Água Suja
De uma mesma fonte não pode jorrar água suja e água limpa. Ou é totalmente limpa, ou totalmente suja. Assim é com você. Vai viver totalmente para Deus ou totalmente para o mundo? Decida-se.
Não olhe para baixo, onde está uma pequena poça de água suja.
Olhe para cima, onde estão os pássaros, a brisa leve, o céu pintado de azul, a pipa colorida que voa, as nuvens com desenhos alegres e fofos.
E, um pouquinho mais acima, onde está Deus, que lhe ama apaixonadamente, que sorri pela obra linda que é você, que derrama cascatas de bênçãos sobre a sua vida, que lhe concede uma nova oportunidade de ser absurdamente feliz neste exato momento.
Tudo é milagre.
Não distraia seus olhos com supostas dificuldades.
Você já venceu todas elas.
...Precisa de água limpa para remover toda lama, por que água suja só fara aumentar ainda mais a sujeira, mas para que isso seja possível é necessário deixar a tempestade passar...
Os filhos bebem da água que os pais estão capacitados à dar.
Água suja, limpa ou contaminada. Da rua, do poço, da poça ou mineral. Pura, adoçada ou com misturada. Sua, de terceiros ou roubada. Da chuva, da torneira. Com gás, sem gás ou saborizada. Quente, natural ou gelada. Líquida ou sólida (gelo).
Assim é o conhecimento e educação dado pelos pais aos filhos, sempre proporcional ao que estão capacitados a dar, pois ninguém dá o que não possui.
Toda impureza que está na água suja surgiu depois de alguma invulnerabilidade. Mas ao ser tratada, filtrada, a água volta em sua essência.
Assim são as pessoas. Somos moldáveis conforme a situação que estamos vivendo. Podemos nos filtrar e mudar nossos comportamentos, voltando a ser o que éramos quando crianças, pessoas "puras", sem ódio nem rancor...
Um coração fechado e rancoroso é como uma fonte de água suja, provavelmente as pessoas encontrarão queixas e ranger de dentes. Um coração aberto e bondoso é como uma fonte de água limpa, com certeza as pessoas encontrarão acolhimento e terão a sede saciada.
por um grande amor
fiz loucuras
dormi pelas ruas
bebi agua suja
por um grande amor
lutei contra o exercito
alimentei meu ego
que valente,incontrolavel,
lutava sem pensar
so pra perto de voce chegar
Somos como um jarro que tem o poder de abrir ou fechar a ele mesmo. Jarro contendo água suja a ser diluída com a entrada das águas limpas do saber que vem do alto. A abertura ideal do jarro chama-se humildade.
Quando passa a tempestade, a água suja baixa e você vê a lama o rastro da destruição, você consegue enfim perceber o quão ínfimo e insignificante é você. Essas experiências são milagrosamente edificante para o desapego, para o reencontro do que você nunca deveria ter se distanciado. O bonito da vida é simplicidade, sinceridade e seriedade.Os três SSS
somos líquidos
densos como água
água suja
se imunda
contamina.
nos esgotamos
tal como um esgoto.
no entanto
não se engane que purificamos.
somos líquidos
densos como água.
A VALA
Dos esgotos ao riacho, a água suja levando todo tipo de relaxo humano. Aqui embaixo, no vale dos escrotos, pouco se vê daquela selva de concreto onde a vida abstrata torna a todos os cinzentos viventes robôs, inorgânicos por natureza consumista destrutiva.
Minha pele ferida pelo tempo passado dentro de manilhas ásperas e contaminadas, enfraquecida pela carência do sol, marcada pelo desespero. Considerava-me parte deste submundo de fezes e lixo, entre os ratos e as baratas, partilhava de suas rotinas o mesmo espaço, porém, hoje percebo que sou apenas mais um fruto da desumanidade, um resto inútil que um dia foi descartado.
Pelos canos rastejei buscando abrigo, porém minha presença opressora prejudica a liberdade no esgoto, não sou resto suficiente de algo, talvez seja eu restos de nada, talvez nada. O córrego de merda desperta-me o desejo de navegar, de sair pra ver o céu, respirar um pouco melhor este ar.
Principio de um desejo a jornada rumando junto à corrente, das paredes abissais escorrem desesperança, mas, o trajeto da grande valeta parece me trazer o sentimento de um futuro favorável. Segui-lo hei na minha aventura, embrenhado na pequena mata baldia sigo, e a cada passo que dou me sinto um pouco mais vivo, pelo menos, a sensação de que o coração ainda bate me conforta.
Ruídos, buzinas, freadas, sirenes, latidos, roncos, pancadas, batidas. A cidade é um monstro estranho, não pretendo compreende-lo. Deveria me assustar, apavorar, mas ele já arrancou de mim todo o medo, consumiu-me até não restar bagaço à desfazer, ando por suas entranhas como um fantasma anônimo, perdido, avulso, perambulando leve nulo desumanizado.
Avanço pela fenda cada vez mais larga, distante dos tubos, enquanto acompanho o escorrer do denso regato fétido sou observado pelos habitantes das fossas, um desirmanado só, errando extraviado de todo o resto, perdido. Mas por que julgar de tal modo o olhar curioso das criaturas? Por que estabelecer tais qualidades tão desprezíveis à mim mesmo? Talvez minha imaginação tenha sido arruinada, uma cabeça desprovida de sonhos e esperanças, uma cabeça oprimida e comprimida de forma a servir um propósito alheio não mais pensa livremente para si.
Deparo-me com uma comunidade às margens do riacho, estranhamente sinto pelos que ali vivem o horror de ser humano lixo, descartados como bosta deste monstro conhecido como cidade. O crepúsculo triste de um sol que não se vê, torna aquele lugar mais estranho. Na escuridão vejo uma tímida fogueira, queimando lixo, iluminando e aquecendo rostos anônimos a queimar e fumar a dura pedra da decepção, cravando desilusões na mente já ludibriada pelo desapontamento vívido vivido desde a infância.
Peço-lhes fogo, para atear em minha própria fogueira, longe da desesperança e do lamento, aquecerei meu desejo de seguir adiante e matarei minha sede longe do olhar desconfiado dos que receiam. O cheiro das fezes lançadas pelos tubos empesteia a noite, e não há noia que catingue tanto a ponto de nos fazer esquecer que o vale dos escrotos foi enterrado com esterco e pavimentado com ignorância.
A chuva cai sobre nós lixos, evaporando do solo toda a podridão tornando o fedido cânion um caldeirão infectado, que logo é tomado por uma enxurrada de chorume decomposto lavado das ruas levando indiferente tudo o que havia ou não pela frente.
Fui junto, tornei-me mais um corpo inchado boiando na merda removido com repulsa e enterrado com repugnância, despido de qualquer pingo de empatia tido como resíduo inútil de uma existência desnecessária.
Tornei-me lembrança passageira de alguns ratos de esgoto, o homem que foi lixo do homem, um lixo de homem na vala de lixo.
" A vingança é como dois copos com água suja, tentando sujar um ao outro. Enquanto que a justiça torna nítido a diferença entre dois copos com água em estados diferentes de pureza. "
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