Amor e Sonhos
FLORES ROUCAS
Uma voz rouca que mortifica-se
Uma alma que pesa de um silêncio que grita.
Nas intrigas dos nossos pensamentos.
Silêncio onde guarda-nos o fardo da vida.
Rosa branca que murchou com o calor do sol
Só restam agora os espinhos de dor.
Ventos frios das luzes do palco que iluminam
Sobrevive quem tem a sorte de uma vida esmigalhada.
Canto triste de um lamento
voz rouca que pesa no silêncio.
Essência de uma alma das minhas belas camélias floridas.
Onde está a fragrância da flor, dos nossos anos perdidos.
O silêncio da nossa agonia ou talvez da nossa velhice.
A felicidade das nossas lembranças, das nossas memórias
São aquelas que não vivemos nem sentimos.!
JANELA E ALGUÉM
Alguém já escreveu que os olhos são a janela da alma.
Eu concordo com esta verdade
hoje eu acordei decidida a mudar
Passei a noite acordada
mais uma noite quente de outono maldita insônia
Maldito pesadelo
malditas ideias que me fazem questionar
as coisas que eu alguma vez
nunca quis questionar, deste mundo cada vez mais perverso, desumano e frio
Enfim resolvi reviver
os melhores momentos de nós os dois
dei-me conta de que já vivemos tantas coisas bonitas das coisas que já passámos
e por um instante dei-me conta a sorrir mesmo à gargalhada.
MÃE
Ser mãe é descobrir forças que achávamos que não tínhamos
É ter noites em branco, é amar e amar
É educar, é sonhar, é sentir
É saber lidar com os medos que pensamos não existir
CONTO "A VELHINHA TECIA,TECIA"
As suas mãos teciam numa noite
De inverno longa e fria
As serras cobriam-se de neve
O rio detinha-se congelado
Ela tecia o fio de lã
Como fios transparentes de seda
As folhas mudavam de cor das árvores quase despidas
Dentro de casa a lareira acesa
Ela continuava a tecer os fios finos de lã.
O seu amor era incondicional e divino
O que sentia pelos seus amados filhos.
Lá longe nas grandes cidades
Dizia ela os meus amores.
Docemente contemplava com fervor
O caminho entre as fragas.
Cheias de neve
Onde o peito tanto doía de saudades.
Aquelas saudades d`alma pura
De vários sentimentos que ardem no fogo.
Dentro de água que o gelo detinha e o rio não corria.
Vida estreita na vivência
Que ninguém duvide dos seus longos anos.
As suas mãos teciam a manta que lhe cobrira
O corpo como uma mortalha.
De bravura esta sua humilde vida sofrida
Onde rezava e colhia tantas bênçãos.
Do Senhor seu Deus
Tantos favores que Deus
Lhe dava pela sua perseverança
Pela fé que tinha mesmo nos dias de dor, de mágoa
Ela era sempre muito abençoada.
Ela dizia que Deus é o meu caminho
Sem ele não resta nada, só pó.
Tinha um coração de amor e sabedoria
Dizia ela que tinha aprendido com os seus pais.
Gente humilde, sábia, honesta
E muito respeitada pelo povo onde mora.
Está uma noite de inverno fria e longa
Ela continuava a tecer com os fios fininhos de lã
Da sua mortalha ao pé da lareira
Estava contente
Sentia-se feliz porque sabe que Deus
Ira chamá-la em breve.
A qualquer hora , dizia tenho que acabar
Estou nesta empreitada à quase 80 anos.
Estou muito feliz por que Deus
vai estar à minha espera
Bendita senhora já tão velhinha
Benditos os lírios do campo
E todas as flores silvestres.
Só Deus cuida delas
Como cuidou de mim estes anos todos.
Benditos todos os meus filhos que pari
Com muitas lágrimas de dor.
Com sabor a mel que era amor
Tecia tecia os fios de lã, finos fios como seda.
Rezava, rezava, tecia e dizia a Deus
Senhor está quase pronta a minha mortalha.
Que me cobrirá ao encontro marcado
Contigo quando chegar a hora.
Se Você Voar!
Estamos presos
em um mesmo fio!
Se você voar...
voarei também.
Não é um nó
que nos prendem.
Não é...!
Mas laços
que nos unem,
num amor de voos
e sonhos!
Durmo com a esperança de sonhar...sonhar em encontrar você.
Num sonho túrbido, um enrosco de dois corpos, sem rosto, na maciez dos lençóis eu vejo...percebo que somos tu e eu, como em outrora se foi.
Acordo.
E fica tudo assim...meio qualquer coisa, dessas coisas q a saudade faz, lembrar do que ficou para trás.
