Agora
OLHOS SEM LÁGRIMAS
Ai, se eu tivesse lágrimas para chorar...
Mesmo agora a brotar
Como duas fontes fortes, sem parar:
Eu inundaria os leitos
Secos dos rios,
E os peitos
Sem leite para amamentar
Os filhos com fome, já frios.
Ai, se os meus olhos
Sem escolhos,
Quisessem agora chorar
Copiosamente,
Amargamente,
Como ondas de fúria que brotam do mar:
Eu, regaria as flores do meu coração
Da paixão,
Tão tristes, tão coitadinhas
Cada vez mais a mirrar,
A secar,
Pobres tristinhas.
Ai, se eu tivesse outra vez lágrimas,
Já nem sabia chorar!
Carlos De Castro, In Há Um Livro Por Escrever, em 05-12-2022
FOTOGRAFIAS
Ó linda musa das minhas fotografias,
Por onde andas agora, amor silvestre?
Bati em ti tantos flashs de alegrias,
Mesmo quando na objetiva me bateste.
Lembras-te quando do ângulo me fugias,
A correr atrás da cansada borboleta?
Nem notavas que eu depois por outras vias,
Batia a câmara a captar melhor careta.
E neste vai e vem de fotos de gaveta,
Só me lembrei de ti, infeliz, ao ver-te
A chorar, em nova, com cara de pateta.
Se do mundo ainda fores um ser vivente,
E te restar alguma faúlha de vergonha,
Lembra-te de mim, sempre, mulher peçonha.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 09-01-2023)
MULHER PÃO
Tudo o que é mulher me fascina.
Pobre amante que fui na rota ida,
Assaltam-me agora ilusões à partida
Como se fosse o pão da vida,
Tornado alimento único desta sina.
Porque professo tão incerta doutrina?
Quero apenas e tão breve confessar
Que se não houvesse mulheres de amar
Na verdadeira entrega de par em par,
Eu teria já morrido à fome na rotina.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 25-01-2023)
LEVANTAI-VOS
Erguei-vos, ó almas massacradas idas,
Levantai-vos agora de mastro erguido
Como o pau das caravelas das investidas
Que vos roubaram a liberdade sem sentido.
Que heróis seriam agora os matadores,
Homens sem estrada,
Sem rumo,
De uma bravura louca, exacerbada?
Apenas peças de xadrez seis,
Dos reis e gentes de outras greis,
Em aventuras mesquinhas
Na mesa jogadas ao acaso
Decidido o abate no xeque-mate,
Dos negros, índios e raças de outros sóis
Idas brancas, tostadas e mongóis.
E assim , pergunta um poeta ao mundo:
Será que o descobrir é mais profundo
Que achar por sorte das encruzilhadas
Terras havidas, nascidas e já achadas?
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 04-02-2023)
VAZANTE
O rio.
O Douro.
O meu tesouro.
Está agora
E por hora,
Na vazante.
Nem se nota por instante,
Na ribeira
Desta praça primeira
De gritos
E de apitos
Aflitos,
Nas gargantas
De tantos pregões
Das mulheres de colhões.
De flores vindas do horto
À falta de melhores
Neste granítico Porto
De abrigo
Que dá castigo
Para quem não torcer
Como eu torço
Com a couve do meu troço.
(Carlos De Castro in Há Um Livro Por Escrever, em 22-03-2023)
PRAIA DA NOSTALGIA
Só te vejo agora pelas tecnologias
Que me mostram marés cheias
E outras tantas coisas vazias
Num vazio tão triste de ideias.
Corpos pequeninos na praia distante,
Que já foi só nossa nas noites frias
De gente comigo, na areia escaldante.
Que saudades quando nela eu indo
Na cíclica maré da baixa-mar,
Tanta areia havia para levantar
Milhões de castelos para albergar
Os amantes dos amores proibidos.
Agora, após longos anos idos,
Ainda te amo, mas de forma estranha,
Praia de areia do mar dos meus sentidos,
Eras a menina dos olhos meus,
Quando a tua beleza era tão tamanha
Que até um dia foste pintada por Deus.
(Carlos De Castro, In Há Um Livro Por Escrever)
OUTONO SEM COR
Dantes, eram cores e terra em sono.
Eram paletas de inebriar no outono.
Agora, não sei porquê,
Ele já não pinta nem dorme
Nem come com fome.
Será que ele vê
O mundo mais estarrecido,
Que já nem folhas deixa no chão,
Quase todas tombadas no verão?
Que outono este, tão distraído…
E eu que queria tanto pintar
Talvez mais até borrar
Uma tela,
Simples, singela,
Com cores mágicas de encantar.
A minha musa inspiradora
Do outono multicor,
Sumiu-se farta da pose,
Nervosa pela neurose
Do mau pintor
Plebeu,
Que sou eu.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 26-09-2023)
O VENTO A ÁRVORE E A CASA
Tarde de sábado.
A depressão do tempo castigava.
Agora, chamam depressão
Ao tempo mau que faz.
Porque não!?...
Mas o vento é sempre rapaz
E as árvores também femininas
Quanto velhas mais meninas.
Com a diferença que o vento
Tem agora mais lamento
E as árvores amém,
Nestas tardes sem ninguém.
O vento soprava,
A árvore balançava
Sobre a humilde casa.
Era aí que ele habitava,
Um homem pobre,
De rosto nobre.
Invocou os deuses dos ventos
E dos contratempos
A ver se a borrasca amainava.
Qual quê!?...
O vento insistiu,
A árvore caiu
E a casa humilde ruiu.
E ele deixou de acreditar
Nos deuses dos ventos
E contratempos.
