Ai que Saudades

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E me pego sorrindo, sozinha. E me pego nem aí para todo o resto.

E mesmo sorrindo por aí, cada um sabe a falta que o outro faz. Nunca mais se viram, nunca mais se tocaram e nunca mais serão os mesmos. É fácil porque os dias passam rápidos demais, é difícil porque o sentimento fica, vai ficando e permanece dentro deles. E todos os dias eles se perguntam o que fazer. E imaginam os abraços, as noites com dores nas costas esquecidas pelo primeiro sorriso do outro. E que no momento certo se reencontrem e que nada, nada seja por acaso.

Eu vou para a cama todo dia com 5 livros e uma saudade imensa de você. Ao invés de estar por aí caçando qualquer mala na rua pra te esquecer ou para me esquecer. Porque eu me banco sozinha e eu me banco com um coração. E não me sinto fraca ou boba ou perdendo meu tempo por causa disso.

Tem horas que eu me perco sem você aqui, aí eu lembro: tá tão longe de mim. E o meu coração grita: mas tá aqui dentro.

Confesso! Às vezes tenho vontade de sair por aí destruindo corações, pisando em sentimentos alheios ou sei lá, alguma coisa que me faça realmente merecer esse meu sofrimento no amor.

Se você quer ser minha namorada
Ai, que linda namorada
Você poderia ser
Se quiser ser somente minha
Exatamente essa coisinha
Essa coisa toda minha
Que ninguém mais pode ser
Você tem que me fazer um juramento...

Vinicius de Moraes

Nota: Trecho da música "Minha Namorada", composta por Vinicius de Moraes e Carlos Lyra

E se não dar certo hoje, não era para ser. Aí tu levanta a cabeça e vai pra guerra vencer.

Deixe-me ir, preciso andar, vou por aí a procurar rir pra não chorar.

Candeia

Nota: Excerto da música "Preciso me encontrar". escrita por Candeia e popularizada por Cartola.

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Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência a vossa!
Todo o sentido da vida
principia à vossa porta;
o mel do amor cristaliza
seu perfume em vossa rosa;
sois o sonho e sois a audácia,
calúnia, fúria, derrota...

Cecília Meireles
Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985 (fragmento).

Nota: Trecho do poema ROMANCE DAS PALAVRAS AÉREAS

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Como uma jovem rosa, a minha amada...
Morena, linda, esgalga, penumbrosa
Parece a flor colhida, ainda orvalhada
Justo no instante de tornar-se rosa.

Ah, porque não a deixas intocada
Poeta, tu que es pai, na misteriosa
Fragrância do seu ser, feito de cada
Coisa tão frágil que perfaz a rosa...

Mas (diz-me a Voz) por que deixá-la em haste
Agora que ela é rosa comovida
De ser na tua vida o que buscaste

Tão dolorosamente pela vida ?
Ela é rosa, poeta... assim se chama...
Sente bem seu perfume... Ela te ama...

Espera aí,
Nem vem com essa história
Eu nem quero ouvir
Não dá pra te esquecer agora
Como assim?
Você disse que me amava tanto ontem
Eu juro que ouvi
Calma aí!
Que diabo você tá dizendo agora?
Que onda é essa de outro lance pra viver?
Você nem pode tá falando sério
Vivi pra você
Morri pra você
Pois então vai
A porta esteve aberta o tempo todo, sai
O que está esperando? Você sabe voar
Então tá bom
É, senta e conta logo tudo devagar
Não minta, não me faça suportar
Você caindo nesse abismo enorme
Tão fora de mim
Tá legal
É, e eu faço o quê com a nossa vida genial?
Cê vai viver pra outra vida
E eu fico aqui
Na vida que ficou em minha vida
Tão perto de mim
Tão longe de mim
Pois então vai, a porta esteve aberta o tempo todo
Sai! Quem tá lhe segurando? Você sabe voar
Mas se quiser, vai
A porta na verdade nem existe, sai
O que está esperando? Você sabe voar De volta pra mim
De volta pra mim...

Refeições simples, água para beber, o cotovelo dobrado como travesseiro; aí está a felicidade. As riquezas e a posição sem integridade são como as nuvens que flutuam.

Não sou de ficar chorando por aí, pra todo mundo ver. Quando eu choro na frente de alguém, acredite, é porque cheguei ao meu limite.

Não fique aí remando contra a maré. Se não for pra ser, não vai ser.

A gente pode receber 100 elogios num dia, aí vem alguém, te ofende, e você quase cai de cama. (...)

Às vezes me pergunto se não faz parte da natureza humana essa sensação interna de sermos um blefe, por isso a valorização da crítica: é como se alguém tivesse arrancado a nossa máscara. Será?

Martha Medeiros
Crônica "Esculachos", 2010.

Nota: Trecho da crônica "Esculachos" publicada no Blog de Martha Medeiros no Donna, a 23 de abril de 2010.

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Minha ignorância, meus apegos, meu desejo, meus ódios! Eis aí, na verdade, meus inimigos.

Como eu preciso ser amada meu Deus, pra parar de dar de bandeja o meu sorriso por aí.

Sou chato e sem graça. Mesmo assim, às vezes, dá pra se sair melhor que muito palhaço por aí. Talvez seja porque os comediantes felizes não tem a menor graça. Os bons mesmo são os descontentes e atormentados, para quem a comédia é um meio de reorganizar a insignificância, a crueldade e a tolice desse mundo.

Não vou mentir pra você. Sou pobre, não faço academia e até o momento fracassei. Nesse mundo de aparências sou Politicamente Incorreto.

Não fumo, não bebo e não uso drogas. Nesse mundo de inversões de valores sou considerado Politicamente Incorreto.

Não omito o que penso ou o que acho. Nesse mundo de médias e mentiras sou Politicamente Incorreto.

Tudo que tenho é o meu pensamento. Nesse mundo, onde uma bunda vale mais do que mil cérebros, sou Politicamente Incorreto.

Dificilmente farei algo para que você pense que sou quem você gostaria que eu fosse. Nesse mundo, onde cada um quer ser Politicamente Correto dentro de sua tribo, sou Politicamente Incorreto, pois nem tribo eu tenho.

Quando me casei descobri a felicidade. Mas aí já era tarde demais.

Tom Jobim
"Filosofias De Botequim", Lauro Padilha, Clube de Autores, 2006

Fiquei triste o dia inteiro, aí você me procura, inevitável, acabei sorrindo ao ver você falando comigo. Droga, você também não me ajuda. Queria tanto ficar bem sem você, sem falar, sem contato, mas ao mesmo tempo quase morro quando você não me conta como foi seu dia.