Agradecimento de Fernando Pessoa
Fernando Pessoa
por Mauro Gompertz - mmgompertz@superig.com.br
Tenho me deparado no decorrer da minha vida com muitas críticas e julgamentos, tanto proferidas por mim, como em meu desfavor. Sei que essa atitude não é meu privilégio, já que esse é o padrão de comportamento da humanidade.
Acredito que isso ocorra porque, de certa forma, as pessoas se sintam agredidas com as diferenças de pensamento e atitudes existentes entre os seres humanos. Mas é bom que exista mesmo pensamentos divergentes porque caso contrário, a vida nesse planeta se tornaria aborrecida. Que graça haveria se todos concordassem em tudo? Seria como se existissem vários robozinhos programados apenas para fazerem exatamente as mesmas coisas. Não devemos ter medo das divergências, mas das unanimidades que podem esconder muita repressão. Aliás, já ouvi uma frase dizendo que “toda unanimidade é burra”. Mais do que isso, é muito saudável haver divergências de idéias, de gostos, de atitudes. Imaginem vocês se todo mundo gostasse de ser médico, como ficaria a sociedade, que precisa também de engenheiros, advogados, professores, pedreiros, dentre outros. Isso quer dizer que todos, absolutamente todos, têm suas funções sociais.
Da divergência de pensamentos surge a crítica. Uma palavrinha que quando usada na proporção inadequada pode causar muitos estragos na vida das pessoas. Muitos dizem que existe crítica construtiva e destrutiva. Eu discordo, para mim a crítica jamais é construtiva, porque se assim o fosse, seria um conselho. Bem, de qualquer forma, a crítica tem duas utilidades. A primeira é exatamente para percebermos que existem outros pensamentos além dos nossos. A segunda é notarmos que podemos sempre melhorar o nosso desempenho.
Confesso que nunca agi bem diante de críticas porque sempre achava que estava errado e os outros certos. Hoje, pelo autoconhecimento consigo conviver melhor com isso porque já não me sinto tão culpado pelas minhas imperfeições como em outros tempos.
“De mãos dadas” com a crítica vem o julgamento. E esse é o maior problema, na medida em que podemos ser extremamente duros com as pessoas pelo singelo fato de não concordarmos com as opiniões e atitudes das mesmas. Sempre tive em mente que os criticados de hoje, são os ovacionados de amanhã. Imaginem quantas críticas e julgamentos não receberam Einstein que até a terceira série era tido como um “burro”. Outros que ousaram discordar do pensamento dominante também sofreram as conseqüências de suas posições, tais como Galileu, Gandhi dentre outros, mas que hoje são tidos como pioneiros e revolucionários.
Muitas das críticas vêm exatamente de diferenças culturais. Isso quer dizer que o conceito de certo e errado depende de qual civilização estamos nos referindo. Um exemplo disso é que para a cultura esquimó quando um viajante vem visitá-lo é costume oferecer a esposa para passar a noite com ele. Se o viajante não aceitar essa oferta, o esquimó se sentirá profundamente ofendido. Outro exemplo é o costume oriental de arrotar após a refeição, como sinal de satisfação.
Mas, pior do que julgar os outros é quando nos julgamos e por conta disso nos condenamos a um profundo sofrimento. Aquelas velhas questões que nos assombram sobre o que fizemos ou deixamos de fazer, em nada nos ajudam na construção do futuro. O que passou, passou. Não podemos mudar o passado, mas com certeza, podemos transformar o futuro através do presente. No máximo, podemos utilizar o passado como experiência para não repetirmos os erros. Claro que não é fácil acabar com a culpa, mas precisamos entender que quando erramos, no dizer dos Mestres, é por ignorância, jamais por maldade.
Quero finalizar com uma mensagem sobre o julgamento, canalizada por Maria Silvia Orlovas:
“Quando você julga, você também afasta as pessoas. Quando você olha alguém e acha que este alguém está errado e imediatamente faz críticas, olha o lado negativo, vê as coisas feias que essa pessoa fala, faz, demonstra para você, você está colocando um enorme foco nessa questão.
Quando você olha o erro sabendo que é um erro, mas não se prende ao julgamento, você evolui, você se liberta e você segue o seu caminho, porque não é necessário se envolver em todas as coisas erradas que o mundo lhe mostra. Não lhe compete julgar as pessoas, não lhe compete apontar as falhas dos demais, não lhe compete dizer onde os outros estão errando. Ao contrário, as suas obrigações antes de serem obrigações com a comunidade, são obrigações pessoais.
