Amigos Antigos

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Os antigos retratos de parede
Não conseguem ficar por longo tempo abstratos.

Às vezes os seus olhos te fitam, obstinados.
Porque eles nunca se desumanizam de todo.

Jamais te voltes para trás de repente:
Poderias pegá-los em flagrante.

Não, não olhes nunca!
O melhor é cantares cantigas loucas e sem fim...
Sem fim e sem sentido...
Dessas que a gente inventava para enganar a solidão
dos caminhos sem lua.

É um daqueles amores antigos que a gente nunca esquece. Sabe?

Contam os livros antigos uma lenda que fala do amor de uma estrela pelo sol - a lenda do girassol.
Dizem que existia no céu uma estrelinha tão apaixonada pelo sol que era a primeira a aparecer de tardinha, no céu, antes que o sol se escondesse. E toda vez que o sol se punha ela chorava lágrimas de chuva.
A lua falava com a estrelinha que assim não podia ser, que estrela nasceu para brilhar de noite, para acompanhar a lua pelo céu, e que não tinha sentido este amor tão desmedido! Mas a estrelinha amava cada raio do sol como se fosse a única luz da sua vida, esquecia até a sua própria luzinha.
Um dia ela foi falar com o rei dos ventos para pedir a sua ajuda, pois queria ficar olhando o sol, sentindo o seu calor, eternamente, por todos os séculos.
O rei do vento, cheio de brisas, disse à estrelinha que o seu sonho era impossível, a não ser que ela abandonasse o céu e fosse morar na Terra, deixando de ser estrela.
A estrelinha não pensou duas vezes: virou estrela cadente e caiu na terra, em forma de uma semente.
O rei dos ventos plantou esta sementinha com todo o carinho, numa terra bem macia. E regou com as mais lindas chuvas da sua vida.
A sementinha virou planta. Cresceu sempre procurando ficar perto do sol. As suas pétalas foram se abrindo, girando devagarzinho, seguindo o giro do sol no céu. E, assim, ficaram pintadas de dourado, da cor do sol.
É por isso que os girassóis até hoje explodem o seu amor em lindas pétalas amarelas, inventando verdadeiras estrelas de flores aqui na Terra.

Os antigos dizem: "O que os olhos não vêem o coração não sente."
Eu porém digo: " Quem aos olhos não olha, o coração não sente!"

Deixar antigos amores de lado nunca foi uma tarefa fácil. Passamos por isso inúmeras vezes e, ainda assim, continuamos a amar.

Ai você olha fotos.. lê antigos email's... olha.. olha.. olha e vê... Vê que você se iludiu por que quis, já que tudo estava tão claro.. Mas o amor tem essa mania de deixar tudo mais colorido... como se usassemos uns óculos com lente de arco-íris... quando o retiramos, notamos que nem tudo era tão vibrante e tão bonito...

Os amores antigos, foram apenas rascunho do que eu sinto por você.

Eu tive tantos nomes. Nomes antigos que só o vento e as árvores podem pronunciar. Eu sou a montanha, a floresta e a terra. Eu sou... Eu sou um fauno.

O medo de recomeçar está na carência de hábitos antigos, não se prenda ao que te impede de olhar para frente e enxergar novos horizontes.

O preço pago pela rebeldia, desobediência e idolatria dos povos antigos contra Deus era assolações, devastações, escravidão e morte.

As coisas mudaram
As nossas faces estão envelhecendo, mas nos antigos retratos tão jovens, vivendo um amor imediato, apenas recordações daquele antigo retrato...
O céu azul, o gramado verde, nós dois caminhando como se não houvesse mais nada ali...
Dias perfeitos de curtas férias de verão...
Dias perfeitos, hoje perdidos entre lembranças de uma antiga jovem ainda apaixonada.

"Em meio a antigos textos encontro fragmentos de mim."

OS RIOS


Do poeta americano Langston Hughes: "Eu conheço os rios. Conheço rios tão antigos quanto o mudo, mais velhos que o fluxo de sangue nas veias humanas. Minha alma é tão funda como os rios. Me banhei no Eufrates, na aurora da civilização. Fiz cabana nas margens do Congo e suas águas me cantaram canções de ninar. Vi o Nilo e construí as pirâmides. Minha Alma se tornou tão profunda como os Rios".

Sei que ela não me ama, mas demonstra algo mais sincero do que todos meus antigos amores...

Também as estrelas eram viajantes do tempo. Quantos destes antigos pontos de luz eram ecos de sóis agora mortos? Quantos tinham nascido cuja luz ainda não nos chegara? Se todos os sóis desaparecessem, menos o nosso, quantas vidas demoraríamos até percebermos que estávamos sós? Sempre soube que o céu estava cheio de mistérios – mas só agora me dera conta de como a terra também o estava.

As vezes é preciso abandonar os velhos hábitos e esquecer antigos pensamentos que nos impede de crescer,aceitar as mudança que o tempo impõe,caso contrário seremos condenados a viver nos padrões rígidos da nossa própria conduta,onde os amigos se despedirão,deixando a amarga solidão ocupar o espaço daquilo que poderia ser modificado!
Mileidi Consalter

⁠Li algures que os gregos antigos não escreviam necrológios,
quando alguém morria perguntavam apenas:
tinha paixão?
quando alguém morre também eu quero saber da qualidade da sua paixão:
se tinha paixão pelas coisas gerais,
água,
música,
pelo talento de algumas palavras para se moverem no caos,
pelo corpo salvo dos seus precipícios com destino à glória,
paixão pela paixão,
tinha?
e então indago de mim se eu próprio tenho paixão,
se posso morrer gregamente,
que paixão?

BENDITOS

Abençoados os que possuem amigos, os que os têm sem pedir.
Porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende.
Amigo a gente sente!

Benditos os que sofrem por amigos, os que falam com o olhar.
Porque amigo não se cala, não questiona, nem se rende.
Amigo a gente entende!

Benditos os que guardam amigos, os que entregam o ombro pra chorar.
Porque amigo sofre e chora.
Amigo não tem hora pra consolar!

Benditos sejam os amigos que acreditam na tua verdade ou te apontam a realidade.
Porque amigo é a direção.
Amigo é a base quando falta o chão!

Benditos sejam todos os amigos de raízes, verdadeiros.
Porque amigos são herdeiros da real sagacidade.
Ter amigos é a melhor cumplicidade!

Isabel Machado

Nota: O texto costuma ser repassado com o título "Bons amigos" e com a autoria atribuída erroneamente a Machado de Assis.

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Loucos e Santos

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e aguentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que normalidade é uma ilusão imbecil e estéril.

Desconhecido

Nota: Esse texto vem sendo repassado como sendo de diversos autores, entre eles Marcos Lara Resende ou Oscar Wilde. No entanto é uma adaptação do texto “Crônica para os Amigos” de Sérgio Antunes de Freitas, publicado em 23 de setembro de 2003.

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Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.

Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles... Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências…

A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Essa mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles!

Eles não iriam acreditar! Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação dos meus amigos, mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não o declare e não os procure.

Às vezes, quando os procuro, noto que eles não têm noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.

Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos morrerem, eu desabo! Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles e me envergonho porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem-estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.

Por vezes, mergulho em pensamento sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer… Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos e, principalmente, os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus verdadeiros amigos.

Paulo Sant'Ana

Nota: Crônica intitulada "Meus secretos amigos" publicada por Paulo Sant'Ana no jornal Zero Hora de 15/04/1994 e que faz parte do seu primeiro livro "O Gênio Idiota". Muitas vezes atribuída, de forma errônea, a Vinicius de Moraes, sob o título "Amigos"

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