Agradecimento de Amor

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O amor-próprio é o maior de todos os lisonjeadores.

A fé é um condão. Mas o bom trabalho, no amor do ideal, dá a fé. Não há trabalho no sentido verdadeiro sem fé.

Dificilmente a divindade concede amor e sabedoria.

Nada no mundo é mais doce que o amor, / e depois dele é o ódio a coisa mais doce.

É o amor que decide todo o ser humano.

amor de verão
pipa rompeu a linha
fugiu com o vento

longe noite escura
uma viola
amor murmura

O amor de uma mulher é incompatível com o amor da humanidade.

Ninguém sente em si o amor que inspira e não comparte.

Camilo Castelo Branco
BRANCO, C., Amor de Perdição, 1862

Deus fez o coito, o homem fez o amor.

O amor mais obcecante para alguém é sempre o amor de outra coisa.

O começo e a terminação do amor defrontam-se uma à outra, como enigmas.

O amor é como as epidemias: quanto mais o tememos, mais expostos a ele estamos.

Amamo-nos sobre tudo, e aos outros homens por amor de nós.

Por mais descobertas que se tenham feito nos domínios do amor-próprio, ainda ficarão muitas terras por descobrir.

Qualquer amor encerra um abismo, que é o prazer.

O amor lança fora o medo, porque o medo produz tormento. Aquele que teme não é aperfeiçoado.

Amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus.

O Medo do Amor

Medo de amar? Parece absurdo, com tantos outros medos que temos que enfrentar: medo da violência, medo da inadimplência, e a não menos temida solidão, que é o que nos faz buscar relacionamentos. Mas absurdo ou não, o medo de amar se instala entre as nossas vértebras e a gente sabe por quê.

O amor, tão nobre, tão denso, tão intenso, acaba. Rasga a gente por dentro, faz um corte profundo que vai do peito até a virilha, o amor se encerra bruscamente porque de repente uma terceira pessoa surgiu ou simplesmente porque não há mais interesse ou atração, sei lá, vá saber o que interrompe um sentimento, é mistério indecifrável. Mas o amor termina, mal-agradecido, termina, e termina só de um lado, nunca se encerra em dois corações ao mesmo tempo, desacelera um antes do outro, e vai um pouco de dor pra cada canto. Dói em quem tomou a iniciativa de romper, porque romper não é fácil, quebrar rotinas é sempre traumático. Além do amor existe a amizade que permanece e a presença com que se acostuma, romper um amor não é bobagem, é fato de grande responsabilidade, é uma ferida que se abre no corpo do outro, no afeto do outro, e em si próprio, ainda que com menos gravidade.

E ter o amor rejeitado, nem se fala, é fratura exposta, definhamos em público, encolhemos a alma, quase desejamos uma violência qualquer vinda da rua para esquecermos dessa violência vinda do tempo gasto e vivido, esse assalto em que nos roubaram tudo, o amor e o que vem com ele, confiança e estabilidade. Sem o amor, nada resta, a crença se desfaz, o romantismo perde o sentido, músicas idiotas nos fazem chorar dentro do carro.

Passa a dor do amor, vem a trégua, o coração limpo de novo, os olhos novamente secos, a boca vazia. Nada de bom está acontecendo, mas também nada de ruim. Um novo amor? Nem pensar. Medo, respondemos.

Que corajosos somos nós, que apesar de um medo tão justificado, amamos outra vez e todas as vezes que o amor nos chama, fingindo um pouco de resistência mas sabendo que para sempre é impossível recusá-lo.

Martha Medeiros
Crônica "O Medo do Amor", 2003.

Nota: Texto originalmente publicado na coluna de Martha Medeiros, no website Almas Gêmeas, a 24 de novembro de 2003.

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Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...

Aguinaldo Silva

Nota: Trecho de fala de um personagem da novela Fera Ferida, de Aguinaldo Silva. Muitas vezes atribuído de forma errônea a Pablo Neruda.

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