Amor e Morte
A morte do amor
Para que o amor não fique insosso
Não dure somente uma canção
Não passe de uma paixão
Sou capaz de planejar anos e anos em solidão
Multiplicar tudo que for tangível
Segurança à união
Depois, concretar a alma e o coração
Alicerce para uma duradoura relação
Os desatinados não acreditam nisso
Acham que, se existe amor, mora-se até no lixo
Não existe amor que dure
Quando falta o tostão
Dói tanto outros órgãos do corpo
Que se esquece o coração
Morre a afeição.
Grava-me como selo em teu coração, como selo no teu braço, porque forte como a morte e o amor, implacável como o abismo e a paixao; os seus ardores são chamas de fogo, são labaredas divinas.
A definição romântica do amor como “até que a morte nos separe” está decididamente fora de moda, démodé, antiquado, tendo deixado para trás seu tempo de vida útil em função da radical alteração das estruturas de parentesco às quais costumava servir e de onde extraia seu vigor e sua valorização.
É larga a rua dos anos, onde a luz pouco existe, o amor nos esquece, onde se sobe e desce e a morte nos apanha e nos acolhe em triunfo.
Morte em vida...
Ao longo dos tempos quantas definições do que é amor e o que é amar foram intensa e desesperadamente buscadas, elaboradas, racionalizadas, sem que, até hoje, felizmente, fossem encontradas.
Poetas, filósofos, cientistas, pessoas simples, gente comum, de todas as raças, cada um a seu jeito, já viveu e falou de amor e já amou em verso, prosa, mímica, gestos, olhares, tato.
Surdos e/ou cegos, como ninguém, falam e sentem amor.
Por amor, indiscutivelmente, parece haver uma certeza, não há limites.
Como é amar alguém por toda uma vida, mesmo sabendo não ser amado ou, ao contrário, nunca saber que foi, é, e sempre será amado?
Há pelo mundo tantos que, após algumas despretensiosas trocas de palavras passam a se amar à distância, conjecturando como o outro deve ser, e, inexplicavelmente, perpetuam uma forma de amar que suporta a ausência.
Amor é um sentimento que nunca terá uma dimensão definitiva.
A felicidade proporcionada por um amor verdadeiro, após períodos extensos de tempo, pode acabar em indiferença, sem razão.
Amor unilateral traz um sofrimento que nem sempre tem fim, muitos não resistem e perecem, aceitando uma morte em vida.
Por enquanto, apenas por ora...
Somente o amor vence o tempo e a morte, e é a única coisa que nenhum mortal pode destruir, porque o amor é energia que vem de Deus.
A morte é inquestionável.
É o fim. Um ponto doido
Sem definição. A morte
Do amor é dúbia. É o fim,
Ou quase fim em vida.
É o saber da existência
E morrer de saudades
É uma dor existencial.
É saber o que fazer para
Estancar essa dor que
Quase mata. É uma quase
Eutanásia assistida. É
Viver entre o ponto final
E alguns pontos a mais,
Reatando laços rompidos.
É respirar por aparelhos,
Na ânsia do próximo
Suspiro. É adiar o inevitável,
À espera de um milagre.
Quero ser forte
ao infarte
quero a dor da sorte
o sofrer da arte
o amor da morte.
Quero teu beijo
o nirvana de um ateu
o desejo
dos teus lábios nos meus
Quero o até logo
ser forte no fogo
do copo
e embriagar-me
na volta do corpo
do teu
no breu
do meu quarto
Quero ser firme no assalto
segurar o chão
estar em teu parto
Não parta
partirá meu peito
Não vá
parta comigo
no trem do amor
reparta comigo
a tua dor
Parte de mim
és tu
parte de ti
eu sou
Parte de mim
te quer
a outra
confronta
e aponta
que és minha mulher.
A morte comprime meus sentimentos...
Tentei ter o amor como num mundo vazio,
Gritei de raiva tudo que consegui entender
Que mundo acabou no estante que me beijou.
