Amizade nova
Mesmo eu lutando pra não pensar nele, eu não lutava pra esquecê-lo. Eu tive medo que - tarde da noite, quando a exaustão pela falta de sono quebrasse minhas defesas - que eu acabasse me dando por vencida. Eu tive medo que minha mente fosse como uma peneira, e que algum dia eu não lembrasse mais a cor exata dos seus olhos, a sensação do toque da pele fria dele, ou da textura da voz dele.
Eu podia não pensar nisso, mas eu precisava me lembrar disso. Porque só havia uma coisa na qual eu precisava acreditar pra ser capaz de viver - eu precisava saber que ele existia. Isso era tudo. Tudo mais podia ser suportado. Contanto que ele existisse.
O amor não funciona desse jeito, concluí. Depois que você gosta de uma pessoa, é impossível ser lógica com relação a ela.
Eu parecia uma lua perdida - meu planeta destruído em algum cenário desolado de cinema-catástrofe - que continuava, apesar de tudo, a rodar numa órbita muito estreita pelo espaço vazio que ficou, ignorando as leis da gravidade.
De muitas maneiras verdadeiras, eu o amava. Ele era meu conforto, meu porto seguro. Naquele exato momento, eu preferia que ele me pertencesse.
Vivo num mundo, cheio de gente fingindo ser o que não é. Mais quando estou com você, sou quem eu quero ser.
Eu escancarei a porta – ridiculamente ansiosa – e lá estava ele, meu milagre pessoal. Meus olhos acompanharam suas feições: o quadrado do queixo, a curva suave dos lábios cheios – agora retorcidos num sorriso –, a linha reta do nariz, o ângulo agudo das maças do rosto…
Deixei os olhos para o final, sabendo que, quando olhasse dentro deles, talvez perdesse o fio do pensamento. Eles eram grandes, calorosos como ouro líquido, e emoldurados por uma franja grossa de cílios escuros. Olhar seus olhos sempre fazia com que eu me sentisse extraordinária – como se meus ossos tivessem virado esponja. Eu também ficava um pouco tonta, mas isso devia ser porque eu me esquecia de respirar. De novo.
O verdadeiro amor estava perdido para sempre. O príncipe nunca voltaria para me despertar de meu sono encantado com um beijo. Eu não era uma princesa, afinal. Então, o que eu dizia o protocolo dos contos de fadas sobre outros tipos de beijos? Do tipo comum, que não quebra feitiços?
Contos de fada não falam apenas sobre casar com principes encantados, falam sobre realizar seus sonhos.
"Todos já amamos, mas só sabemos que não é amor de verdade quando tudo acaba.
E se não existir um cara?
Ou dois, ou três, ou quatro, ou cinco?
E se o amor de verdade não existir e estivermos com medo de admitir isso?
Nós nos produzimos, fingimos ser algo que não somos, viramos nossa vida do avesso e nos perdemos em algo que sonhamos ser melhor do que o que achamos que somos.
E se aquilo que procuramos simplesmente não existir?
Por que tudo tem que ser tão... apenas tão?"
"Você namoraria o seu melhor amigo?"
Os verdadeiros amigos procuram conhecer nossa história. E nos ajudam a discernir os propósitos de Deus na nossa vida. Isso é amizade fiel semelhante à de Jônatas e Davi. Precisamos de amigos que participam da nossa história.
Naquele dia eu me dei a você, não foi momento, curtição... E nada me magoou tanto quanto o seu desprezo a toda aquela história.