Agora
Guardei toda revolta que eu tenho para um momento mais oportuno, agora, só quero provar a leve brisa que toca a pele de dentro pra fora.
Peguei todos os rótulos, amassei e mandei pra reciclagem. Agora cada um é um, sem nenhum padrão do que é ou não, segundo a lógica humana.
“Vou tratar meus anseios com algum profissional do pensamento. Agora estou muito ocupado pensando
no que meus seguidores acharam do minha última postagem.”
Não julgo mais os invejosos, pois assim me assemelharei a eles, agora eu apenas vivo, enquanto eles pavimentam o chão que eu piso.
Agora entendo porque na inquisição foi tão fácil os alquimistas da idade média enganarem a igreja. Atualmente, a massa continua nadando no raso, por algum motivo maior é assim que tem que ser.
Vou organizar um bota-fora da minha vida de agora, pra que no fim da jornada eu não tenha perdido a hora.
Deixa eu te contar uma novidade, do amanhã tenho saudade. Vivi agora uma vida de segundos programados, frames de uma vida orquestrada. Uma escada com degraus que elevam ao céu, da vida sou réu, do quadro o pincel que espelha s tinta, a tela é s vida, percorro veias pelo sangue que circula, sou distração pra vida dura, outro alguém que ocupa espaço e influência, direitos todos temos, mas poucos exercem, muitos se esquecem que a vida tem um porque que não procuramos. Se for busca pelo prazer racionalizar e o que nos impede de viver.
escrevi versos de amor quando joguei fora os de dor, agora que vejo a cor, me inspiro com a flor, observo o brilho da luz natural, que ilumina o dia, que traz a tona a vida, me indignaria se um dia o que eu mais desejasse fosse dizimado, minha alma em frangalhos, não valia cascalhos, mas era mais um macaco no galho.
Trabei batalhas com o amor armado com a razão. Permiti calor e frio, agora sou mais um a preencher o vazio.
Contamos o tempo para iniciar e encerrar ciclos, porém existe apenas o agente o agora, ciclos servem apenas para contarmos histórias.
Convivo com minhas aporias, só existe o agora, tudo é parte da história da memória, fracassos e glórias, minhas manias, escrevo trechos entre linhas enquanto me preocupo com minha vida, não sei se sou apenas mais um egoista, nessa corrida maluca pela vida, nascemos cada um em uma posição na pista, de alienado a alquimista, senso comum ou reflexão de “o por que estamos vivendo a vida?”, mas o que é viver?, se morremos a cada segundo de segunda a segunda nessa desassociação do ser.
Enquanto o inimigo trama, vivo minha vida focando no agora antes que eu olhe pra trás e veja que o que construí foi apenas a inveja que causou a minha autodestruição.
Cansei de ser racional, “agora vou viver feito animal”, vou sobreviver e viver pelo prazer pra preencher o meu vazio existencial. Olhares marcantes, livros que salvam almas solitários na estante. Sou cada instante, semblante. Guiado pelo o que acredito vou adiante. Fruto de nove meses de gestação, se minha vida não tiver sentido sou mais um filho do acaso, escapo do raso quando reflito. Tralhas são objetos em excesso ao qual não complementam o que sinto. Não se trata apenas de ter. Viver é aprender, se dedicar a cada dia que passa, olhando para erros e acertos, lealdade e trapaças, sorriso ou lágrimas, seja drama ou piada, a vida tem suas nuances. Clamo aos DEUSES por saúde, mas sei que pra um sorrir muitos tem que chorar. A vida tem dessas, só se ganha quando algo se perde, medimos cada passo depois de muitos tropeços. Somos falhos, vivemos daquilo que vemos ou ouvimos, sentimos medo do desconhecido, minha curiosidade é: “do que que vale ter autenticidade nesse mundo de vaidade que tudo gera disputa interpessoal”? Minha luta é pela vida real que vai além das aparências do que vivemos, quando sonho tenho a impressão que é realidade, tudo que penso é fruto da verdade, se erro sou pego; vivendo, aprendendo, querendo, absorvendo, clareza, beleza, imagem, prazeres… somos mais que afazeres, obrigações, cifrões - somos vivências esquecidas após deitar no caixão. Vou eternizar meu nome igual a Cristo, incentivar o cego a enxergar, o inválido a andar. O rancoroso a amar. Nossa vida é uma chama que está prestes a apagar. Somos flagrâncias que ficam no ar. A criança que questiona, o velho que aceita. O jovem que bate de frente, a pessoa que sente, a saudade que machuca, a saúde que ajuda, a maldade que nos julga, a bondade quer ajuda.
Eu queria ser melhor pai que o meu pai, ele trabalhava de mais, e agora eu trabalho por todas as horas que ele trabalhou sem amar o que faz.