Esteja em dia com você. Cuide do seu equilíbrio, cuide de gerar paz interior, cuide de se organizar, cuide de limpar a sua casa e os seus arredores, cuide de manter a sua energia e sua vibração em ordem. Você é responsável pelo seu bem estar, pelo equilíbrio do seu organismo, pela sua saúde. Quando algo em você não está bem, naturalmente você sentirá que algo não está bem e é desse algo que você deve cuidar; fisicamente, quando já está no corpo físico, mas mentalmente olhe para você mesmo, veja a natureza dos seus pensamentos e observe onde você está colocando a sua energia, porque o seu pensamento é o produtor do céu e do inferno no seu corpo e na sua vida. Olhe para si mesmo sem se julgar, sem ficar constantemente buscando as falhas e apontando as suas falhas, as falhas dos seus pais, dos seus irmãos, dos seus amigos, as falhas que vocês cometeram consigo mesmos. Vocês são muito cruéis no julgamento e quanto mais cruéis vocês são com o julgamento, mais cruéis vocês são com o mundo, com a vida e se fecham num mundo, num mar de crueldade, de sofrimento e de dor.
A Chama Rubi, a Chama do amor cheio de compaixão está nesse momento sendo derramada, dissolvida, diluída em luz para que todos vocês possam receber junto com a Minha mensagem, junto com Meu amor de Mãe, de irmã, de companheira no mundo espiritual. Eu também envio a vocês a sabedoria da libertação, da liberdade: O não julgamento.
O Homem deve ter o seu intelecto, a sua mente a seu serviço, não algo contrário à sua natureza.
Quando vocês se julgam de forma pesada e se prejudicam, vocês aniquilam a sua força e a possibilidade de ascensão e de libertação.
Trabalhem a sua luz, enxerguem as suas belezas, vejam a sua inteligência como um ponto luminoso com o desejo de crescer, com o desejo de evoluir, com o desejo de aprender com a vida. Isso é altamente positivo e construtivo. Não sejam escravos de suas mentes, não sejam escravos do seu corpo dolorido, não sejam escravos de seus julgamentos. Façam da vida de vocês uma vida de paz e de libertação.
A serviço da Fraternidade Branca e do Raio da compaixão, Eu Sou Mestra Nada.
Estamos no astral do Planeta emanando essa vibração de consciência, emanando essa luz.
Bênçãos e paz”.
Texto revisado por: Cris
Não! O texto (*) não é de Fernando Pessoa.
Subtítulo: A Brigada do Realejo.
A internet, soberana e autónoma, de escrita desejavelmente viva, tem – devido à comezinha coabitação das suas virtudes e dos seus defeitos – a importância de uma Maria deslavada e sem pudor, se não nos precavermos das suas bengaladas.
No passado sábado, já de madrugada, sou confrontado pelo meu amigo Bill – logo eu, que tenho mais alma de aluno que de professor –, questionando-me do lado de lá do atlântico sobre a possibilidade de um determinado texto, que anda por aí a passeio como sendo de Fernando Pessoa, não o ser.
Ele não acreditava que fosse, mas, ainda assim, um pequeno resíduo de dúvida persistia, assim, era necessário descobrir o seu autor ou ter a certeza por intermédio de fonte idónea, não ser de Pessoa.
O problema desde logo mereceu a minha melhor mas não inocente atenção, e começou a azucrinar-me a cabeça. Acontece, que não era dia das mentiras e a minha indissociável memória pulsava com a lembrança de há cerca de um ano por altura do Natal, ter tomado contacto com o referido texto e piamente acreditado ser de Pessoa, mais, com a santa ingenuidade empurrada pela senhora ignorância, até o tinha divulgado.
Assim, assumindo a instrumentalização – inocente sem dúvida – de que fora alvo e a minha parte de culpa na sua divulgação, domingo de manhã, lancei-me com genica na voraz tarefa de o descobrir, pondo à prova a minha pequena biblioteca de Pessoa que conta com uma dúzia de títulos, e népias, nem cheiro ou vestígio por menor que fosse do texto.
