Amor Dolorido
Que vontade, que vontade enorme de dizer outra vez meu amor, depois de tanto tempo e tanto medo. Que vontade escapista e burra de encontrar noutro olhar que não o meu próprio - tão cansado, tão causado - qualquer coisa vasta e abstrata quanto, digamos assim, um caminho.
A Maçã
Se esse amor
Ficar entre nós dois
Vai ser tão pobre amor
Vai se gastar...
Se eu te amo e tu me amas
Um amor a dois profana
O amor de todos os mortais
Porque quem gosta de maçã
Irá gostar de todas
Porque todas são iguais...
Se eu te amo e tu me amas
E outro vem quando tu chamas
Como poderei te condenar
Infinita tua beleza
Como podes ficar presa
Que nem santa num altar...
Quando eu te escolhi
Para morar junto de mim
Eu quis ser tua alma
Ter seu corpo, tudo enfim
Mas compreendi
Que além de dois existem mais...
Amor só dura em liberdade
Tentar outra vez o mesmo amor. Quem já não caiu nesta armadilha? Se ele também estiver sozinho é sopa no mel. Os dois já se conhecem de trás para a frente. Não precisam perguntar o signo: podem pular esta parte e ir direto ao que interessa. Sabem o prato favorito de cada um, se gostam de mar ou de montanha, enfim, está tudo como era antes, é só prorrogar a vigência do contrato. Tanto um como o outro sabem de cor o seu papel.
A IMPONTUALIDADE DO AMOR
Você está sozinho. Você e a torcida do Flamengo. Em frente a tevê, devora dois pacotes de Doritos enquanto espera o telefone tocar. Bem que podia ser hoje, bem que podia ser agora, um amor novinho em folha.
Trimmm! É sua mãe, quem mais poderia ser? Amor nenhum faz chamadas por telepatia. Amor não atende com hora marcada. Ele pode chegar antes do esperado e encontrar você numa fase galinha, sem disposição para relacionamentos sérios. Ele passa batido e você nem aí. Ou pode chegar tarde demais e encontrar você desiludido da vida, desconfiado, cheio de olheiras. O amor dá meia-volta, volver. Por que o amor nunca chega na hora certa?
Agora, por exemplo, que você está de banho tomado e camisa jeans. Agora que você está empregado, lavou o carro e está com grana para um cinema. Agora que você pintou o apartamento, ganhou um porta-retrato e começou a gostar de jazz. Agora que você está com o coração às moscas e morrendo de frio.
O amor aparece quando menos se espera e de onde menos se imagina. Você passa uma festa inteira hipnotizado por alguém que nem lhe enxerga, e mal repara em outro alguém que só tem olhos pra você. Ou então fica arrasado porque não foi pra praia n
Nota: Trecho da crônica "A Impontualidade do Amor"
Um a um foram chegando, e eu somando a quantidade de amor que tenho no mundo. Mais ou menos 50 pessoas foram, somando com mais um monte de e-mails e mais um monte de ligações, é… até que sou bem amada. Calma, você é amada, tá vendo? Não precisa mais ficar em casa de pijama [...]
Tenho urgência de ti, meu amor. Para me salvar da lama movediça de mim mesmo. Para me tocar, para me tocar e no toque me salvar. (…) preciso de você para dizer te amo outra e outra vez. Como se fosse possível, como se fosse verdade, como se fosse ontem e amanhã.
Vou sofrer como antes, mas dessa vez terei amor próprio, cuidarei mais do meu “eu”. Posso ter sido mais uma pra você, mas sou única pra mim.
Pelo amor ofendido e aprisionado. Pelo amor perdido. Pelo respeito empoeirado em cima da estante. Pelo carinho esquecido junto das cartas envelhecidas no guarda- roupa. Pelos sonhos desafinados, estremecidos e adiados. Pela culpa. Toda a culpa. Minha. Sua. Nossa culpa. Por tudo que foi e voou. E não volta mais, pois que hoje é já outro dia. Chorei...'
O som do amor
Sabe quando falta uma palavra para definir o que sentimos?
Sabe quando o que você sente é tão grande, tão inusitado, que não há força em nenhuma poesia ou palavreado.
Tudo fica pequeno diante de tantos sentimentos, a vida deixa de ser uma teoria, um pensamento, ela passa a ser completa, preenchida.
E essa palavra que falta, que se cala na garganta, só pode ser expressa pelos sentimentos, falar não adianta.
Quem sabe com o brilho desse olhar.
As palavras mentem, o olhar jamais…
O falar deve ser reservado para expressar alegria, para aquele bate papo gostoso com as pessoas queridas,
para a entrevista de emprego, para expressar um desejo.
O falar é a expressão do que vai no seu intimo, por isso, deve ser estudado, pois aquilo que é falado, não pode ser deletado, é email que já saiu, partiu…
Deixe-se embriagar pelos sentimentos, deixe seus olhos falarem: – eu te amo!
