Acabou o Casamento
INTIMIDADE: PRÓS E CONTRAS
As pessoas desancam o casamento. Dizem que o amor mingüa, que o sexo começa a rarear, que a rotina é acachapante. Dizem, dizem, mas as pessoas seguem casando e mantendo-se casadas por quilométricos anos. Qual é a boa dessa história? Uma jóia chamada intimidade. Íntimos, muitos acreditam, são duas pessoas que possuem relações físicas e emocionais entre si. É bem mais que isso. Intimidade é você não precisar verbalizar tudo o que pensa, é aceitar a solidão do outro, é estarem familiarizados com o silêncio de cada um. Intimidade é não precisar estar linda em todos os momentos, não precisar ser coerente em todas as atitudes, é rirem juntos de uma história que só eles conhecem o final.
Intimidade é ler os olhos, os lábios e as mãos de quem está com você. Mais do que repartir um endereço, é repartir um projeto de vida. Não basta estar disponível, não basta apoiar decisões, não basta acompanhar no cinema: intimidade é não precisar ser acionado, pois já se está mentalmente a postos.
Intimidade é não ter vergonha de ser o que a gente é, não precisar explicar coisa alguma, ser compreendido e brigar sabendo que nada irá se romper. Intimidade é não precisar andar na ponta dos pés pelos corredores de uma vida compartilhada.
Muitos mantém-se casados por causa desse idílio que é não precisar se anunciar todo dia como um investimento seguro, podendo inclusive usar aquelas camisetas puídas e comer o "s" de um palavra no plural sem que a sua cotação desabe. Só há uma coisa ruim na intimidade: a falta que faz um pouco de cerimônia.
Calcinhas penduradas no banheiro, o telefonema sempre na mesma hora da tarde, o arroto que dispensa o pedido de desculpas, o lençol amarfanhado, a TPM todo santo mês, o mesmo perfume, as mesmas reações, o mesmo cardápio. O lado negro de um matrimônio feliz.
O casamento dá uma intimidade rara, apaziguadora, salutar. Não há máscaras nem teatro: é o habitat natural de um homem e de uma mulher que se querem como são. A intimidade salva as relações extensas, a não ser quando as corrói. Contradição maquiavélica. O melhor e o pior dos mundos, nos obrigando a escolher entre o habitual e a novidade, entre a paz e a adrenalina, entre a rede e o salto. Sedução x segurança: que vença o melhor.
Quando saber se o casamento está ruim? Quando você está engolindo sapo ao invés de comer a perereca.
Casamento
Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como “este foi difícil”
“prateou no ar dando rabanadas”
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.
Casamento é um estado de espírito
Pra começar, casamento não deveria ser um divisor de águas na vida de uma pessoa, com uma data escolhida para separar definitivamente o antes do depois.
Em vez de decidir casar, deveríamos permitir que o casamento acontecesse espontaneamente, sem que a gente nem percebesse. Comigo, sortuda que sou, aconteceu assim. Estávamos juntos havia um tempão e cada um morava no seu apartamento. Aos poucos, a cumplicidade foi aumentando, nossas roupas e discos começaram a se misturar, já não queríamos dormir separados. Não fazíamos muitos planos para o futuro, curtíamos a companhia um do outro serenamente, sem pactos nem juras de amor eterno, até que um belo dia nos demos conta de que já estávamos casados, casadíssimos, a questão era oficializar ou não. Oficializamos, assinamos os papéis, e o que mudou a partir daí? Nada. Qual é a data do nosso casamento? 13 de janeiro, 30 de março, 23 de outubro, 8 de dezembro... escolha você. Em cada dia dos nossos quatro anos de namoro a gente casou um pouquinho. O que equivale a dizer que começamos a casar no dia em que nos conhecemos: não foi um crime premeditado.
Casamento é grude? Só se o casal ambiciona o ódio mútuo. Casamento é a união de duas pessoas que têm afinidades, que gostam muito de conversar uma com a outra, de transar uma com a outra e que resolvem morar juntas porque é mais econômico e porque facilita na hora de ter filhos, que é uma aventura deliciosa a ser compartilhada. Se ambos estiverem de acordo quanto a isso, aceitarão com naturalidade que cada um tenha os próprios amigos, os próprios passatempos, suas viagens, seu trabalho, enfim, que sejam donos de uma vida individualizada e inteira, e não mutilada. Leva-se um tempo até descobrir que esse é um arranjo que funciona. Pena que, antes que o casal amadureça e chegue a esse ponto, muitos desistem por puro apego às convenções.
Você deve estar pensando: muito bem, e agora? Ela vai continuar enrolando ou vai tocar naquele ponto nevrálgico que implode a maioria das relações?
