Agonia
Uma vez ouvi que o amor é como uma chama delicada, que quando se apaga some para sempre.
Essa frase entoou na minha mente por anos e nunca me esqueci dela.
Hoje reflito que essa chama no seu ápice se torna uma labareda que devasta o que encontra pela frente e mesmo apagada, ao olhar pras cicatrizes por ela deixada, nos faz relembrar e reviver a agoniante e terrível dor que uma simples chama pode nos causar.
Precisamos uns dos outros.
Esse é o único fato,
ninguém faz nada sozinho,
ninguém é feliz sozinho,
a solidão é o nada,
é a morte, é a agonia.
Às vezes, a dor nos petrifica, outras vezes o sentimento transborda em nossos olhos, deixando claro que em nós tudo é imensidão e agonia.
No brilho do dia, tudo se fez certo,
Luz da mente, na sincronicidade,
Deus me deu a chance, um raro concerto,
Mas não soube transformar em realidade.
Conhecer-te foi um dom, que desperdicei,
Não apenas sonho, anseio carnal,
Além do beijo, um amor que criei,
O:nde nem na distância, tornou-se banal.
Transcendendo a dor, em ondas de amor,
Que trazem consigo a verdadeira essência,
Busco agora, num gesto de fervor,
Tornar palpável essa conexão intensa,
Que em meio às sombras, ainda resplandece,
Na esperança de um amor que não fenece.
Wesley Caetano
A Noite
A noite em que vago
Lento, leve, pesado
Trago peso nulo nas costas
Peso, mais pesado que o mundo
O peso está na mochila
Mochila que não existe
A mochila é suja, surrada
O peso é morto, é triste
Às vezes, escapa o peso
Pela minha face desaba a mágoa
Às vezes, exponho a mochila na rua, em casa
Um grito de lamento e agonia
Ando eu em ruas, bairros escuros
Meu peito cansa, pede ajuda, em apuros
As mãos não obedecem sempre,
No meu rosto se jogam e voltam
Machucam, recupero
Desaparece, mas sempre arde
A lua se vai, o sol levanta
A noite permanece e nunca acaba
Chove, alaga, lama
Afundados meus pés permanecem
O vinho
As tralhas perversas de uma mente humana
Rodeada de ideias, pensamentos que guiam a estupidez
Perdida em uma taça de vinho
Sentimento seco e amargo
Talvez deva bebe-lo gelado
Já viu algum elefante voar?
Impossível, assim como nossos devaneios
Nossas platonisses e nossos apegos
Alma impura sem destino buscando o óbvio
Mais uma taça?
De-lhe mais um trago e desabroche
Mas se segure a queda é alta
Talves um dia eu conseguirei mostrar a potência de um grito
Um grito sublime que ecoara pelo horizonte
Que chamará as massas
Um grito preso como o meu necessita ser liberto
Gritarei por todos os cantos
"Não temas que já temestes demais
Não chore pois já chrastes demais
Não desanime, não temos o que perder
Não temosmais a quem recorrer"
Me vê outra taça
Uma que talvez me desmaie dentro da mente que me ainda é sã
Mais uma por favor
Quanta liberdade tola, será que é mesmo liberto?
Ou sera que me perdi mais uma vez
"Fuja perdido! Nãos voltes"
Para que voltaria?
Pensamentos de devaneios e loucuras
Perdido num horizonte de eventos
Como um buraco negro
Suprimindo toda a força que rodeia
Sou casca ou flor?
Sou ego ou amor?
Alegria queimada que pede a ultima taça
Taça essa que irá me quebrar que irá me destruir
Destruido continuo
Sou igual uma barata, talvez que seja asqueroso
Talvez seja nojento
Meu sangue parece ser frio mas é quente
Maldita casca
Me viram como não era
E nada fiz
Hoje nada sou
Se sou, sou pequeno
Gigante mesmo é aquele que nunca amou
Ou aquele que amou e foi correspondido
Caindo eu vou mais um dia