Abstrato
PERCURSO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Quem quiser me laçar terá surpresa,
porque sou abstrato, embora tátil;
não sou presa; nem fácil nem difícil;
nem sou preso a verdades engradadas...
Cace ovelhas em outras direções;
há um bicho arredio e sem medida,
uma vida sem forma, fôrma e bula
sob a casca ilusória que revelo...
Minha mente não cabe num redil,
sou do vento e talvez o próprio vento,
quem me viu já não vê momento após...
Meu amor e meu ódio são bem meus;
venda deus pra quem queira revender;
quero sempre o percurso natural...
O amor substantivo abstrato
não tem existência própria,
sem a conjugação do verbo amar,
porque exige ação e movimento,
mais ampla que o ‘eu tem amo’,
mais além do que o ‘eu também’.
A primeira grande dificuldade de lidar com problemas abstratos talvez seja não saber com o que se está lidando.
Não importa quantos anos se passem, você sempre terá amor pelo seu ex, pai, mãe, ou qualquer pessoa que um dia adquiriu o seu afeto. Os sentimentos não morrem, eles apenas adormecem.
Atinge a Verdade aquele que:
* dá o vazio de tudo que tem pela plenitude do Nada;
* troca o concreto do existir pelo abstrato do Ser;
* prefere o suposto irreal do Espírito à suposta
realidade da matéria;
* deixa a liberdade do mundo pela escravidão de Deus.
(Hermógenes in Mergulho na Paz)
Sonhos para mim na maioria das vezes,
são chances nos concedidas pelo Divino,
de podermos concretizar no abstrato
da vida ... desejos, saudades, poder estar
com alguém... que já não está mais.
Boa noite!!!
E de tanto pensar
Perdi oportunidades
E de tanto planejar
Perdi meus planos
E de tanto me lamentar
Perdi a vontade
Então parei de pensar e comecei a agir
E as coisas que havia pensado aconteceram sem eu pensar...
O segredo da imortalidade está nas ideias e nos atos. Pense pequeno e medíocre e seja soprado pelo tempo. Revele o abstrato, mude o rumo mundo e se torne uma lenda.
Entre estrofes e versos
Poemas e poetas
Encontro homens imersos
Nestas vidas inconcretas
E para todos aqueles
Que alcançaram ou não suas metas
Negam então,
Para seus netos e netas
Que seria isso tudo, senão
O abstratismo das coisas concretas
A minha existência real monologa com (dois) amores distantes... E o somatório do apreensível com o abstrato recai perguntas e respostas apenas sobre mim.
TEMPO
"Porque quando estou ao teu lado, invade-me uma vontade enorme de transformar os dias em décadas.
Mas como não tenho nem ao menos o domínio dos meus pensamentos - que tolice essa de controlar o tempo - fico transformando as décadas em dias, juntando o que se foi com o que é...
Fazendo com que todas as emoções e sentimentos de uma década completa fiquem presas em uma centelha de momento e nos fazendo, por um instante, unidos por uma vida inteira.
E assim vou mantendo os meus segredos, com o dedo em riste diante dos lábios, rezando baixo para que eles não me preguem uma peça e deixem escapar palavra alguma contra minha vontade.
E quem não os tenha que se atire da primeira pedra . Ora, quão fácil é se atrapalhar com segredos e rochas.
De repente, tal como um riso franco, um segredo bobo daqueles tantos que guardo com um cuidado descomunal, escapa-me maroto, e com as mãos ao alto tento alcançá-lo para de novo mantê-lo guardado.
Descubro que esses segredos são ágeis, e levados por Hermes já chegaram ao seu ouvido... Tarde demais.
Assim, percebo a fragilidade que temos quando falamos de tempo. Tracejamos tênue linha sobre o sofrimento e, de quando em quando, falseamos os passos e acabamos por sofrer. É assim, não tem jeito. Então se for para sofrer que soframos logo.
As chaves que achamos que tínhamos presas em riste nas mãos agora jazem ao chão, mirando com certo deboche desta nossa
debilidade.
E como não sofrer, quando chegada a hora? O que fazer com essa aflição? Pois o instinto me leva a correr para a saída.
Jogar-me no vazio inevitável ao qual todos somos submetidos... Somos vigiados, espreitados a todo o momento, como tão logo se perceba, estejamos sendo devorados por um monstro que nos ladeia silencioso.
Vou dando conta de que o vazio é sempre uma incógnita. E por ser um vazio, não sabemos do seu tamanho, nem do seu tempo.
E com o passar do tempo, juntamos as chaves, os cacos, os espólios... Pois quanto mais nos aprofundamos em algo, mais inevitável é esse sofrer. Quão tolo querer dominar o tempo, tolice maior é não se aproveitar dele.