Deixe seus braços apertarem a felicidade, deixe as tolices e as discussões vazias morrerem na ponta da língua, e acima de tudo, deixe o amor ser o seu mensageiro, ele fala, esclarece, perdoa, pede desculpas, reconcilia, reaproxima…
Quem faz do amor o seu interlocutor, carrega na alma a pedra de alquimia, é mais do que inteligência, é pura sabedoria.
Quando faltar palavras, seja onde for, deixe falar mais alto, o som do amor.
O que esperar do amor?
Em tempos de amores instantâneos, é preciso fazer uma análise do que realmente é amor, pois há uma grande confusão no ar, e pessoas acabam se machucando muito nos relacionamentos pois esperam demais do próximo e acabam se frustrando.
Quero saber a sua opinião sobre a afirmação do escritor Saint-Exupéry (O Pequeno Príncipe) falando da confusão que fazem do amor.
“Não confundas o amor com o delírio da posse, que acarreta os piores
sofrimentos. Porque, contrariamente à opinião comum, o amor não faz
sofrer. O instinto de propriedade, que é o contrário do amor, esse é que
faz sofrer. (…) Eu sei assim reconhecer aquele que ama
verdadeiramente: é que ele não pode ser prejudicado. O amor
verdadeiro começa lá onde não se espera mais nada em troca.”
Antoine de Saint-Exupéry
O tempo de falar de amor
Se diante do erro eu me condeno,
não tenho a menor chance de me perdoar.
Se diante do amor que fracassou eu me culpo,
tiro a chance de alguém me conquistar.
Se diante do emprego eu só sei reclamar,
eu tiro a oportunidade de alguém trabalhar.
Se diante de Deus eu só sei mendigar,
perco a chance de ouvi-lo falar,
deixo a benção escapar…
Eu reclamo de injustiças,
mas nem sempre sou justo comigo.
Eu reclamo de solidão,
mas me tranco no meu mundinho.
Eu sofro com dores pelo corpo,
mas o meu sorriso é um custo.
Eu não conquisto o que sonho,
e deixo de sonhar por não acreditar.
Sinto que a vida responde na medida do que eu sinto,
mas sinto falta de motivação para lutar.
Eis que o tempo, sábio tempo vem ensinar.
Que de tudo posso experimentar,
mas tudo tem um preço.
Gastar demais gera dívidas.
Amar demais gera prisões que não agradam.
Criar expectativas geram decepções.
Viver de sonhos gera ilusões.
Por isso, decidi romper com a dor.
Dei cartão vermelho para a tristeza,
e na maior simplicidade, resolvi viver.
Sair, passear, expressar os sentimentos,
comer um pouco do que eu gosto muito,
e muito do que não gosto, mas preciso.
E na busca do equilíbrio, encontrar você,
parte que me completa nessa caminhada.
E assim, de mãos dadas, seguirmos juntos
pelo tempo indeterminado da duração do amor.
Que ele dure muito tempo,
tempo que peço agora,
para te revelar o meu segredo sem nenhum engano:
- Sabe, eu te amo!
Tenho urgência de ti, meu amor. Para me salvar da lama movediça de mim mesmo. Para me tocar, para me tocar e no toque me salvar.
Independência! Liberdade! Persegue estas coisas como ao teu maior amor, e agarra-te a elas como à tua maior paixão!
Alguns sentem vida, sentem beleza, sentem amor, com doses de conta-gotas. Eu não: é uma chuvarada dentro de mim. Que os sensíveis sejam também protegidos. Que sejam protegidos todos os que vêem muito além das aparências. Todos os que ouvem bem pra lá de qualquer palavra. Todos os que bordam maciez no tecido áspero do cotidiano. Todos os que propagam a bondade. Todos os que amam sem coração com cerca de arame farpado. Que sejam protegidos todos os poetas de olhar e de alma, tanto faz se dizem poesia com letras, gestos, silêncios ou outro jeito de fala. Que sejam protegidos não por serem especiais, que toda vida é preciosa, mas porque são luzeiros, vez ou outra um bocadinho cansados, no escuro assustado e apertado do casulo desse mundo.
A convivência e o amor são mais importantes que qualquer coisa e superam todos os tabus...
Às vezes é preferível amar-se como animal do que ser racional...
É demais viver com angústia e desejos.
O amor é mesmo feito de coisinhas. Não importa que tipo de amor seja, se esse ou aquele, o meu ou o seu. São sempre olhares, sorrisos, afinidades, coincidências, abraços, paixão, respeito, saudade, encontro. Aprendi que as pessoas amam de formas diferentes, nem menos nem mais. Da forma delas, em silêncio, em palavras, gritando ou sussurrando.