Amor Desiludido
ENCONTRO
Encontro nas solitárias linhas
Entre as páginas do livro que
Tento ler aventuras solitárias
Nas poesias escritas com tanta
Beleza numa linguagem entre todas
As memórias de tantos amores
De tantos silêncios de felicidade.
SOU O QUE VÊS
Sou o que vês
O que tentas ler
Uma seara sem foice
Um rio que corre
Um corpo sem alma
Uma folha que dança
Um uivo do lobo
Um caminho sem estrada
Uma casa sem dono
Uma bela rosa azul
Uma esperança sem cor
Um destino sem volta
No fim meu amor o meu lar
É o teu belo coração
Pois não consigo viver sem ti.
São já tantas manhãs
Num profundo silêncio
Sem flores, sol, café
Que vou morrendo de amores
Pulando muros de corações vazios.
PRECISO
Eu preciso de tempo
Tempo para pensar
Tempo para perguntas
Tempo para respostas
Tempo para viajar
Tempo para emoções
Tempo para sentimentos
Tempo para amar
Tempo para certezas
Tempo para verdades
Tempo para o que eu desejar
PEDRAS GELADAS
São nas pedras geladas
Que te escrevo com alma
No chão onde fiquei
Onde me deixaste esquecida
De mim ou de ti
Nada ficou além de imensos vazios
Amor vivido com intensidade
No meu coração feito em prisão
Corrompido pelas pedras frias
Entrego-me à vida perdida
Pelas ruas de fragas frias
Minto se disser que não sofro
Nesta amputação imposta
Deste sonho quase como pesadelo
Para secar-me a esperança desejada
Maldita dor, maldito amor, maldita vida
Malditas estas pedras frias
Que me deixaste sozinha
Onde escrevo com todo meu fervor
Todas as madrugadas para te tentar esquecer.
O MEU SILÊNCIO
O meu silêncio grita de dor
Seca ferozmente a minha voz
Nada ficou deste poema já seco
Agora vivo afogada de lágrimas
Pois tu deixaste tanto em mim
E as palavras já não têm sentido
Nas letras que tiveram vida em mim
É um desassossego, é tecer no escuro
Nos desabafos entre as páginas soltas
De um velho livro, num poema para ti
No desejo forte de me encontrar
Nos teus braços, perto do teu coração.
A MINHA VIDA
A minha vida é um deserto
É um simples seco areal
As flores que vou tocando
Perdem todas as folhas
O caminho é inseguro
E a minha estrada é fatal
Pois alguém vai semeando o mal
Para que eu o possa recolher
As minhas ilusões derretem
Como o gelo num mar de fogo
Os sonhos são bandos de pássaros
Entre tantos, tantos medos
A minha vida é um seco areal
Nos abismos de trilhos marcantes
A flor que toco simplesmente morre.
DENTRO DO MEU
Dentro do meu silêncio
Há gritos, dores
Há mil árvores por plantar
Flores por colher
Mil sonhos para viver
Viagens por fazer
Há um anjo adormecido
Há mil páginas por escrever
Poemas, versos, sonetos
Há mil afectos embrulhados
De tanta felicidade
Há um coração, se ele explodisse
Coloriria o céu
Dentro do meu silêncio
Que eu amo tanto.
OS TEUS OLHOS
Os teus olhos fixaram os meus
Como se fossem borboletas
Que me puxam para ti
Deixa-me tocar nos teus lábios
Com os meus meu doce amor
Já sinto falta do teu corpo junto
Ao meu, com sabor nostálgico
Do outono num fogo doce que nos une
Neste calor que me queima a alma
Como quando acordas ao meu lado
Afinal a tua casa é o meu coração
Que me enche de felicidade
Os meus dias, as minhas noites.
MISTURE
Misture a sua vida
Com texturas - Com cores
Com amores - Com paixões
Com dores - Com sentimentos
Com sabores - Com alegria
Com alma - Com mil coisas
Descubra novas aventuras
Mas nunca se mostre satisfeito
Há alturas na vida que o silêncio
Sela as portas do inferno e abre a saída
Na alma com as asas do amor.
CAMINHO
Caminho pelas ruas do esquecimento
No chão onde me deixaste perdida
No sabor orvalhado de estrelas
Para beijar-te com a poesia na boca
Para contar os sonhos que por ti criei
No tempo em que o tédio fugia de nós
E os teus olhos cobriam-me da noite
Neste caminho de pedras que submissamente
O teu corpo me tapava com flores
Para caminhar pelas pedras onde deixei
A minha alma, pois o coração contigo ficou
Para amar-te se me deixares.