Carla Aguiar
Se eu tivesse um dia todo meu em casa... ficaria na cama dormindo, sonhando com você, falando sozinha como se você tivesse ali comigo, imaginando conversas, toques, sorrisos...(ahhh o seu sorriso, era lindo quando era pra mim...)escrevendo o tempo todo, tomando café olhando pra cara triste que minha cachorra faz quando estou nesse estado deplorável, mas me permitindo sentir saudades... me permitindo a não sorrir mas só lembrar de você de uma maneira triste... mas eu sou assim sabe, um pouco triste, vem de mim, a saudade exala por minhas veias...
“Estou caminhando, indo a algum lugar, mas não sei para onde, olho para os lados e saio correndo, estou a procura de você. A chuva caindo, o vento soprando, os barulhos que nessa cidade se fazem são os gritos de minha breve loucura, como te encontrar? Como estar perto de você? Eu continuo a correr. E então eu te encontro, logo ali, na minha frente, chego perto, estendo minha mão e quando prestes estou para te segurar você some, e de um sono profundo eu acordo, no desespero eu grito. E agora onde você esta?”
Ciclo do meu coração
Te amo como ama o dia,
Começa no momento certo
Ao instante exato de clarear
E acalentar os sonhos.
Te amo como ama a noite,
No tempo certo,
Transforma-se como ciclo da lua, aparece, cresce, ilumina-se completa, míngua e some até reaparecer.
Assim, no tempo ideal
Na concretização de um amor real, um sonho intencional e um dia convencional podemos dizer que a vida é especial.
Passarinho encantador
Era uma vez um passarinho encantador,
Que ainda novo e de pernas finas,
Já olhava para o horizonte,
Sonhando com um grande amor.
Jurava o tal passarinho com tanta fé,
Que um dia sua amada ele encontraria,
Mesmo que tivesse que voar pra muito longe,
E que padecesse por noites e dias.
O tempo se passou e o Passarinho logo viu,
Que suas asas já estavam fortes e suportariam,
Um voo acima das montanhas e dos rios.
Despediu-se de seus pais e amigos,
E com lágrimas nos olhos, partiu.
Distante de sua família e de sua morada,
Passarinho a todos encantava,
Cantando uma linda canção.
Mas Passarinho sempre esperava,
Aquela que seria rainha do seu coração.
Foram anos de espera.
Passarinho conquistou admiração.
Voava, cantava, esperava.
E foi num lindo dia de verão,
Que Passarinho encontrou sua amada
E finalmente, se encheu de emoção.
Teus Olhos
Eu poderia jurar por todas as estrelas do céu,
Que me vi dentro dos teus olhos a bailar,
Mas a jura é uma coisa séria,
E eu não quero correr o risco de me enganar!
Porque teus olhos são dois meninos distraídos,
Que cantam e brincam à luz do luar.
Escondem-se vez em quando,
Só pra me deixar com saudade,
Desse teu jeito doce de me olhar.
Ah esses teus olhos!
São dois belos sóis convencidos,
Que sabem como me encantar!
Já não consigo de ti me esconder,
Pois já sabes muito bem,
Onde poderás me encontrar.
Nós, Poetas
Nós, Poetas, somos prisioneiros das noites de Luar,
Sonhadores que sonham acordados nas madrugadas solitárias,
Contempladores de estrelas frias, soltas e sem par.
Ah! Nós, Poetas...
Perdemos a contagem até dos nossos dias,
Compondo versos e reversos,
De vidas felizes e de vidas vazias!
Somos dominados por pensamentos de asas,
Fazemos voos rasantes e atravessamos mares e oceanos,
Despertamos até os diamantes!
Nós, Poetas, somos como loucos,
Levados nos braços do vento,
Pra longitudes e altitudes extremantes.
Entregamos suspiros e beijos,
Em linhas de doces poesias.
Somos apaixonados e até exagerados,
Poetas poetantes da arte de amar.
Sentimentos
Lágrimas que chorei,
Ausências que suportei,
Sentimentos profundos que vivi,
E outros que abandonei.
Por tantas vezes sonhei, e até me decepcionei.
Que coisa!
Será necessária uma revolução em minha alma!
Porque será que ela nunca se acalma?!
Oh mente sonhadora, não vê que estás me levando a loucura?!
Não vê que necessito de cura?!
Meu coração está apaixonado,
Já não tenho paz.
Onde já se viu, que ousadia!
O pior de tudo isso, é que já não sei quando é noite e nem quando é dia.
Estou perdida, vagando em meus pensamentos,
Buscando esclarecimentos.
Não encontro a saída, está tudo muito confuso,
Tudo tão estranho...
