Acabou o Casamento

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O amor não acaba, nós é que mudamos

Um homem e uma mulher vivem uma intensa relação de amor, e depois de alguns anos se separam, cada um vai em busca do próprio caminho, saem do raio de visão um do outro. Que fim levou aquele sentimento? O amor realmente acaba?

O que acaba são algumas de nossas expectativas e desejos, que são subtituídos por outros no decorrer da vida. As pessoas não mudam na sua essência, mas mudam muito de sonhos, mudam de pontos de vista e de necessidades, principalmente de necessidades. O amor costuma ser amoldado à nossa carência de envolvimento afetivo, porém essa carência não é estática, ela se modifica à medida que vamos tendo novas experiências, à medida que vamos aprendendo com as dores, com os remorsos e com nossos erros todos. O amor se mantém o mesmo apenas para aqueles que se mantém os mesmos.

Se nada muda dentro de você, o amor que você sente, ou que você sofre, também não muda. Amores eternos só existem para dois grupos de pessoas. O primeiro é formado por aqueles que se recusam a experimentar a vida, para aqueles que não querem investigar mais nada sobre si mesmo, estão contentes com o que estabeleceram como verdade numa determinada época e seguem com esta verdade até os 120 anos. O outro grupo é o dos sortudos: aqueles que amam alguém, e mesmo tendo evoluído com o tempo, descobrem que o parceiro também evoluiu, e essa evolução se deu com a mesma intensidade e seguiu na mesma direção. Sendo assim, conseguem renovar o amor, pois a renovação particular de cada um foi tão parecida que não gerou conflito.

O amor não acaba. O amor apenas sai do centro das nossas atenções. O tempo desenvolve nossas defesas, nos oferece outras possibilidades e a gente avança porque é da natureza humana avançar. Não é o sentimento que se esgota, somos nós que ficamos esgotados de sofrer, ou esgotados de esperar, ou esgotados da mesmice. Paixão termina, amor não. Amor é aquilo que a gente deixa ocupar todos os nossos espaços, enquanto for bem-vindo, e que transferimos para o quartinho dos fundos quando não funciona mais, mas que nunca expulsamos definitivamente de casa.

Martha Medeiros
Crônica "O amor não acaba, nós é que mudamos ", 2002.

Nota: Texto originalmente publicado na coluna de Martha Medeiros, no website Almas Gêmeas, a 21 de outubro de 2002.

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Aliança

De alguma maneira
Quero sempre me casar com você.
Para mim, este amor é diferente, não é de papel passado.
É amor de papel presente.

O matrimônio é a principal causa do divórcio.

Quando um homem e uma mulher se casam, tornam-se um só. A primeira dificuldade é decidir qual deles.

O casamento é uma cerimónia em que dois se tornam num, um torna-se nada e nada torna-se suportável.

O casamento é o mesmo medo partilhado, a mesma necessidade de ser consolado, a mesma vã carícia na escuridão.

De todas as coisas sérias o casamento é a mais cómica.

As amizades de um homem, tal como a sua vontade, são anuladas pelo casamento - mas são anuladas da mesma maneira pelos casamentos dos seus amigos.

O amor é o mais agradável episódio do romance da vida, e o casamento o apagador do amor.

O casamento deve ser uma educação mútua e infinita.

O casamento dá um limite ao indivíduo, e por conseguinte, segurança à colectividade.

O casamento parece ter sido inventado para recompensar os perversos.

O fardo do casamento é tão pesado que são precisos dois, para carregá-lo, e, por vezes, três.

O casamento é a identificação de duas pessoas imperfeitas num indivíduo completo.

Em matéria de casamento, cada um deve ser árbitro dos seus próprios pensamentos e apenas tomar conselho consigo mesmo.

O amor deve considerar-se como um grande poema, cujo primeiro canto é o casamento.

O amor agrada mais que o casamento, pelo mesmo motivo que os romances divertem mais que a História.

O casamento é o egoísmo a duo.

Nunca comeces o casamento por uma violação.

A cadeia do casamento é tão pesada, que são precisos dois para carregar com ela.