Ama a Ti Mesmo
Nos amores deste mundo, desde Eva, há sempre um que ama e outro que se deixa amar.
Se uma pessoa ama sem inspirar amor, isto é, se não é capaz, ao manifestar-se uma pessoa amável, de tornar-se amada, então o amor dela é impotente e uma desgraça.
Quando você ama alguém, não é aquele alguém que é especial.
Quando você ama alguém, quem é especial é você.
Que quem ama nesta vida, às vezes ama sem querer, e que a dor no fundo esconde uma pontinha de prazer.
Quem, portanto, não ama a solidão, também não ama a liberdade: apenas quando se está só é que se está livre (...) Cada um fugirá, suportará ou amará a solidão na proporção exacta do valor da sua personalidade. Pois, na solidão, o indivíduo mesquinho sente toda a sua mesquinhez, o grande espírito, toda a sua grandeza; numa palavra: cada um sente o que é.
Quando a gente ama alguém, de verdade, esse amor não se esquece. O tempo passa, tudo passa, mas no peito o amor permanece, e qualquer minuto longe é demais, a saudade atormenta, mas qualquer minuto perto é bom demais, o amor só aumenta.
Ama de igual amor o poluto e o impoluto;
Começa e recomeça uma perpétua lida,
E sorrindo obedece ao divino estatuto.
Tu dirás que é a Morte; eu direi que é a Vida.
Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer.
Circunda-te de rosas, ama, bebe e cala. O mais é nada.
Nota: Trecho de poema de Fernando Pessoa