Abriu os braços e pôs-se a voar.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 29-10-2023)
NATAL DA REVOLUÇÃO
Natal. Que revolução
Vai dentro de mim, agora:
Porque não veio o nevão
Da neve cinzenta de outrora?
Falo pelo país de mim,
Gente pobre e tão feliz,
De ser pobre e mesmo assim,
Numa esperança sem raiz.
Mesmo sem o tal nevão,
Do frio da nostalgia,
Eu prefiro ser chorão,
Que profeta da idolatria.
Haverá Natal de conceito
Sem aquela representação
Dum presépio tosco e feito,
Pela minha própria mão?
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 09-12-2023)
DEFECAÇÕES DE OUTRORA E DE AGORA
Eu era um poeta
Pateta
Sem saber
Como defecar a poesia.
Agora, que julgo saber,
Escrevo sem ser poeta
Só de ver e ler
Como escrevem a poesia,
Defecada,
Com cheiro
Por inteiro,
A nada.
Salvam-se alguns da fornada.
Quase como fúnebre elegia,
A mim, só me apetece dizer:
Ó arte da fantasia
Do pensar e escrever,
Minha irmã poesia,
Diz-me: se és tudo, ou nada!
(Carlos de Castro, in Há um Livro Triste Por Escrever, em 23-09-2024)
A poesia que faço hoje,
agora, não tem dia
nem memória.
É semente do futuro
são flores do presente
e espinhos do passado.
São lágrimas incontidas
e rastros apagados
caminhos percorridos
destinos desviados.
A poesia que ora faço
me impõe uma rotina diária
uma obrigação noturna
um regozijo, um enfado.
A poesia que faço hoje,
agora, não tem dia
nem memória
não me concede honra
nem desonra
nenhum lucro
nenhum prejuízo
apenas lucidez
... fôlego e vida.
"Agora eram só duas taças vazias
numa mesa cor de cinza
onde as ausências do vinho e do amor
se acostumavam."
A vaidade que te alimentou
enquanto corrias na primeira fase da pista,
é agora o pesoque te impede
de alcançarnova conquista.
ARCO-ÍRIS
E assim se deu, o nosso caso de amor
como uma flor que desabrocha no asfalto
agora um arco-íris se pintou
e assim se deu, o nosso caso de amor
a minha vida, quadro cinza na parede
agora um arco-íris se pintou
e assim se deu, o nosso caso de amor
ao seu lado, o meu mundo se transforma
contornos viram formas, desenhos de asa e flor
e assim se deu, o nosso caso de amor
nos seus braços tudo fica rosa
meu verso triste vira prosa
não leio mais Rimbaud
e assim se deu, o nosso caso de amor
quando você fica sem pressa sem razão
o amargo do café se adocica
como um caramelo de paixão.
Estes religiosos fanáticos, que curavam tudo, agora negam a COVID, pois descobriram que não curam nem uma #gripezinha
DISCUSSÃO
O que mais se vê agora
é uma eterna discussão
pra saber quem é melhor
neste caos sem proporção.
Um diz em tenho lábia,
outro diz sou enrolão
já fiz isso ou aquilo
para o bem desta nação.
O povo que pouco sabe
do direito cidadão
acaba comprando fácil
o jogo de sedução.
Mas ainda temos sorte
de entender a confusão
o jornal livre da globo
para instruir o povo
"Brasil em Constituição"
Tributo para Elvis
Eu pensei
que amar
fosse ilusão
mas me enganei
agora tenho um coração..
Não foi fácil
assumir esta paixão
mesmo querendo
quem dava as cartas
era a razão.
Eu nunca pensei
em amar assim
mas você mostrou
qual será meu fim.
Hoje eu sei
que não vivo sem você
pra que negar
se é com você
que eu quero estar .
Hoje eu sou
dependente
desse vc amor
você me diz
eu sou feliz
eu também sou.
Eu nunca pensei
em amar assim
mas você mostrou
qual será meu fim.
Hoje o que importa é o agora presente
Como uma sala aconchegante e amiga
Juntos brindamos à saúde e à mente
E existimos sem pressa, sem intriga
O ontem foi como um vento fugaz
Uma bruma que se perdeu no passado
Não queremos mais o que já não traz paz
E seguimos em frente sem ter afundado
O amanhã é como uma cortina fechada
Onde resistimos ao desespero
E à curiosidade, ainda não confirmada
Mas este soneto é escrito sem mistério
Pois do amanhã, ainda não se tem nada
E o hoje é tudo o que, no presente, espero
O que você está construindo em sua vida.
Faça agora, sem hesitar, os sonhos que antes não se atrevia a sonhar.
Arrisque-se, crie, desafie-se,
aproveite cada momento que a vida lhe der.
Não espere que a vida passe,
ou que as oportunidades se esgotem.
Sinta cada respiração, cada batida do coração, e não deixe nada para amanhã, nem para depois.
Não deixe que o tempo fique para trás,
pois o tempo é precioso demais.
Viva, ame, crie, faça acontecer,
e faça antes que seja tarde demais.
Com seu olhar que encanta,
Sua graça que fascina,
Minha musa, agora mais bela,
Com seu corte que ilumina.
Seu cabelo agora curto,
Sua pele mais radiante,
Minha musa, minha inspiração,
Cada vez mais deslumbrante.
Seus traços delicados,
Seu sorriso encantador,
Minha musa, minha poesia,
Sempre em meu coração vencedor.
E assim, de forma silenciosa,
Minha musa, minha paixão,
Me guia por caminhos tortuosos,
Sempre em busca da perfeição.
Assim cortou seu cabelo,
Mas nunca perdeu sua beleza,
Pois minha musa é eterna,
E sua graça é minha riqueza.