Não, ela não vai continuar enrolando. É hora de falar na dolorosa. A questão da fidelidade.
Se Jennifer Aniston continuar casada com Brad Pitt por mais dez anos, até ela, com aquele monumento em casa, vai começar a bocejar e a olhar impaciente pela janela. Não porque Brad Pitt tenha dentes feios e espinhas no rosto (foi o Rubens Ewald que disse isso; pra mim Brad segue perfeito). A razão será outra: amor e sexo não são da mesma família. O amor é de família nobre e tradicional, enquanto o sexo vem da periferia e é chegado numa promiscuidade. Nem os sentimentos mais elevados por nosso parceiro conseguem evitar que tenhamos desejos secretos e fora de hora. Desejar é humano, meritíssimo, não nos condene. Estranho seria se a gente não tivesse nenhuma fantasia, nenhuma excitação pelo que acontece do lado de fora da cela.
Homens sentem vontade de transar com outras mulheres, e mulheres sentem vontade de transar com outros homens pelas mais diversas razões: para testar seu poder de sedução, para dar um up na auto-estima, para recuperar a adolescência perdida ou porque se apaixonaram por outra pessoa inadvertidamente - arrisco até a dizer: inocentemente. Ninguém tem controle absoluto sobre si mesmo, pode acontecer com qualquer um. E aí, como se resolve?
Quem é temente a Deus reprime. Quem é temente aos olhos dos vizinhos reprime. Quem é temente a si mesmo reprime. Mas quem não quer passar o resto da vida privando-se de sonhar, de se encantar, de namorar outra vez encara e assume os riscos, que não são poucos. Muitos acabam se separando, mesmo tendo um casamento que era satisfatório. No entanto, a tal "pulada de cerca" às vezes não gera maiores conflitos internos, é apenas uma necessidade paralela.
Não é assunto fácil, tampouco é novo. É um problema antigo e cabeludo. Envolve religião e seu subproduto: culpa. Sentimos culpa por tudo. Culpa por sermos avançadas demais, medrosas demais, galinhas demais, santinhas demais. Culpa pela nossa libido, pelas nossas fraquezas, pela nossa coragem. Culpa por estarmos mentindo, omitindo, enganando. Por ter permitido que o casamento chegasse a esse ponto de fragilidade - ou de segurança extrema, acreditando que tudo será perdoado e compreendido.
Casamento é um compromisso sério, mas não deveria significar prisão, submissão, anulação, obediência e tudo mais que caracteriza uma relação tirânica. Casamento deve significar amizade, sexo, respeito, diversão e companhia. Casamento tem que ser alegre, tem que ter sintonia, liberdade e muito jogo de cintura. Casamento não é brincadeira de criança, mas tem que ser leve, e é imprescindível que haja maturidade e - atenção - inteligência! A burrice é inimiga das relações, ela é que permite o surgimento de mesquinharias, preconceitos, implicâncias e ciúmes doentios. Casamento tem que ser aberto, não necessariamente no sentido sexual - isso é negociado caso a caso -, mas aberto para a renovação, para a conversa franca, para as necessidades de cada um, para a intimidade que vai além dos corpos, intimidade de almas, intimidade que permite a gente enxergar o outro, aceitar o outro e viver de maneira menos repetitiva e convencional. Cada casamento exige uma fórmula própria, cada casal inventa a sua, mas de uma coisa não se pode prescindir: da flexibilidade.
Parece facílimo, mas é um deus-nos-acuda. De tudo o que foi dito, a única conclusão a que chego é que os casamentos seguirão desmoronando se não houver uma compreensão do assunto que ultrapasse o romantismo. Amor é fundamental, mas não basta. É preciso um não-sei-quê que a gente não explica, mas sente. Algo que está no ar, no olhar, e que dispensa racionalizações.
10 mandamentos de um casamento feliz.
Sejam sábios: nunca se irritem um com o outro ao mesmo tempo.
Sejam inteligentes: lembrem-se que quando um não quer, dois não brigam.
Sejam gentis: jamais gritem um com o outro, exceto se a casa estiver em chamas.
Sejam amigos: se um tiver que ganhar a discussão, deixe que seja o outro.
Sejam honestos: se cometerem um erro, reconheçam e peçam perdão.
Sejam companheiros: se tiverem que criticar, que seja para somar, nunca para dividir.
Sejam positivos: não remoam erros passados. Águas passadas não movem moinhos.
Sejam criativos: inovem sempre, namorem sempre, fujam da mesmice sempre.
Sejam amorosos: pelo menos uma vez ao dia digam ao outro uma palavra de carinho.
Sejam bons amantes: nunca durmam com mágoas. Por que perder uma noite de amor?
