Alegria da Vida
Por mais quanto tempo você viverá tentando conquistar coisas apenas para impressionar os outros? Não me diga que não vive dessa maneira, pois até nossas sepulturas foram projetadas por um arquiteto.
Pobres de vocês, artistas que são reconhecidos por suas almas de dinheiro, por suas peças teatrais chamadas de futilidade moderna e seu sensacionalismo barato, que de aparência possuem apenas suas máscaras de falsidade e apresentam-se num teatro que se passa a céu aberto, ao blefe de medíocres que os adoram.
Mais do que sério, não tenho a menor ideia. Se o que sinto é um frio na barriga ou um grande soco aplicado na boca do estômago. Não sei se engoli um tijolo ou se o amor causou isso.
Parece que tirar um tempo para pensar faz bem. O difícil é saber quanto tempo. Nunca sabemos se iremos renascer das cinzas, reviver o fantasma do Sol ou libertar o medo do abismo das lembranças. Viver parece justo. O que não parece justo é conviver com a tristeza da incerteza.
Metade do meu ser carrega mágoas. A outra metade, não importa, nunca importou. Possui apenas um compartimento para coisas supérfluas e ilícitas que tento esconder. Nunca me disseram que transportar morfina na alma era crime.
Acredito que já perdi tempo demais sozinho, trancafiado no meu beco escuro e entristecido da alma. Cada minuto é uma batalha constante pra ver, e ouvir. Tenho planos, pretendo conversar com pessoas, escrever um bocado de coisas que farão meu coração saltar pela boca, ou talvez, o coração de alguém. Mas dai a noite chega e eu não sei por onde começar ou, terminar o nada feito. Afinal, não costumo significar nada para a maioria das pessoas e muito menos, elas para mim.
Certas pessoas possuem uma aparência de dar inveja, mas isso acaba logo em seguida, ao descobrir que a pessoa é um túmulo repleto de palavras vazias.
Sabe o que é triste? Olhar para o relógio e ver o tempo evoluir, analisar os ponteiros e esperar que tudo seja resolvido. Mas não resolve, o tempo dá voltas e voltas e a pessoa que você tanto espera também não volta. Então você deduz que o melhor a fazer é seguir a vida, mas dai você se pergunta como e onde prosseguir. Porque entre todas as incertezas você apenas sabe que se perdeu, e agora, não consegue se encontrar.
Cuidado, pense bem antes de dizer que é para sempre, pois algumas paixões parecem igual areia movediça, quanto mais você tenta prosseguir, mais a coisa complica.
Os erros do passado fizeram ser quem eu sou hoje. Assim, descarto a possibilidade de você ter sido culpada e eu, a hipótese de tudo ter sido um engano.
Sei que ao alcançar um sonho, provavelmente vou estar mais morto do que vivo. Diferente do que as pessoas dizem, os sonhos não nos tornam fortes, deixam-nos vulneráveis. As pessoas nunca entendem a diferença entre reconhecimento e realização. Procuram notas de dinheiro achando que só porque são feitas de folhas de papel, elas serão leves e podem voar até si, mas não, nunca voam porque mãos humanas as seguram. Nunca entendem que não importa a quantidade obtida, muito menos a realização, mas o peso que você carrega na alma. Quanto mais longa for a jornada, mais os sonhos pesam. E o que antes era um sonho, agora tende a ser um pesadelo. Se sua busca era ter uma estabilidade física, prepare-se para a instabilidade da alma.
Sua integridade não é como uma parede qualquer, onde pessoas vão e picham, definem títulos, e ao passar uma tinta ficará tudo bem.
- Você já chegou no fundo do poço?
- Acredito que não.
- E como se sabe isso?
- Contando os segundos, medindo forças, ouvindo o silêncio. Porque nesse labirinto da alma, nunca se sabe de qual lado chegará a tempestade ou quando o chão irá se abrir. São apenas sinais, vestígios, como o código morse. Uma pequena distração, e o abismo sorri para você.
Qualquer coisa pode transmitir segurança: muros, grades, prisões. Mas não temos segurança nenhuma nas coisas do coração, apenas confiamos.