Amizade nova
" Nenhum canto, de dó
São muitas vozes para ecoar congado
São muitas vozes nesta marujada
São muitas vozes neste nosso soul
deixa eu te funk mostrar
deixa eu sambar
revidar o estrago"
" O povo negro resiste
no saciar da sede
que mata na seiva
das próprias raízes
um fazer plantar
fulô
dignidade
através da dança
germinadas ao suor
que escorre da bruta labuta
buscando no seu penoso caminhar
experimentar do sabor da fruta
da polpa
do paladar
do direito pleno às oportunidades
sobre os solos férteis da igualdade "
" aqui jaz
sambando endosso
te funk na cara
melodia rara
negra graduadamente
dominando a fala e a palavra
são denúncias líricas
de uma favelada "
" foi meu vô que contou
que por essas terras
entre congonhas e serras
habita
imerso as neblinas
filho de Nova Lima
das riquezas das minas, ipês e trilhas
qualidade de vida,
essa gente
come quieto e sofrida
carrega no peito a certeza
herdam seus filhos a maior das grandezas
não se extrai de si a bondade
honestidade
a velha e boa vontade
mora nos filhos de Nova Lima
retidão pra seguir a vida
gerações floresceram
das profundezas das minas "
" de um tanto
e só
nem um canto
de dó
são muitas vozes
para ecoar congado
são muitas vozes
nesta marujada
são muitas vozes
neste nosso soul
deixa eu te funk mostrar
deixa eu sambar
revidar o estrago
Evaristo grita através da escrita
e nos convida
a revidar
não repita a história que te assassina
não aceite a sina
siga "
universalizar o amor
feito a luta
de maior valor
repararia
milhões de negras
que há ( Marias )
e nunca amou
Há muito tempo sou adepta dos anos contados em histórias. Ninguém conta a vida de verdade em anos. Não são, por exemplo, trinta escolas, trinta casamentos, trinta amigos e trinta tristezas. Até podem ser trinta anos, mas não são os anos que nos trazem significados. E sim as dores, as marcas que a vida deixa e nos faz contar e recontar o que aprendemos com elas. Mas entre tantos antes e depois, sempre há um melhor e um pior de mim. Um que fica para trás e outro que vive no presente.