Acabou o Casamento

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Se o amor é fantasia, eu me encontro ultimamente em pleno carnaval.

Toquinho e Mutinho
Trecho da letra da música "Escravo da Alegria", composta por Toquinho e Mutinho.

Meu conselho é que se case. Se você arrumar uma boa esposa, será feliz; se arrumar uma esposa ruim, se tornará um filósofo.

No adultério há pelo menos três pessoas que se enganam.

Carlos Drummond de Andrade
"O Avesso das Coisas. Aforismos". Editora Record. 2ª Edição. 1990

Casar-se significa duplicar as suas obrigações e reduzir a metade dos seus direitos.

Arthur Schopenhauer
Conselhos e Máximas

Sou contra os noivados muito prolongados. Dão tempo às pessoas para se conhecerem melhor, o que não me parece aconselhável antes do casamento.

No matrimônio existem apenas obrigações e alguns direitos.

A felicidade do homem casado depende das mulheres com quem não se casou.

Os homens ficam terrivelmente chatos quando são bons maridos, e abominavelmente convencidos quando não o são.

Os solteiros ricos deviam pagar o dobro de impostos. Não é justo que alguns homens sejam mais felizes do que os outros.

Oscar Wilde
Epigrams: An Anthology (1952).

O arqueólogo é o melhor marido que uma mulher pode ter; quanto mais velha ela fica, mais interesse ele tem por ela.

Se os esposos não vivessem juntos, haveria mais matrimónios felizes.

Devia-se estar sempre apaixonado. É a razão pela qual nunca nos devíamos casar.

Os homens casam-se por fadiga, as mulheres por curiosidade; ambos se desiludem.

Oscar Wilde
O Retrato de Dorian Gray (1890).

O bom marido nunca deve ser o primeiro a adormecer à noite, nem o último a acordar pela manhã.

Se tens medo da solidão, não te cases.

Antes do matrimônio tende os olhos abertos, no matrimônio, depois, fechem-nos um pouco.

O matrimônio é uma experiência, e cada experiência tem o seu preço.

Uma boa esposa é um grande consolo para o homem em todos os contratempos e dificuldades - que ele nunca haveria de ter se tivesse continuado solteiro.

As noivas modernas preferem conservar os buquês e jogar seus maridos fora.

O amor não acaba, nós é que mudamos

Um homem e uma mulher vivem uma intensa relação de amor, e depois de alguns anos se separam, cada um vai em busca do próprio caminho, saem do raio de visão um do outro. Que fim levou aquele sentimento? O amor realmente acaba?

O que acaba são algumas de nossas expectativas e desejos, que são subtituídos por outros no decorrer da vida. As pessoas não mudam na sua essência, mas mudam muito de sonhos, mudam de pontos de vista e de necessidades, principalmente de necessidades. O amor costuma ser amoldado à nossa carência de envolvimento afetivo, porém essa carência não é estática, ela se modifica à medida que vamos tendo novas experiências, à medida que vamos aprendendo com as dores, com os remorsos e com nossos erros todos. O amor se mantém o mesmo apenas para aqueles que se mantém os mesmos.

Se nada muda dentro de você, o amor que você sente, ou que você sofre, também não muda. Amores eternos só existem para dois grupos de pessoas. O primeiro é formado por aqueles que se recusam a experimentar a vida, para aqueles que não querem investigar mais nada sobre si mesmo, estão contentes com o que estabeleceram como verdade numa determinada época e seguem com esta verdade até os 120 anos. O outro grupo é o dos sortudos: aqueles que amam alguém, e mesmo tendo evoluído com o tempo, descobrem que o parceiro também evoluiu, e essa evolução se deu com a mesma intensidade e seguiu na mesma direção. Sendo assim, conseguem renovar o amor, pois a renovação particular de cada um foi tão parecida que não gerou conflito.

O amor não acaba. O amor apenas sai do centro das nossas atenções. O tempo desenvolve nossas defesas, nos oferece outras possibilidades e a gente avança porque é da natureza humana avançar. Não é o sentimento que se esgota, somos nós que ficamos esgotados de sofrer, ou esgotados de esperar, ou esgotados da mesmice. Paixão termina, amor não. Amor é aquilo que a gente deixa ocupar todos os nossos espaços, enquanto for bem-vindo, e que transferimos para o quartinho dos fundos quando não funciona mais, mas que nunca expulsamos definitivamente de casa.

Martha Medeiros
Crônica "O amor não acaba, nós é que mudamos ", 2002.

Nota: Texto originalmente publicado na coluna de Martha Medeiros, no website Almas Gêmeas, a 21 de outubro de 2002.

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