Amor em Forma de poesia
Que passem os minutos, dias e anos...
Todas as estações do tempo!
Que eu viva, qual tolo, todas as ilusões
pueris de sentimento...
Amar-te-ei, em todas as épocas,
em todo momento
Que passem as águas por muitas pontes
e que debruce a saudade por muitas
serras e montes, amar-te-ei,
como se fosse a primeira vez e única,
apesar das tantas aventuras!
Ainda além deste céu, nas alturas.
Eternamente...
Ainda que outro alguém o tenha
entre lençóis confidentes,
mesmo que os beijos sejam molhados
e quentes,
à parte, nossa alma vaga enamorada,
sobre qualquer prazer da carne ou qualquer
entrega fugaz.
Eternas, apaixonadas
Amar-te-ei, sobre qualquer dor que me pese
o orgulho ferido, o despeito revolvido!
Sobre qualquer punhalada em meu coração,
sobre qualquer distância a nós imputada...
Porque sei, amor de mim , que ainda assim...
Não é pequeno o nosso comprometimento.
Ah! Soubessem todos o tamanho!
Pobre carne, pequeno tempo!
A Duas Flores
São duas flores unidas
São duas rosas nascidas
Talvez do mesmo arrebol,
Vivendo,no mesmo galho,
Da mesma gota de orvalho,
Do mesmo raio de sol.
Unidas, bem como as penas
das duas asas pequenas
De um passarinho do céu...
Como um casal de rolinhas,
Como a tribo de andorinhas
Da tarde no frouxo véu.
Unidas, bem como os prantos,
Que em parelha descem tantos
Das profundezas do olhar...
Como o suspiro e o desgosto,
Como as covinhas do rosto,
Como as estrelas do mar.
Unidas... Ai quem pudera
Numa eterna primavera
Viver, qual vive esta flor.
Juntar as rosas da vida
Na rama verde e florida,
Na verde rama do amor!
Um livro aberto é um cérebro que fala;
Fechado, um amigo que espera;
Esquecido, uma alma que perdoa;
Destruído, um coração que chora.
EU PROMETO
Eu prometo te lembrar todos os dias o quanto eu te adoro
E o quanto você é especial pra mim
Eu prometo enxugar suas lágrimas
Quando você estiver triste
E cantar e rezar por você todas as noites,
antes de eu dormir
Eu prometo que sempre ao olhar as estrelas
eu lembrarei do brilho de teus olhos
E do quão maravilhoso é o sorriso teu
Eu prometo um dia estar com você
pra te girar e te abraçar bem forte
E você saberá o quanto eu amo você
Eu prometo nunca mais me aborrecer com você por besteira
Prometo que sempre vou achar você o maior docinho
Mesmo que você esteja muito, mas muito brava!
Eu prometo ser teu amigo por toda a vida
E que jamais irei magoar você
Porque pra mim o mundo é mais maravilhoso porque você existe!
E você sempre estará em meu coração.
Plena mulher, maçã carnal, lua quente,
espesso aroma de algas, lodo e luz pisados,
que obscura claridade se abre entre tuas colunas?
que antiga noite o homem toca com seus sentidos?
Ai, amar é uma viagem com água e com estrelas,
com ar opresso e bruscas tempestades de farinha:
amar é um combate de relâmpagos e dois corpos
por um só mel derrotados.
Beijo a beijo percorro teu pequeno infinito,
tuas margens, teus rios, teus povoados pequenos,
e o fogo genital transformado em delícia
corre pelos tênues caminhos do sangue
até precipitar-se como um cravo noturno,
até ser e não ser senão na sombra de um raio.
CONSOLO NA PRAIA
Vamos, não chores...
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.
O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.
Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis casa, navio, terra.
Mas tens um cão.
Algumas palavras duras,
em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o humour?
A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.
Tudo somado, devias
precipitar-te, de vez, nas águas.
Estás nu na areia, no vento...
Dorme, meu filho.