Exprimir o amor de dois amantes no casamento de duas cores complementares, sua fusão e oposição, as misteriosas vibrações de tons da mesma ordem. Exprimir o pensamento de uma fonte de esplendor. Exprimir esperança num punhado de estrelas.
Aprendi que
A beleza do casamento consiste em viver os desafios de cada dia.
A sua "felicidade" só depende de você, ninguém deve carregar este fardo por nós.
As palavras devem ser medidas, pois deixam marcas.
Atenção e carinho trazem segurança e confiança.
Dar presentes, fazer boas surpresas e reservar algum tempo,
aproveitar bons momentos, renova o amor do casal.
Aprendi que
conversar é a melhor solução para os problemas,
guardar mágoa pode causar danos irreversíveis.
Controlar as finanças e planejar o futuro é necessário.
A relação sexual deve ser discutida, respeitada,
realizada com amor e carinho.
A compreensão torna a vida mais tranquila.
A lealdade e fidelidade são necessárias.
Aprendi que
o amor verdadeiro que une as pessoas vem de Deus.
E a felicidade de um casal só está completa com Deus na sua vida.
O casamento foi a maneira que a humanidade encontrou de propagar a espécie sem causar faltório na vizinhança. As tradições matrimoniais se transformaram através dos tempos e variam de cultura para cultura. Em certas sociedades primitivas o tempo gasto nas preliminares do casamento - corte, namoro, noivado, etc...- era abreviado. O macho escolhia uma fêmea, batia com um tacape na sua cabeça e a arrastava para sua caverna. Com o passar do tempo este método foi abandonado , por pressão dos buffets, das lojas de presente e das mulheres, que não admitiam um período pré-conjugal tão curto. O homem precisava aproximar-se dela, cheirar seus cabelos, grunhir no seu ouvido, mordiscar a sua orelha e só então, quando ela estivesse disraída, bater com o tacape na sua cabeça e arrastá-la para a caverna.
Acredito que casamento vai além de brincar de casinha. Vejo muitos casais se separando porque o casamento não deu certo, se bem que eles nem tentaram e nem passaram por nada. Casamento é coisa séria. Ouvi muito antes de casar se tinha certeza do que queria, porque não era fácil, ouvi até a frase de "quem está fora quer entrar, quem está dentro quer sair". Não acredito nisso, óbvio, todo o casal tem seus problemas, mas, quando estão dispostos a viver juntos, quando se amam de verdade e estão com o propósito maior do que simplesmente parecer ser o casal perfeito para a sociedade, tem que ser perfeito um para o outro e isso já basta, com respeito, cumplicidade e amizade. Casamento vai além das crises, vai além dos filhos, casamento é coisa séria, não é só casou, se não der certo a gente se separa. É passar pela prova a cada dia, tem fases turbulentas, mas tem as maravilhosas, a esposa tem que ser sábia e o esposo também, muitas pessoas tem que entender que se fosse fácil não teria graça, duas pessoas diferentes dividindo a vida juntos, olha que coisa mais linda, a essência disso tem que ser admirada.
Quando a batalha é difícil, a comemoração é a melhor, pois você sabe o quão árduo foi para chegar até ali. Então por que desistir na primeira tempestade? Depois você vai ver que, na próxima, você vai olhar da janela e querer dançar na chuva com o seu companheiro. Hoje as pessoas desistem umas das outras muito fácil. Não desista do seu companheiro, não desista do seu presente de Deus. Sim, um presente. Deus quando te colocou no ventre da sua mãe já traçou toda a sua vida. Ele sabe por tudo o que você vai passar, tudo o que você vai querer e tudo o que você vai ter. Desde lá, em outro ventre, Ele estava formando o seu companheiro, o seu presente. Então, receba, aceite e aprecie. Não jogue fora, não desista, simplesmente se permita viver, lutar e ser feliz.
Trocar beijos não é promessa de namoro, namorar não é promessa de casamento e casamento não é promessa de amor eterno.
Três etapas de um casamento: 1. loucos um pelo outro; 2. loucos um com o outro; 3. loucos por causa do outro.
O casamento é o máximo da solidão com a mínima privacidade.
Entre as prostitutas e as que se vendem pelo casamento, a única diferença consiste no preço e na duração do contrato
Não acredite se alguém lhe disser que casamento e família são coisas ultrapassadas. Provavelmente, trata-se de pessoa que não entende do assunto.
[Do livro Quando Nietzsche Chorou]
Casamento? Não, não para mim! Oh! Talvez um casamento de meio-expediente; isso poderia servir-me, mas nada que me prendesse demais.
O casamento descansa sobre o fato de que não é possível, ao mesmo tempo, guardar a torta e comê-la. Não se pode dar o coração e ficar com ele.