Afro Descendência
A expressão "certo por linhas tortas" perde o sentido se apenas vermos as linhas tortas, o certo provém da positividade.
Grato ao ano anterior mesmo com o sofrimento
Mas não lamento
Naquele ano encontrei o meu amor
E não carrego mais a dor
Acabou o lamento
Agora vivo feliz com meu casamento.
A Beira
Estou me afastando
Da Beira
Pois estou naufragando
Distante
levei uma rasteira
Da vida
Na qual nem foi vivida
Me sinto em dívida
Com a solidão
Estou triste
Com desilusão
Me afasto cada vez mais da luz
Estou caindo cada vez
mais na escuridão
Estou a imergir
Numa maré de dúvidas
Na qual não irei emergir
Pois estou me afastando
Da Beira
A estrada da vida
Um caminho com baixos
E altos
Ser forte não é difícil
Mas ser fraco é muito fácil
Em minha cabeça
A um tiroteio entre os positivos
E os negativos
Uma guerra de pensamentos
Uma guerra fria
Estou lutando para voltar
À beira
E deixar de fazer asneira
Pois estou perdido
Nesse mar
Há muito tempo
Esperando o momento
Certo para voltar à beira.
Tua ausência é saudade que aperta o peito e faz-me ansiar tua presença.
Tua voz ressoa constante na minha cabeça como minha melodia favorita.
Teus toques me fazem entender que eu nunca fui tão de alguém, como sou sua.
Sua, completamente sua.
Perco-me todos os dias na vastidão infindável do teu olhar estelar,
E me encontro logo em seguida nos únicos lábios que almejo beijar.
Querido diário, hoje, ele me pintou.
Em conjunto, fiz o mesmo.
Não foi planejado, tampouco premeditado. Apesar dos olhares trocados.
O jardim antes devastado, enfim, foi curado.
A conexão se faz presente mesmo quando há ausência de palavras.
Meu coração te sente.
Vos apresento, o meu poeta.
É a pintura mais bela que já fiz em toda minha vida, pois é ele.
Única e exclusivamente, para ele.
A minha inspiração, a minha arte renascentista.
Poderia discorrer a noite inteira do quão poesia em suas mãos eu me torno. E me tornarei cada dia que passar, conforme você me cativar.
Declaro-me aqui apesar de saber que você, muito provavelmente, nunca verá.
Mas saiba, amor meu.
Meu coração bate com o seu.
Acostume-se. Você ainda vai ouvir muitos 'eu esqueci' 'também serve para ti' e derivados. Porquê o descaso com tua pessoa será gritante ao ponto de evidenciar a notável falta de importância que você possui.
Entretanto, ainda que o pense, não será culpa sua. Você vai querer chorar. Gritar. Explodir. Vai doer e vai queimar. Mas não irá te derrubar.
Você permite que as ondas do mar te arrastem para o fundo do oceano sem nem pestanejar, enquanto você repete pra si mesmo que tudo vai ficar bem.
E por quê? Você cansou de lutar?
Seu corpo pede descanso mas a sua mente não permite.
Assim como meu corpo necessita dos teus toques
Meus ouvidos, da sua voz
Meu olhar da sua presença
E meus lábios dos seus beijos,
Meus átomos precisam dos seus.
É tanta falsidade, tanta hipocrisia, um dia andam juntas, no outro são melhores amigas , depois está uma falando mal da outra, de indiretinha em rede social. Sem capacidade nenhuma de dizer na cara, prefere ficar se escondendo atrás de indireta. Por isso que minha caminhada esta cada vez mais sozinha, estou de olho bem aberto pra essas amizades que só te procura quando tá precisando de algo, só fala quando quer, para de falar sem motivos. Mais assustador que cobra de duas cabeças é gente de duas cara.
Por que não sei mais quem sou?
Já tive tantas certezas
Agora por onde vou está vazio
Só vejo um enorme vazio
A novidade é que não consigo preencher os vazios que invadiram minha vida
O sistema limita nossa vida de tal forma que tive que fazer minha escolha: sonhar ou sobreviver. Os anos se passaram e eu fui me esquivando do ciclo vicioso, porém, o capitalismo me obrigou a ser bem-sucedido. Acredito que o sonho de todo pobre é ser rico. Em busca do meu sonho de consumo, procurei dar uma solução rápida e fácil pros meus problemas: o crime. Mas é um dinheiro amaldiçoado. Quanto mais eu ganhava, mais eu gastava. Logo fui cobrado pela lei da natureza. Vixe, 14 anos de reclusão.