Como expressar nas palavras,
os gestos que queria fazer,
as coisas que gostaria de ver,
os belos amanhecer e entardecer,
e o sombrio morrer...
faltam-se falas.
Mas ao expressar
o simples fato de escrever, falar,
nada existe para preocupar...
nada pode deturpar,
na essência pelo chorar,
no gesto por beijar,
comover e alavancar
o puro e simples "amar".
Quem quiser plantar saudade, trate de escaldar a semente.
Plante no solo bem duro, onde o Sol seja mais quente.
Pois se plantar no molhado, ela cresce e mata a gente.
Persiga um sonho, mas não deixe ele viver sozinho.
Descubra-se todos os dias, deixe-se levar pelas vontades, mas não enlouqueça por elas.
Procure, sempre procure o fim de uma história, seja ela qual for.
Dê um sorriso para quem esqueceu como se faz isso.
Acelere seus pensamentos, mas não permita que eles te consumam.
Olhe para o lado, alguém precisa de você.
Abasteça seu coração de fé, não a perca nunca.
Mergulhe de cabeça nos seus desejos e satisfaça-os.
Procure os seus caminhos, mas não magoe ninguém nessa procura.
Arrependa-se, volte atrás, peça perdão!
Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se achá-lo, segure-o!
Nota: A publicação da obra que contém este poema foi autorizada pela autora e está registrada corretamente na Fundação Biblioteca Nacional Ministério da Cultura - Escritório de Direitos Autorais.Link
...MaisQuem disse que eu me mudei?
Não importa que a tenham demolido:
A gente continua morando na velha casa em que nasceu.
Quero que saibas uma coisa.
Tu sabes como é:
se olho a lua de cristal, os galhos vermelhos do outono em minha janela,
se toco junto ao fogo as impalpáveis cinzas
no corpo retorcido da lenha,
tudo me leva a ti,
como se tudo o que existe:
aromas, luz, metais,
fossem pequenos barcos que navegam em direção às ilhas tuas que esperam por mim.
Agora, bem,
se pouco a pouco tu deixares de me querer
pararei de te querer
pouco a pouco.
Se de repente me esqueceres
não me procure,
pois já terei te esquecido.
Se consideras violento e louco o vento das bandeiras que passa por minha vida
e decidires me deixar às margens do coração no qual tenho raízes,
lembra-te
que nesta dia,
a esta hora
levantarei os braços e minhas raízes partirão em busca de outra terra.
Mas
se em cada dia,
cada hora,
sentires que a mim estás destinado com implacável doçura,
se em cada dia levantares uma flor em teus lábios para me buscares,
oh meu amor, oh minha vida,
em mim todo esse fogo se reacenderá,
em mim nada se apaga ou se esquece,
meu amor se nutre do seu, amado,
e enquanto viveres
estará em teus braços
sem deixar os meus.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
Nota: Trecho de poema de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa
...MaisPor que será?
Por que será
Que eu ando triste por te adorar?
Por que será
Que a vida insiste em se mostrar
Mais distraída dentro de um bar
Por que será?
Por que será
Que o nosso assunto já se acabou?
Por que será
Que o que era junto se separou
E o que era muito se definhou
Por que será?
Eu, quantas vezes
Me sento à mesa de algum lugar
Falando coisas só por falar
Adiando a hora de te encontrar
É muito triste
Quando se sente tudo morrer
E ainda existe o amor
Que mente para esconder
Que o amor presente
Não tem mais nada para dizer
Por que será?
...nenhum som me importa
afora o som do teu nome que eu adoro.
E não me lançarei no abismo,
e não beberei veneno,
e não poderei apertar na têmpora o gatilho.
Afora
o teu olhar
nenhuma lâmina me atrai com seu brilho
Amei-te e por te amar
Só a ti eu não via…
Eras o céu e o mar,
Eras a noite e o dia…
Só quando te perdi
É que eu te conheci…
Quando te tinha diante
Do meu olhar submerso
Não eras minha amante…
Eras o Universo…
Agora que te não tenho,
És só do teu tamanho.