Muito bem… pensei, temos de descobrir qualquer coisa, a resposta terá de nos cair no regaço
Com a missão definida, qual Indiana Jones, sem cinto e em trânsito pelas estradas da informação, lá vamos descortinando de boteco em boteco, que a legião de ingénuos vai engrossando, este, o tal texto, consta por aí em dezenas de blogs, inclusive, num caso, como FrontPage de uma firma on-line. Do mal, o menos, afinal e como costumo dizer, um tolo nunca está só e a paliativa solidariedade destas coisas, sabe bem à brava.
Bem… nesta aliança luso-brasileira, iniciámos uma bem intencionada cruzada e, ao mesmo tempo, que com despudor recorríamos a amigos, enviámos e-mail para o blog “mundopessoa” da “Casa Fernando Pessoa” a pedir ajuda. No dia seguinte, pela nossa leitura da pronta resposta recebida e que logo agradecemos, sabíamos que este era desconhecido por responsáveis daquela nobre e distinta Casa. Estávamos portanto, perante um texto apócrifo com todas as letras e uma condenável injustiça póstuma.
Entretanto, o Bill continuava as investigações e, qual Sherlock de sede infrene, viria a descobrir a autoria da última frase do texto, que posteriormente teria sido apensa ao texto inicial, e também, a suposta autoria do resto do texto tresmalhado, que será de Augusto Cury, autor de Dez Leis para Ser Feliz, editado no Brasil.
A coisa ganhava contornos de uma hilariante overdose informativa, o autor da última frase estava descoberto: era “Nemo Nox” autor do blog “Por um Punhado de Pixels“. O próprio, tinha sido inquirido sobre a autoria do texto, e afirmava explicitamente que não era dele, confirmando no entanto, ser o autor da última frase que tinha publicado no seu blog a 2 de Janeiro de 2003, o que, confirmámos.
Na posse destes dados, atacamos as comunidades do Orkut, tanto de Fernando Pessoa, como de Augusto Cury, para autenticarem o texto e, dos muitos contactos feitos, recebemos até agora, sete respostas: quatro afirmam que o texto é de Augusto Cury, uma que desconhece o autor, uma que desconhece ser de Fernando Pessoa e finalmente, uma que diz ser de Fernando Pessoa.
Esta última, que provoca a troca de várias mensagens, não esclareceu em definitivo o busílis, visto que, o seu autor que na primeira resposta garantia que o texto era de Pessoa e que, até o tinha lido em LIVROS, não se manteve posteriormente tão categórico, quando confrontado com o desconhecimento que responsáveis idóneos da Casa Fernando Pessoa, tinham do texto.
Perante esta última resposta, tornava-se imprescindível – para além dos testemunhos que já tínhamos e da certeza de não ser de Pessoa –, visualizar o texto: Sherlock Bill, entra em contacto com um seu amigo livreiro que promete ter o livro de Cury na manhã seguinte. E, lá está, preto no branco, mas não se trata de um texto, trata-se de uma compilação de várias frases dispostas no final do livro, em que, a principal, como o Bill me informou, é a que inicia o texto e está na página 115 – 2º parágrafo.
Compreender não é aceitar e, por isso, retiramos daqui conclusões nada abonatórias sobre o funcionamento e a liberdade de publicação em geral, mas também, a desafiadora convicção que esperamos não seja efémera, de termos que correr atrás do prejuízo, tendo o cuidado de validar de forma mais agressiva o que publicamos e não aceitar-mos com a desmedida tolerância dos cábulas tudo o que nos chega, já que, pelo meio, podem vir as bengaladas.
O texto em questão é este:
(*)
“Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um “não”. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.”
Augusto Cury
Dez leis para ser feliz da Editora Sextante.
Ano 2003
E esta, a frase que lhe foi apensa posteriormente:
“Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo…”
Nemo Nox
Por um Punhado de Pixels.
Fonte: http://www.pessoa.art.br/?p=98
Sou igual ao que a Coca-Cola foi para o Fernando Pessoa. Primeiro ESTRANHAM-ME... Depois? Ah, ENTRANHAM-ME!
Hoje já não enxergo bem o horizonte mas quem dera poder sentar com Fernando Pessoa tomarmos um bom vinho ou uma cerveja para contar sobre as desepcões da vida é também suas maravilhas,meu excelente poeta.
FERNANDO PESSOA
Com as suas mil faces,
são tantas em uma.
Com a pura emoção
sem uma alma pequena
sonhou os sonhos do mundo.
Sempre inquietação,
mordidas aos bocados
foi feliz e infeliz
Pensando por pensar,
sua alma sofreu o tédio.
incoscientemente
coerência da incoerência
Ele foi mutação,
Alberto, Ricardo ou Álvares.
