o fascínio do amor.

Até na pessoa mais cansada o amor é como um despertar.

Para se pôr fim a uma guerra, como a um amor, é preciso ver-se de perto.

No amor, o engano vai quase sempre mais longe do que a desconfiança.

A música clássica do amor é em tom maior, a romântica em tom menor. O amor moderno é uma fraca melodia, sobreinstrumentada.

A medicina é o remédio para todas as dores humanas, apenas o amor é um mal que não tem cura.

O amor ou não desculpa nada ou desculpa tudo.

É impossível exprimir a perturbação que o ciúme causa a um coração em que o amor ainda se não tenha declarado.

O verdadeiro amor, como se sabe, é impiedoso.

Sem o amor-próprio nenhuma vida é possível, nem sequer a mais leve decisão, só desespero e rigidez.

Só havia três coisas sagradas na vida: a infância, o amor e a doença. Tudo se podia atraiçoar no mundo, menos uma criança, o ser que nos ama e um enfermo. Em todos esses casos a pessoa está indefesa.

Miguel Torga
TORGA, M., Diário, Coimbra, 27 de outubro de 1974

Oh estações, oh castelos!
Que alma é sem defeitos?

Eu estudei a alta magia
Do Amor, que nunca sacia.

Saúdo-te toda vez
Que canta o galo gaulês.

Ah! Não terei mais desejos:
Perdi a vida em gracejos.
Tomou-me corpo e alento,
E dispersou meus pensamentos.

Ó estações, ó castelos!

Quando tu partires, enfim
Nada restará de mim.

Ó estações, ó castelos!

É falso o amor que leva o homem à indignidade.

Camilo Castelo Branco
BRANCO, C., Agulha em Palheiro, 1863