Nietzsche sobre o Amor
Não há no mundo amor e bondade bastantes para que ainda possamos dá-los a seres imaginários
O homem do conhecimento deve ser capaz não só de amar seus inimigos, mas também de odiar seus amigos.
Para a doença masculina do autodesprezo o remédio mais seguro é ser amado por uma mulher inteligente.
Uma alma que sabe ser amada, mas não se ama a si mesma, trai sua profundeza – o que estava no vem à tona.
E essa tolerância, esse 'largeur' do coração que tudo 'perdoa' porque tudo 'compreende', é para nós como o vento siroco...
Começa-se por desaprender de amar os outros e termina-se por não encontrar nada mais digno de amor em si mesmo.
É preciso aprender a amar-se a si próprio com amor sadio, a fim de aprender a suportar-se a si mesmo e a não vaguear fora de si mesmo.
O amor deseja, o medo evita. Por causa disso não podemos ser amados e reverenciados pela mesma pessoa, não no mesmo período de tempo, pelo menos. Pois quem reverencia reconhece o poder, isto é, o teme: seu estado é de medo-respeito. Mas o amor não reconhece nenhum poder, nada que separe, distinga, sobreponha ou submeta. E, como ele não reverencia, pessoas ávidas de reverência resistem aberta ou secretamente a serem amadas.
A mais perigosa desaprendizagem
Começa-se por desaprender de amar os outros e termina-se por não encontrar nada mais digno de amor em si mesmo.
(do livro em PDF: 100 aforismos sobre o amor e a morte )
As mulheres percebem facilmente quando a alma de um homem já foi tomada; elas desejam ser amadas sem rivais, e censuram nele os objetos de sua ambição, suas atividades políticas, suas ciências e artes, se ele tiver paixão por tais coisas. A menos que ele brilhe por essas coisas – então elas esperam que uma união amorosa com ele realce também seu próprio brilho; neste caso elas incentivam aquele que amam.
Amar os próprios inimigos? Parece-me que se o tenha
apreendido muito bem: percebemo-lo em mil circunstâncias, no
pequeno e no grande; sim, quiçá bem melhor agora —
chegamos a desprezar enquanto amamos, e precisamente
quanto mais intensamente amamos: mas tudo isto
inconscientemente, sem fazer caso, com o pudor e o segredo da
bondade que gelam os lábios às palavras solenes e virtuosas
A boa índole, a amabilidade, a cortesia do coração são permanentes emanações do impulso altruísta, e contribuíram mais poderosamente para a cultura do que as expressões mais famosas do mesmo impulso, chamadas de compaixão, misericórdia e sacrifício. Mas costumamos menosprezá-las, realmente: nelas não há muito de altruísta. A soma dessas doses mínimas é no entanto formidável, sua força total é das mais potentes.