E completamente alma,
foi natural igual,
ao levantar do vento
mfp
Para ti honesto insosso de verdade!…
Citando erradamente, o Poeta Fernando Pessoa;
Disse: “pedir desculpa é pior que não ter razão”;
Deturpando, a humildade havida em na da Pessoa, boa;
Demonstrando: a burrice que em tal tem, ao ser mamão!
“Não dar desculpas, é melhor que ter razão”, adulteradas;
Citações do poeta, em Álvaro Campos, heterónimo;
Que em nada mais tais são, que as desse esperto: um simples antónimo;
Que em nada mais tais são que: humildades tão desencontradas.
Quem citar a um poeta, sem ter humildade, em si havida;
Arrisca-se a mostrar a toda a gente, que a tal não tem;
Devido a em poesia, o interior dar pra se ver bem;
Daí tão dar pra se ver, a quem tal tem, a em si perdida.
Cuida-te ó pobre insosso, ou tão salgado, em teu mau ser;
Com o que andaste a fazer, a tanta gente inocente;
Devido à linda humildade em ti se encontrar tão ausente;
Devido a pensares que de cá, jamais irás morrer!
Porque esse: pensar que anda a enganar-te;
Como tu, tão o fizeste a tanta gente;
Jamais poder, vai a ti desculpar-te;
Devido ao desculpar em ti ausente!
Tens andado a dar as do Poeta, mas sem razão teres;
Contrariando com as tais, seus pertinentes dizeres;
Por isso, pobre insosso, é por em humildade o seres;
Que a ti, tão te salgaste, com a mentira em teus fazeres.
Acredita também, que ninguém quer: um teu desculpar;
Pois como em tal citaste, não és capaz de a alguém tal dar;
Devido a tão insossa, a verdade em ti, já tão se encontrar;
Por nada mais seres que: um da mentira, tão pobre mar.
Por isso, ó pobre ser, sem humildade pra pedires;
Desculpa a quem quer seja, sempre que a culpa em ti tão vês;
Paga, mas é a quem deves, pela tua malvadez;
Paga, mas é a quem deves, pois já chega de mentires.
Com pena de ti;
Qual a importância da poesia?
Poderia fazer mil poemas em um dia
como Fernando Pessoa
que escreveu 40 em poucas horas,
em pé, em transe, e depois
disse que não sabia como fez.
Não! Afinal o que são mil poemas
dentro deste vácuo de eternidade?
Fazemos poemas assim como as crianças
fazem bolas de sabão, são instante de distração
bolhas de ilusão passageiras...
Poesias não são necessárias como são as casas
o pão e vinho, como água ao sedento viajante
Poesia é de suma importância
no mundo em que vivem os poetas
num mundo de fantasia, onde reina a paz
e a esperança, um mundo de ilusão
ao olhos do mundo...
Evan do Carmo 24/06/2016
Não há arte sem presunção, assim como não há gênio sem loucura. Diz Fernando Pessoa: "Enquanto escrevo versos sou um louco, quem sabe amanhã, se vier a calhar, serei um gênio."
A vida nos exige valentia; aliás, Fernando Pessoa já nos falava isso da Felicidade.
Valentia para acolher os desertos. Valentia para fingir que os códigos vazios que tentam nos vender nos bancos de escolas e púlpitos religiosos são de algum serventia real. A verdadeiros críticos, servem como material do pensamento. Fingir, mas na alma lutar para fazer da vida algo grandioso que muitas vezes é guardar sorrisos, Colecionar abraços e nunca esquecer uma palavra que nos despertou para a alegria sincera e verdadeira.
A vida nos exige valentia. Tornar-se um amigo de nossas escuridões, jamais um algoz que faz mais inferno em nós. Procure se aproximar de si mesmo, de seus medos, angústias, tristezas, isso, isso meus caros, é vida acontecendo. As montanhas são imponentes porque silenciosamente batalham nas suas profundidades.
A vida existe valentia. Não se despeça de suas inquietações, nem as disperse. Queira-as! Mergulhe nelas e descobrirá quão grande és! .
Hoje dia de Santo Antonio e Fernando Pessoa.
Um nasceu no dia em que o outro faleceu.
Se Santo Antonio foi Fernando de Bulhões, Frei António e depois Santo,
Fernando Pessoa foi Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro.