Quando acordei sua face estava fria...
Com espírito repugnante desejei te amar,
Sobre tudo sou frio do terror...
Quando esperei o ar voltar a fazer sentindo,
E apenas que encontrei foi um buraco profundo,
Nesta magia todos sonhos são pesadelos
Consumidos pelo mundo...
Está morte trás as dores do passado.
Amor e Morte
Amigos que não sabem consolar com palavras, não conseguimos resolver imediatamente a vida quando acabamos de perder quem amamos, não há chances de voltar atrás, não há razões para sorrir, o espaço é apenas para chorar e depositar flores.
Passa um filme com uma memória seletivas só das qualidades, a pessoa é vista como a melhor pessoa do mundo, única e que desempenhou bem sua missão nessa terra, sem necessidade de perder a cabeça à toa, sem a teoria dos apegos, com a diferença notável de bom cidadão.
Custei a me socializar novamente, culpei-me por não ter vivido intensamente, foi um pouco chato ter pendências afetivas com o pai, a mãe, atitudes que jamais esqueceremos, mesmo que com o tempo nos desinteressam pela culpa.
O perdão nos faz refletir e até mudar caminhos, despachar a culpa de férias é dar o troco e mover para seguir em frente, todo coração é um guia, o mundo conspira em sintonia com nossos desejos.
Máscaras sociais não nos fazem feliz, nem sempre somos intencionalmente enganados, o compromisso e o amor também provocam cegueiras, nem sempre o que queremos significa paz, amor, tranquilidade e perfeição.
A culpa nos faz ter sentimentos de inferioridade, a morte pode acontecer subitamente com qualquer um, as coisas mudam, mas nem sempre de verdade, assumir as responsabilidades de ser eu mesma, não sucumbir as tentações, evitar o controle e me sentir importante mesmo em frangalhos.
Comecei a levar trabalho para casa, precisava me sentir útil, presente, viva, conversar abertamente sobre o meu parceiro que acabava de partir de vez, acostumar-me sem sua presença, aprender mais uma lição de vida.
Prometi muitas coisas e não cumpri, deixei de ser popular, tornei-me mil vezes mais afetuosa, não por bondade e sim por medo do remorso, não conhecia bem a mim mesma, não sabia que junto com a morte de quem amamos a gente morre junto um pouquinho, faltava consciência para essa certeza da vida.
Aceitei que as criaturas vêm e vão, que é uma tremenda sensatez viver intensamente sempre invadida por uma sensação de felicidade dando importância as coisas importantes e deixando em quarentena pensamentos inúteis e condutas não colaboradoras.
Sempre fui mulherzinha, agora precisava aprender a ser forte, a controlar emoções, a correr riscos dos julgamentos, as decepções de quem acha que sabe o que devo fazer, os sonhos frustrados de quem se aproximou por curiosidade.
Eu vivi o amor verdadeiro, eu não discrimino quem não se entrega ao amor, eu não sei viver com hostilidade e desdém, sou fã de generosidade, não curto representar um papel, mesmo que sejam tendências coletivas.
As pessoas sentem atração por quem compartilha suas atitudes, ficam inquietas com quem pensa diferente, não abro mão do que existe de melhor na minha vida que é minha paz de espírito, meus valores, minha “modernidade”, meus fundamentos talvez diferentes da maioria, sem pânico, aceitando o meu destino.
As crises vieram em etapas, voltei a me envolver com a família, não aguentava mais tanta pressão, de um lado a esperança de um novo casamento, do outro, a desesperança em encontrar alguém parecido num mundo de desiguais.
Estava com um vazio no coração, nada igual ao que algum dia eu teria sentido, era uma separação permanente, com rapidez e sem descansos. Eu era cortejada por todos, inclusive pelo consumo.
Vários relacionamentos eram reatados o meu não tinha essa possibilidade, só se eu morresse, só se a vida acabasse, sem me entregar e crescer no meu destino.