Onde está a calmaria deste vasto mar de ilusões?
Desta eterna onda de emoções?
Sim! Minha alma confirma; você foi atingida pela flecha de um malvado cupido!
Mas onde ele está?
Quem o viu?
Eu o acertarei também!
Aí sim, ele estará perdido!
Experimentará o amor.
Saberá o que é a dor de um sentimento escondido,
No mais profundo da alma.
Aquele mesmo sentimento que me tirou a calma.
Que me deixou em estado de dormência,
Que me faz a Deus pedir clemência.
Será um súbito refúgio da realidade?
Ou será uma onda de saudade?
Quem saberá dizer?
Quem poderá me esclarecer?!
O momento que se realiza um sonho é mágico, não importa o sonho, realizá-lo significa encontrar a paz interior.
Não desejo glórias passadas de conquistas quixotescas
Quero um futuro maior do que o meu passado
No ar fresco da manhã quero reconhecer no amor
A menina que um dia sonhou amar.
A audácia das minhas emoções nunca foi dominada pelos enganos
Eu tenho na alma um perfume especial
Daqueles que deixam a vida, mas que ainda perpetua no vento a sua essência.
A sua simetria induz a liturgia do meu sorriso
De algoz impaciente, fera ferida em víeis descontente,
a um novo prisma sintomático enfático, sonho bom.
Destaca-se a protuberância do sentimento
Enquanto desatento, fiz do acaso meu sustento,
hoje conhecedor do sentir amado.
Enalteço meus delírios, pois já íntimos do teu querer
Sussurra no meu ouvido o que eu tinha esquecido
ressurge contrito essa vivencia de te querer.
A sinergia desse embate é crucial para a união
de tantos embaraços não me vejo em outros braços
senão nos teus, os meus abraçam.
Sábio é entender, porém forte é esquecer
o lado escuro de quem simplesmente aprendeu a amar.
Sem melanina exagerada, vejo as veias pulsantes
concorro com as mãos aceleradas e olhar penetrante,
atrevo-me o envolvente anseio, creio no beijo e no poder
que ele tem.
É surreal, envolvente astral que a gente tem,
quando me cubro de angustia, tua presença afasta
tudo aquilo que não me convém.
Futuro amor presente, passado é descontente
por isso já passou!
Quero apenas adiantar os dias, combinar as loucuras
e alegrias, de duas mentes livres desimpedidas,
saciar a liberdade da vida sem me transformar
ou enclausurar quem sou.
Que os confrontos sejam sempre suados e no final olhos fitados, mãos cruzadas e a calma na alma
realizando que um dia o nosso sonho relatou!
O coração ainda anseia por momentos fabulosos
Plenos de uma alegria capaz de fazer esquecer o passado...
As frias sombras de rostos perfeitos
Com mentiras ressurgidas na atmosfera da vida...
Nos lábios criminosos de falsos heróis
Fui derrotada pela vilania dos meus sonhos
Ao desejar roubar dos romances que li
Os amores que nunca me pertenceram...
Tais Martins
A VIAGEM
cansado,
o veneno corre pelas minhas veias,
a fumaça que dissipa,
é a mesma que entorpece,
enlouquece,
não a mente,
a vida,
a vida se esvai a cada baforada,
a cada viagem,
segue-se um rumo que afasta o real,
aproxima o ilusório,
coisas novas surgem,
apenas em na mente,
um mundo mais colorido,
alegre,
todos falam com você,
até cachorros,
e no fim da viagem,
quando se aporta no idilico xangrilá,
nada existe,
apenas um vazio,
que a cada viagem,
se torna maior,
a cada viagem,
a ida se torna mais rapida,
o caminho de volta mais comprido,
tão comprido,
que os braços que desejam ajudar,
não mais podem segurar,
os chamados de volta,
são apenas vagos ecos de uma memoria destruida,
confusa, apática,
inerte,
a razão se confunde com o racional,
argumentos mais insanos,
são encontrados para justificar a insólita viagem,
que se tornam piadas,
para os lúcidos fora da viagem.
Mais uma baforada,
a fumaça sobe,
hora de ir,
para onde eu não sei,
sigo apenas a ilusória estrada de tijolos amarelos,
de ferrugem, não de ouro,
acompanho meus amigos,
montado em um elefante cor de rosa,
que voa livre entre os girassóis,
que acompanham a lua,
enquanto esta,
submersa em um mar de lágrimas,
sorri loucamente,
velando mais uma parte de uma memoria que se vai.
Deus te fez assim tão perfeita
Deus te desenhou com delicadeza,
Eu sei que essa caneta não falhou
Te vi em meus sonhos e você me encantou.