Um fazia milagres o outro criava poetas inteiros.
É impossível ser apenas rio. É impossível ser apenas cais.
Fernando Pessoa me ensinou, a duras penas, que viver é o exercício do impossível.
UMA PROSA SOBRE FERNANDO PESSOA
Fernando Pessoa foi um lunático, visionário, sem dúvida um esquizofrênico consciente, inofensivo e adorável. Homem subterrâneo, viveu isolado, entre aquilo que ele era e aquilo que desejava ser. Tinha, como eu, todos os sonhos do mundo. Não se achava especial, apenas superior a todos os seus contemporâneos.
Para suportar o peso do mundo inventou outros mundos, outro universo, onde ele podia facilmente se livrar do mundo real, ou pelo menos daquele opressivo em que todos vivem, onde se acham normais, pessoas comuns que se casam, têm filhos, bebem e fornicam, sem muita preocupação com arte ou metafisica.
Fernando não teve um grande amor, pelo menos não foi correspondido, por isso achava que o amor era uma perda de tempo, uma ilusão que causa muito sofrimento e dor.
Eu sou visionário, como ele, mas tenho um amor correspondido, tive filhos, publiquei mais que ele em vida. Tenho bons e maus hábitos, similares aos dele. Gosto de vinho, de café e de solidão para pensar e escrever. Sou músico, ele não foi. Vivo em uma época fascinante com muitas facilidades e distrações que poderiam muito bem me desviar do meu objetivo cósmico-divino, e com isso me diminuir, no que diz respeito ao talento do qual fui dotado. Tenho a obrigação, assim como ele de contribuir com a evolução da humanidade, no que tange ao desenvolvido cultural e espiritual do homem.
Portanto, não isento-me dessa responsabilidade, cada artista deve entender qual é sua missão, seu papel no mundo.
Não se faz necessário ser erudito, estudar em grandes faculdade, coisa que Fernando não fez, ora por não desejar isso, ora por não corresponder aos critérios exigidos na sua época. Ele poderia ter se formado em letras, mas percebeu que sabia muito mais do que seus instrutores, foi isso que lhe permitiu produzir tanto, pois sua formação intelectual era algo incomum pata qualquer mortal, ele já tinha ajuntado todo cabedal de conhecimento suficiente para compor sua obra. Este conhecimento oriundo dos livros, os quais ele lia com uma velocidade espantosa. Chegou ao ponto de dizer que não havia mais nada de interessante para ler, foi quando percebeu que era hora de observar mais a natureza e as atitudes dos homens, para completar sua magistral obra.
Eu penso assim como ele, que já li tudo que valia a pena, rejeitei, como ele a instrução formal de uma faculdade de jornalismo, onde aprendi algo muito significativo, o que é estudar. É saber ler, saber escolher o que ler... Abandonei, como ele a faculdade para me dedicar ao meu oficio, escrever, produzir conhecimento.
Fernando teve muita preocupação com o mito; leia-se Deus, religião, espiritualidade, às vezes ia muito fundo nesta busca, outra hora retrocedia e negava tudo, mesmo que por intermédio de outros, com seus heterônimos. A verdade é que ele mesmo não cria em nada além da vida, e muitas vezes duvidou de que a vida de fato fosse real, se perdia em delírios de que a vida devia ser uma grande ilusão.
De qualquer forma ele foi único a definir o mito, de forma poética e filosófica resumiu o mito e toda metafisica em uma frase: “O Mito é um nada que é tudo.”
Fernando Pessoa, mesmo não crendo em metafísica, nem em vida em outro lugar, continua vivo, e escrevendo com a mente e as mãos de muitos autores em todo o mundo.
Quem mais escreveu com a sapiência e astúcia de Fernando Pessoas, foi José Saramago. Saramago deu sequência à obra dele, boa parte do que produziu teve influência direta da mente criativa de Fernando Pessoa. Se você não sabe do que estou falando, leia este livro do Saramago. O Ano da morte de Ricardo Reis, contudo só vai inferir completamente o que eu afirmo se for capaz de se aprofundar nas obras dos dois autores portugueses geniais.
Evan do Carmo
_ Você gosta de Fernando Pessoa?
_ Gosto, mas gosto de pessoas também. Todo mundo tem um pouco de poesia na alma. Tanto faz Marias, Josés, Terezas, ou Fernandos. Eu gosto de ler "Pessoas", entende?
