Almas

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Todas as almas são igualmente perfeitas.

O amor é a paixão das grandes almas e faz-lhes merecer a glória quando não dá volta ao juízo.

Para as almas dotadas de boa vontade, não há na vida um minuto que não tenha o seu dever.

O aborrecimento, esse triste tirano de todas as almas que pensam, contra o qual a sabedoria pode menos do que a loucura.

É natural desejar que se faça justiça; a maior de todas as almas não ficaria insensível ao prazer de ser conhecida como tal.

A consciência não é nada nas almas onde não é tudo.

A generosidade não passa da piedade das almas nobres.

Num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra.

De todos os amores por mim vividos até hoje,
o seu foi o mais intenso.

De todas as almas,
a sua foi a mas gemêa.

De toda vontade de ficar junto,
a vontade que me domina é a sua.

De toda a ânsia de cometer loucuras,
a sua foia que mais me tentou.

De todas as esperançasem amores depositadas,
o seu foi o que teve mais crédito.

De toda a saudade,
a sua foi a mais forte.

De todos os beijos,
o seu foi foi o mais gostoso.

De todo o calor,
o seu foi o mais ardente.

Por isso de todos os amores eternos por mim prometidos,
o seu será o único cumprido a risca!

Nossos caminhos são agora um só caminho, nossas almas, uma só alma.
Cantarão para nós os mesmos pássaros, e os mesmos anjos desdobrarão sobre nós as invisíveis asas. Temos agora por espelho os nossos olhos; o teu riso dirá a minha alegria, e o teu pranto, a minha tristeza. Se eu fechar os olhos, tu estarás presente; se eu adormecer, serás o meu sonho; e serás, ao despertar, o sol que desponta.
Nossos mapas serão iguais, e traçaremos juntos os mesmos roteiros
que conduzam às fontes escondidas e aos tesouros ocultos.
Na mesma página do Evangelho encontraremos o Cristo, partiremos na ceia o mesmo pão; meus amigos serão os teus amigos, perdoaremos com iguais palavras aqueles que nos invejam.
Será nossa leitura à luz da mesma lâmpada, aqueceremos as mãos ao mesmo fogo e veremos em silêncio desabrochar no jardim a primeira rosa da Primavera. Iremos depois nos descobrindo nos filhos que crescem, e não mais saberemos distinguir em cada um os meus traços e os teus, o meu e o teu gesto, e então nos tornaremos parecidos. E nem o mundo nem a guerra nem a morte, nada mais poderá separar-nos, pois seremos mais que nunca, em cada filho, uma só carne e um só coração.
Que o homem não separe o que Deus uniu. Que o tempo não destrua a aliança que nos prende, nem os amores, o amor.
Que eu não tenha outro repouso que o teu peito, outro amparo que a tua mão, outro alimento que o teu sorriso. E, quando eu fechar os olhos para a grande noite, sejam tuas as mãos que hão de fechá-los. E, quando os abrir para a visão de Deus, possa contemplar-te como o caminho que me levou, dia após dia, à fonte de todo amor.
Nossos caminhos são agora um só caminho, nossas almas, uma só alma. Já não preciso estender a mão para alcançar-te, já não precisas falar para que eu te escute...

O beijo é:
Duas bocas que se tocam,
Dois labios que se acariciam,
Duas almas que falam a "lingua" da paixão.

Grande é a dignidade das almas, quando cada um delas, desde o momento de nascer, tem um anjo destinado para sua guarda.

Como traduzir o profundo silêncio do encontro entre duas almas? É dificílimo contar: nós estávamos nos olhando fixamente, e assim ficamos por uns instantes. (...) Houve o que se chama de comunhão perfeita. Eu chamo isso de: estado agudo de felicidade.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Ao correr da máquina.

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O ponteiro que avança no mostrador avança também nas almas. As opiniões atravessam suas fases.

Inserida por polianapb

"Você me confunde...
Confunde meus sentidos, meus pensamentos!
Confunde minha emoção, me tira o chão.
Ilumina meu olhar, me faz sorrir, me desperta a paixão.
Mistura tudo aqui dentro, bagunça meus sentimentos.
Preciso de você pra me explicar, pra me equilibrar, pra me deixar relaxar, pra me ensinar a ensinar a amar!"

Não entendo como de olhos fechados ainda te persigo, como sem te encontrar, ainda te sinto, como sem nunca te olhar ainda te vejo. Como explico a fúria que comprime os sentidos e expande as vontades nesta busca louca onde sei que não te vou encontrar. Não vale, não vale mais a pena percorrer mil caminhos, pois sei de ante-mão que já não estás. Os dedos cravam-se na casca das árvores, querem teu corpo escalar, o teu cimo alcançar para poder olhar o horizonte que teima em se ocultar detrás das copas da floresta. Não adianta correr, saltar, para tentar ao Olimpo chegar, pois o caminho é de pedras e as noites longas são escuras como breu, o frio aperta e a pele dilacera-se nas bainhas destas espadas que carrego. Não vale a pena guerrear, combater, perante ti me ajoelhar porque não me vês, o teu olhar fixa-se no mais distante ponto do Universo, estás imerso num qualquer lago morno, o frio não te corta os sentidos, não te esmaga a carne, não te arrebenta o destino, porque já chegaste, e nunca por mim esperaste.

Se fechardes os olhos, mergulhardes no silêncio, podereis encontrar-vos na imensa sala da Alma. Lá, a vida é simples como deveria de ser e a paz é simplesmente o abraço que vos envolverá.

Os aromas trazem consigo as essência, reflexos de momentos que guardamos na alma.

Absorção da envolvência

Não sei porque me fecho sobre o peito, porque guardo no silêncio este lamento que grita baixinho. É como se chorasse por dentro, como se houvesse um mar que me afogasse em mágoas que não compreendo. É nesses momentos que não consigo entender porque estou aqui, o que faço neste lugar, é nesse instante que me afogo num drama que não me pertence, que equaciono partir para lado nenhum. Neste sítio de onde me vejo, chamo pela salvação, como quem quer ser perdoado, espero a redenção, com a certeza que um dia virá alguém para resgatar esta alma atormentada deste poço infinito de tristeza, saudade e dor. Quisera entender esta lamúria e perceber onde a vida me tolhe, para saber como vergar-me à sorte e assumir que não sou mais que um caminhante para a morte.

Eu sei, que se um dia desejar partir, devo aguardar na estação, com as malas feitas, pela eterna viagem que há-de levar-me à consagração duma alma que de tão pesada, não se sustenta num frágil corpo de menino. Nesse dia serei apenas brisa, vento e chuva, tempestade que lavará a calçada e fará do vazio um lago cheio de tantas lembranças.

Devo conter a minha sensibilidade, para que as dores do mundo não passem a ser as minhas verdades, de outra forma anteciparei o fim do meu tempo e serei igual lamento e não esperança, serei igual tormento e não a aliança entre a felicidade e a esperança.

Antonio Almas

Inserida por SoulMoon

Na noite escura do quotidiano há sempre uma luz que anuncia a esperança. Para cada noite haverá sempre um dia.

Antonio Almas

Inserida por SoulMoon