Estavas-me longe na alma,
Por isso eu não te via…
Presença em mim tão calma,
Que eu a não sentia.
Só quando meu ser te perdeu
Vi que não eras eu.
Não sei o que eras. Creio
Que o meu modo de olhar,
Meu sentir meu anseio
Meu jeito de pensar…
Eras minha alma, fora
Do Lugar e da Hora…
Hoje eu busco-te e choro
Por te poder achar
Não sequer te memoro
Como te tive a amar…
Nem foste um sonho meu…
Porque te choro eu?
Não sei… Perdi-te, e és hoje
Real no […] real…
Como a hora que foge,
Foges e tudo é igual
A si-próprio e é tão triste
O que vejo que existe.
Em que és […] fictício,
Em que tempo parado
Foste o (…) cilício
Que quando em fé fechado
Não sentia e hoje sinto
Que acordo e não me minto…
O Impossível Carinho
Escuta, eu não quero contar-te o meu desejo
Quero apenas contar-te a minha ternura
Ah se em troca de tanta felicidade que me dás
Eu te pudesse repor
-Eu soubesse repor_
No coração despedaçado
As mais puras alegrias de tua infância!
É só você que me provoca essa saudade vazia
Tentando pintar essas flores com o nome
De "amor-perfeito"
E "não-te-esqueças-de-mim"
Votos de submissão
Caso você queira posso passar seu terno, aquele que você não usa por estar amarrotado.
Costuro as suas meias para o longo inverno...
Use capa de chuva, não quero ter você molhado.
Se de noite fizer aquele tão esperado frio poderei cobrir-lhe com o meu corpo inteiro.
E verás como minha a minha pele de algodão macio, agora quente, será fresca quando janeiro.
Nos meses de outono eu varro a sua varanda, para deitarmos debaixo de todos os planetas.
O meu cheiro te acolherá com toques de lavanda - Em mim há outras mulheres e algumas ninfetas - Depois plantarei para ti margaridas da primavera e aí no meu corpo somente você e leves vestidos, para serem tirados pelo total desejo de quimera.
Os meus desejos irei ver nos teus olhos refletidos.
Mas quando for a hora de me calar e ir embora sei que, sofrendo, deixarei você longe de mim.
Não me envergonharia de pedir ao seu amor esmola, mas não quero que o meu verão resseque o seu jardim.
(Nem vou deixar - mesmo querendo - nenhuma fotografia.
Só o frio, os planetas, as ninfetas e toda a minha poesia).
Canção de ninar meu bem
Hoje a lua despiu seu véu
E flutua a dormir no céu
Na canção que de mim nasceu
Meu amado adormeceu
Meu amado adormeceu
Dorme, meu amor
Como no céu a lua
Tu serás sempre meu
E eu só tua
Dorme, amigo, que a poesia
É um mistério que não tem fim
Dorme em calma
Que assim, um dia
Dormirás para sempre em mim
Dormirás para sempre em mim
Quando tuas mãos saem,
amada, para as minhas,
o que me trazem voando?
Por que se detiveram
em minha boca, súbitas,
e por que as reconheço
como se outrora então
as tivesse tocado,
como se antes de ser
houvessem percorrido
minha fronte e a cintura?
Sua maciez chegava
voando por sobre o tempo,
sobre o mar, sobre o fumo,
e sobre a primavera ,
e quando colocaste
tuas mãos em meu peito,
reconheci essas asas
de paloma dourada,
reconheci essa argila
e a cor suave do trigo.
A minha vida toda
eu andei procurando-as.
Subi muitas escadas,
cruzei os recifes,
os trens me transportaram,
as águas me trouxeram,
e na pele das uvas
achei que te tocava.
De repente a madeira
me trouxe o teu contacto,
a amêndoa me anunciava
suavidades secretas,
até que as tuas mãos
envolveram meu peito
e ali como duas asas
repousaram da viagem.