Eu adoro a minha pele negra, e o meu cabelo rústico. Eu até acho o cabelo de negro mais educado do que o cabelo de branco. Porque o cabelo de preto onde põe, fica. É obediente. E o cabelo de branco, é só dar um movimento na cabeça ele já sai do lugar. É indisciplinado. Se é que existem reencarnações, eu quero voltar sempre preta.
Em triste legado da Escravidão,
A necessidade fazendo a razão.
Dói ver em cada esquina partir um irmão,
Que tombou sem direito a opção.
Protesto
Mesmo que voltem as costas
Às minhas palavras de fogo
Não pararei de gritar
Não pararei
Não pararei de gritar
Senhores
Eu fui enviado ao mundo
Para protestar
Mentiras ouropéis nada
Nada me fará calar
Senhores
Atrás do muro da noite
Sem que ninguém o perceba
Muitos dos meus ancestrais
Já mortos há muito tempo
Reúnem-se em minha casa
E nos pomos a conversar
Sobre coisas amargas
Sobre grilhões e correntes
Que no passado eram visíveis
Sobre grilhões e correntes
Que no presente são invisíveis
Invisíveis mas existentes
Nos braços no pensamento
Nos passos nos sonhos na vida
De cada um dos que vivem
Juntos comigo enjeitados da Pátria
Senhores
O sangue dos meus avós
Que corre nas minhas veias
São gritos de rebeldia
Um dia talvez alguém perguntará
Comovido ante meu sofrimento
Quem é que esta gritando
Quem é que lamenta assim
Quem é
E eu responderei
Sou eu irmão
Irmão tu me desconheces
Sou eu aquele que se tornara
Vitima dos homens
Sou eu aquele que sendo homem
Foi vendido pelos homens
Em leilões em praça pública
Que foi vendido ou trocado
Como instrumento qualquer
Sou eu aquele que plantara
Os canaviais e cafezais
E os regou com suor e sangue
Aquele que sustentou
Sobre os ombros negros e fortes
O progresso do País
O que sofrera mil torturas
O que chorara inutilmente
O que dera tudo o que tinha
E hoje em dia não tem nada
Mas hoje grito não é
Pelo que já se passou
Que se passou é passado
Meu coração já perdoou
Hoje grito meu irmão
É porque depois de tudo
A justiça não chegou
Sou eu quem grita sou eu
O enganado no passado
Preterido no presente
Sou eu quem grita sou eu
Sou eu meu irmão aquele
Que viveu na prisão
Que trabalhou na prisão
Que sofreu na prisão
Para que fosse construído
O alicerce da nação
O alicerce da nação
Tem as pedras dos meus braços
Tem a cal das minhas lágrima
Por isso a nação é triste
É muito grande mas triste
É entre tanta gente triste
Irmão sou eu o mais triste
A minha história é contada
Com tintas de amargura
Um dia sob ovações e rosas de alegria
Jogaram-me de repente
Da prisão em que me achava
Para uma prisão mais ampla
Foi um cavalo de Tróia
A liberdade que me deram
Havia serpentes futuras
Sob o manto do entusiasmo
Um dia jogaram-me de repente
Como bagaços de cana
Como palhas de café
Como coisa imprestável
Que não servia mais pra nada
Um dia jogaram-me de repente
Nas sarjetas da rua do desamparo
Sob ovações e rosas de alegria
Sempre sonhara com a liberdade
Mas a liberdade que me deram
Foi mais ilusão que liberdade
Irmão sou eu quem grita
Eu tenho fortes razões
Irmão sou eu quem grita
Tenho mais necessidade
De gritar que de respirar
Mas irmão fica sabendo
Piedade não é o que eu quero
Piedade não me interessa
Os fracos pedem piedade
Eu quero coisa melhor
Eu não quero mais viver
No porão da sociedade
Não quero ser marginal
Quero entrar em toda parte
Quero ser bem recebido
Basta de humilhações
Minh'alma já está cansada
Eu quero o sol que é de todos
Ou alcanço tudo o que eu quero
Ou gritarei a noite inteira
Como gritam os vulcões
Como gritam os vendavais
Como grita o mar
E nem a morte terá força
Para me fazer calar.
Me instiga imaginar como sua mente limitada insiste em me afrontar.
Talvez minha promissora tentativa de te entender esteja sendo frustada por sua repetida, porém inútil, audácia.