E partindo nessa mesma aflição, dessa mesma inquietação e de tantos outros preceitos, descubro que já não quero mais alcançar chave alguma. Recupero a razão, deixo-me ser abraçado com carinho. Farto-me até ser preenchido, aprofundando-me em teu aconchego, roubando o meu sossego, mudando as horas do meu tempo.
Revolvendo as gavetas, vejo no fundo o brilho levemente opaco e já empoeirado; eis ali a chave, bem ao lado daquele já tão conhecido silêncio. E com um medo desmedido, fecho-a rapidamente antes que algum outro segredo ladino fuja.
E se sofrer, então, é inevitável; deixa-me com os breves momentos de alegria e de amor, desses que preenchem uma vida inteira em singelos segundos...
Frágeis segundos, frágeis vidas, ledo engano do domínio.
Então aceita desta feita e permita-me jogar as chaves fora e viver, mais uma década que seja, todo inteiro ao teu lado.
Quem quer encontrar as chaves, que pule da primeira pedra.
Já o tempo, tão abstrato... tão frágil, tão efêmero, tão tempo, tão tão...
Que é melhor deixar que se defina sozinho"
Uma verdade tecnológica. Um mundo indizível de se viver, mas que se pode compactuar sentimentos vagos, sem presenças, firmados por ausências, onde o fator regrado é ser abstrato, por não ser concreto os sentimentos. O relacionamento virtual só é válido, enquanto perdurar a conexão. A uma relação flutuante, vazia e fria, é o que se atem a maioria dos desconexos da realidade.- Almany Sol
Então, tudo começou a ficar escuro; lentamente, eu via imagens se destroçando na minha frente, coisas que estavam lá, e coisas que não estavam. Palavras soltas rodavam a minha volta, números e relógios me acertavam com pancadas fortes na cabeça. Eles se destroçavam enquanto faziam suas funções tortuosas. As pancadas dos relógios eram fortes, não era como sentir um relógio simplesmente batendo na sua cabeça, era bem mais profundo que isso, eles tentavam entrar em meus neurônios, roubar informações, com pancadas.
Chacoalhei minhas mãos em volta de minha cabeça, mas os relógios continuavam a me bater, os números continuavam a girar e as palavras continuavam a aparecer. Após essa tentativa em vão, tentei me levantar da cama, então o chão se desmontou na minha frente, os móveis do meu quarto começaram a andar pra traz na tentativa frustrada de fugir do desabamento, então resolvi tomar a mesma decisão.
Tentei me afastar do buraco que se abria, mas parecia que quanto mais eu andava pra traz, mais ele me seguia e se abria como um vulcão em erupção. O fundo do buraco não era preto, não era branco, ele não tinha uma cor definida, eram várias cores misturadas, jogadas aleatoriamente naquele buraco, elas formavam algo como uma sinfonia, as cores eram tão surreais que podiam se transformar em som, não um som desordenado, mas uma sinfonia, não uma sinfonia qualquer. O hino de Aletunia! O som se propagou pelo meu quarto em forma de cores e números, tentei escapar, mas eles tentavam me devorar, como se eu fosse uma presa de um caçador.
As cores foram se transformando em líquido, um líquido colorido e aleatório, que ia enchendo o meu quarto, com os relógios batendo em minha mente, tentei jogar o líquido pra fora de meu quarto, mas não era possível. Era como se o líquido não estivesse ali, mas ele estava me afogando, estava alcançando o meu joelho.
Era possível ver a parede descascando e se transformando no líquido que subia em meus joelhos, olhei a minha volta, aquilo não parecia meu quarto, não era mais meu quarto.
Eu estava em algum pedaço aleatório de uma galáxia distante, em alguma fenda de tempo desconexa à dimensão em que vivemos. As cores continuavam subindo, agora estavam em minha barriga, eu podia senti-las, sentir seu cheiro e até ouvi-las. Não ouvir elas em si, mas sim o hino de Aletunia.
Peguei as cores na mão, e elas foram seguindo pelo meu braço e tomando conta de mim, logo percebi que os relógios não me batiam mais, eles estavam se derretendo e entrando em minha pele, eu sentia ponteiro por ponteiro no meu braço. As palavras em latim agora estavam soltas no meio do líquido, dando mais cores a ele.
O líquido foi me afogando, lentamente.
Lentamente fui perdendo a respiração...
Lentamente perdi a consciência...
Lentamente me perdi...
Muitos julgam cumprir o seu dever pronunciando aforismos abstratos para uso alheio em vez de pregar por meio do exemplo.
fonte: A Coalizão da Juventude
O primeiro passo para a profundidade do ser está na simplicidade do ser. Pensa fundo, repara, observa, absorve e questiona-te sobre coisas simples que te rodeiam e um dia chegarás ao pensamento mais abstrato que um humano poderá exercer.
Fantasiamos o tempo todo com representações lúdicas de sentimentos abstratos. Coisas que nem mesmo entendemos, mas que tentamos fingir que são boas.
- Relacionados
- Fantasma
- Amor Sentimento Abstrato