NÃO
Não desistas de mim
Para que eu possa enterrar
As sombras, os medos
Que tanto me atormentam
Não desistas de mim
Para que tente agarrar todos os sonhos
Que há tanto deixei de sonhar
Não desistas de mim, por favor
Preciso de retomar o vôo
Que deixei a meio
Porque sozinho
Tenho medo de não conseguir
Não desistas de mim
Tu sabes porque eu te amo.
O TEU OLHAR
O teu olhar é uma flor
Num deserto de dunas
Onde o teu corpo
Ficou ancorado
Nas lembranças
Por florir
Das saudades
Dos teus beijos
Do teu despertar
Dos teus afagos
Que eram o perfume
Que alimenta o meu jardim
Para florir de felicidade.
CASTIGO O CORPO
Castigo o corpo deste meu desalento
Não há quem saiba do que me consome
Dores que me castigam a alma já ferida
Sofro deste mal que ao desespero me leva
Neste vazio em que me encontro tantas vezes
Sem saber porquê, que me reduz a nada
Que me emerge nesta solidão, que me seduz
Como um louco para me ofuscar nesta luz
Que me tolha a visao, faz-me andar na escuridão
Onde bebo deste maldito veneno que a vida dá
Num desespero que me conduz a tentar morrer
Para voltar a nascer, florindo como uma flor
Nas saudades de ti, sim de ti amor.
BEIJA-ME
Beija-me com a doçura
Como se fosse a primeira vez
Beija-me com a paixão
Como se fosse a última vez
Beija-me como quiseres
Sem medo de me perderes
Mas beija-me com desejo
Nem que seja em pensamento
Beija-me a cada segundo
A cada hora da tua vida
Beija-me com os teus lábios
Desejosos de tanto prazer
Beija-me no silêncio desta noite
Mas beija-me com corpo e alma
SINTO FALTA
Sinto falta de me perder
No calor do teu beijo
Que seja capaz de incendiar
Todo o meu desejo
Sinto falta de sentir
O toque da tua mão
No meu corpo
Sinto falta dos teus olhos
Que me olhes com paixão
Que me faças sentir
Como ainda sou desejada
Sinto falta de um abraço
Que me console
Que me faça sentir
Que sou a única
Sinto falta de ti
De tudo que é teu em mim.
O VERSO
O verso fechado entre as pernas
De mil chaves, de mil portas
No inferno em labaredas quem sabe
Ou nas mulheres da rua que sofrem
Com os clientes mal amados
Entre os nervos dos poetas em verso
Mulheres mal faladas da torre de babel
Pela poesia desgovernada de esferas
A poesia é uma casa de formada gente
Talvez seja quem sou eu para desmentir
Nos sonhos fatídicos de todos os poetas.
TRAGO
Trago nos lençóis as cinzas
Que deixei fugir de mim
Água de lágrimas em sangue
De secos espinhos feridos na pele
Entre o limbo de um beijo molhado
Foge-me a insurreição das ondas
Neste pecado de morte a minha
Nos fincados silêncios estes
Que envelhecem a alma
Com saudades dos teus lábios, de ti
No calor dos nossos corpos
Quando numa luta de morte
Nos entregamos ferozmente.
NUM MAR 🌸
Num mar de despedidas
Folhas tristes à minha porta
Nos pássaros já feridos
Eu serei mais uma mulher
Que anda sem pressa da idade
Vou deitar fora o meu mau humor
Para não me ferir mais no próximo
Amanhecer que estaremos juntos
E quando a loucura chegar, se chegar
Que não me traga mais solidão
Vou deixar voar as minhas borboletas
Sem perder uma simples lágrima
Entre as palavras vazias
Onde darei grandes gargalhadas
Nas folhas perdidas no outono
Pois estaremos juntos quando amanhecer.
PERDI-ME 💕
Perdi-me de ti por entre
As pedras soltas da rua
Entre vestidos de princesas
Num conto de fadas lido
E relido num luar de solidão
Das noites presas aos dias
Dos dias presos às noites
Escuras nos sonhos, nos anseios
Por entre desejos meus, teus
Gritos espalhados pelo vento
De tantos beijos dados
Que me tombam do regaço
Flores, flores dos belos tempos
Em que o amor floresceu em desejo.