SONETO: FERNANDO PESSOA
Eu acho que já chega
De dar ouvidos
Às vozes que falam
As vozes do “Dragão”
Chega de fazer analogias
Chega de falar nela quando é ele
Mas eu vou continuar a ouvir
Não vou ser como os surdos
Aquela história
De que o poeta é um fingidor,
Sim, mas nem sempre
E a verdade está incutida na analogia
Ele chamou de fingimento
Eu de analogia
EM: 19/09/2021 | P. DO SUL – RJ
DESAPEGO ("A renúncia é a libertação. Não querer é poder." — Fernando Pessoa)
Zumbis são os que morreram de inveja. Várias vezes, voltaram para perseguir pessoas normais, porque eles querem muitos no inferno deles. Hoje, fui um dos mordidos de zumbi, tive sofrimentos mil, os quais me forçaram a agradecer pelo fim do dia em detrimento do amanhecer, e o sol olhando para todos o dia todo. Valorizei o fim da tarde, não o pôr-do-sol. Não vi o benefício! Restou-me só a certeza de que estou mais velho e acabado. As experiências foram desagradáveis, nada de proveitoso. E por cima de tudo, usando máscara ou focinheira, respirando mal: Co2 saindo e entrando novamente! Às vezes, eu compreendo por que muitas crianças e adolescentes não querem estudar, a cabeça dói de tanto consumirem "poluição"! E chego a pensar que são eles os sábios da história, são deles que devemos aprender, pois a alienação deles os faz felizes! Caem e nem sabem onde tropeçaram. A cegueira branca ainda não me atingiu por completo. Como eu queria não ver o que me aflige para não sentir a raiva dos zumbis! E outra, pelo menos são diferentes dos que pensam ser moralmente corretos. Quem se atreve chamar de burro os que são livres da sopa de letras e do cabresto dos letrados? Quem não nasceu para estudar, levante a mão! (Cifa
Em concordância a Fernando Pessoa, a quem, por só essa poesia, já considero um gênio – Autopsicografia – O Poeta é um fingidor.
Poema concordante
O poeta é fingidor sim, Fernando, que finge ser coerente
Quando coloca em suas rimas, palavras que não tão quentes
E de palavras tão belas, que o peito transbordou
Chegam emocionar coração que nunca jamais um dia te amou
Sente a dor e a transmite, de uma forma diferente
Não dor de remédio ou ais, vinda em momento carente
Mas dor que só se enternece, por um momento envolvente
Lágrima que sempre revela, por tão alegre emoção
Nem por lida nem sentida, mas que lhe surge da mão
Por leitura não tão formada, em que se fecha a razão
Dores lidas e escondidas, surge em terceira visão
Duas doem que só lidas, deram tristes ares n´autor
Mas só terceira escolhida, mostra em leitura sentida
Aquela na qual descobriu, havia uma versão não sentida,
A versão que fabricou.
Não finge com sentimento nem com representação
Mas em palavras surgidas também fruto inspiração
E segue o comboio de corda agradando sempre o feitor
Dando voltas ilusórias em busca de um sonhador
Qual cantante se alegra em troca, troca tão somente de amor
E rodando a calha de rodas nas águas puras sem cor.
Caso se prove em verdade tudo o que o poeta não diz
Que a mentira se declare, já que se forma em raiz
Êta, dor! Que se declara, por emoções sem as ter
Só um poeta tem fala, da qual a ninguém entender
Poema se interpreta em nuvens e foi feito pra brindar
Não adianta entender o que foi feito para amar
Veja agora, estou brincando, com as palavras jogar
E se escreve fingimentos sem a verdade querer
Se escreve também das verdades, escondidas sem saber
Verdadeiramente ou fingido, só vendo em seu coração
Volta e meia incontido volta e meia um vilão
E mesmo que esteja ao vivo, mas se declara silente
A dor que não sente dor é a dor que mais ele sente.
OSFigueiredo
Existe um sentimento comigo
Que não sei como sentir
Talvez como Fernando Pessoa
Se o pudesse medir
Sonhos de manhã ao acordar
Lágrimas de dor na almofada
Conjugação do verbo amar
Pretérito imperfeito de uma vida mal interpretada
Mas medir o que não existe
Torna difícil a tarefa
De um fingidor que persiste
Em usar o fingimento do poeta
Finge que não existe e mantém fechado
Cada letra escrita em vão
De um poema bem guardado
No cantinho do seu coração.