Aforismos de Nietzsche

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Sempre que um homem se dispôs a afastar-se e a isolar-se para se bastar a si mesmo, a filosofia esteve sempre pronta para isolá-lo ainda mais e destruí-lo por meio desse mesmo isolamento.

Se o cristianismo tivesse razão em suas teses acerca de um Deus vingador, da pecaminosidade universal, da predestinação e do perigo de uma danação eterna, seria um indício de imbecilidade e falta de caráter não se tornar padre, apóstolo ou eremita e trabalhar, com temor e tremor, unicamente pela própria salvação; pois seria absurdo perder assim o benefício eterno, em troca de comodidade temporal. Supondo que se creia realmente nessas coisas, o cristão comum é uma figura deplorável, um ser que não sabe contar até três, e que, justamente por sua incapacidade mental, não mereceria ser punido tão duramente quanto promete o cristianismo.

Aquilo que serve de alimento e de bálsamo para um tipo superior de homem deve ser quase veneno para um tipo bem mais diverso e inferior.

Para quem sofre, é uma alegria inebriante desviar o olhar de seu sofrimento e esquecer de si mesmo.

Não há no mundo amor e bondade bastantes para que ainda possamos dá-los a seres imaginários

Friedrich Nietzsche
100 aforismos sobre o amor e a morte. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

É preciso que não nos deixemos enganar: "não julguem" dizem, mas eles mandam tudo que atravesse seu caminho para o inferno.

Creio que aqueles que mais entendem de felicidade são as borboletas e as bolhas de sabão...
Ver girar essas pequenas almas leves, loucas, graciosas e que se movem é o que, de mim, arrancam lágrimas e canções.
Eu só poderia acreditar em um Deus que soubesse dançar.
E quando vi meu demônio, pareceu-me sério, grave, profundo, solene. Era o espírito da gravidade. Ele é que faz cair todas as coisas.
Não é com ira, mas com riso que se mata. Coragem! Vamos matar o espírito da gravidade!
Eu aprendi a andar. Desde então, passei por mim a correr. Eu aprendi a voar. Desde então, não quero que me empurrem para mudar de lugar.
Agora sou leve, agora voo, agora vejo por baixo de mim mesmo, agora um Deus dança em mim!

Friedrich Nietzsche
Assim Falou Zaratustra. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

Mudei-me da casa dos eruditos e bati a porta ao sair. Por muito tempo, a minha alma assentou-se faminta à sua mesa. Não sou como eles, treinados a buscar o conhecimento como especialistas em rachar fios de cabelo ao meio. Amo a liberdade. Amo o ar sobre a terra fresca. É melhor dormir em meios às vacas, que em meio às suas etiquetas e respeitabilidades.

Antes ser louco por seu próprio critério, que sábio segundo a opinião dos outros!

Não é falta de amor, mas falta de amizade que faz casamentos infelizes.

Os sonhos são projetados por nosso arquiteto interior,
mas a realização está em nossas mãos.

O valor de uma coisa às vezes não está no que se consegue com ela, mas no que se paga por ela - o que ela nos custa.

Enquanto houver esperança não haverá solução.

Não procure por felicidades, graças bem-aventuranças distantes e desconhecidas, mas por aquilo que você gostaria de viver de novo e por toda a eternidade.

Foram os escravos, os vencidos pela vida, que inventaram o além para compensar sua miséria. Criaram o mito da salvação da alma, porque não tinha a saúde do corpo, elaboraram a ficção do pecado, porque não podiam desfrutar das alegrias dos fortes.

Nós, homens do conhecimento, não nos conhecemos; de nós mesmos somos desconhecidos.

Alguns não conseguem se libertar dos seus próprios grilhões, mas conseguem libertar os amigos.

Um pensamento, até mesmo uma possibilidade, pode nos destruir e nos transformar.

O homem do conhecimento deve ser capaz não só de amar seus inimigos, mas também de odiar seus amigos.

O inimigo da verdade não é a mentira e sim, a convicção.