Abismo
O Medo!
O medo, esse intrincado labirinto da mente, muitas vezes ergue muralhas impenetráveis que nos impedem de avançar. É como uma sombra constante, sussurrando dúvidas e incertezas em nossos ouvidos, paralisando-nos diante das oportunidades que se apresentam. Nos seus grilhões, a inércia se torna confortável, e o desconhecido, um abismo temido. Mas, na escuridão do medo, também reside a luz da coragem. É preciso confrontar nossos temores mais profundos, desvendar suas raízes e transformar o medo em combustível para a jornada rumo ao progresso. Somente ao atravessarmos os véus do medo é que descobrimos a verdadeira liberdade e o potencial infinito que reside dentro de nós.
Somente quando penso no significado de cumplicidade, companherismo e amor é que me dou conta do abismo que nos separa.
Senhor, dá-me coragem, sabedoria e discernimento para construir sem perder a fé uma ponte de esperança sobre meus abismos toda vez que a vida me tirar o chão.
No imenso circo da humanidade, onde a lógica se perdeu há muito entre os truques da retórica e as acrobacias da desinformação, estamos todos presos numa marcha descontrolada em direção ao abismo. O mundo, tão amplamente ligado pela tecnologia, fragmenta-se em facções que se observam desconfiadas e se armam com tweets raivosos.
De um lado do ringue, os idealistas tocam suas flautas utópicas, clamando por justiça social e mudança climática, enquanto do outro, os reacionários erguem suas bandeiras de tradição e conservadorismo. Ambos se empurram para o precipício com uma convicção cega, ignorando que o chão está a ruir sob os seus pés.
Enquanto isso, os arautos da mídia manipulam as massas, distorcendo a verdade até que ela se desintegre num caleidoscópio de meias-verdades e mentiras convenientes. É a polarização que dita o tom, a tonalidade dissonante de um mundo que rapidamente se move em direção a um estado de disfuncionalidade global.
A ironia reside no fato de que, apesar de nos vermos cada vez mais próximos do abismo, os que empurram são os mesmos que gritam que estão a ser empurrados. E assim continuamos, numa dança sinistra de culpa e inocência percebida, enquanto o solo cede sob o peso das nossas próprias contradições.
Enquanto o mundo arde em fogueiras de indignação digital, os líderes políticos jogam xadrez com vidas humanas, cada movimento calculado para agradar os seus seguidores leais e enfurecer os seus adversários declarados. A verdade tornou-se um acessório opcional, substituída pela conveniência da narrativa que melhor se alinha aos preconceitos e receios de cada grupo.
No final, estamos todos juntos nesta queda livre em direção ao desconhecido, com o abismo à nossa frente e a desunião às nossas costas. Agarramo-nos às nossas convicções como tábua de salvação num mar de incertezas, mas talvez seja hora de reconhecer que o verdadeiro precipício não é apenas físico, mas moral e intelectual. Num mundo quebrado pela polarização e pela manipulação, a ténue esperança de uma revolução de mentalidades que traria o "Admirável Mundo Novo" contrasta com a implosão do velho. Quer a selvajaria, quer a complacência terão um preço pesado. Resumidamente, estamos fodidos.
Percebeu como os dias passam por você rapidamente. É na correria da busca do conhecimento que apressa-se a liberação do selo que lacra o livro, declarando o fim dessa era.
Existem saudades e fotografias...
E palavras que eu amaria ter-te dito...
Existe o sono interrompido...
E a agonia entre lençóis revolvidos...
Ainda terei o alento diante o pranto derramado?
Diante as horas que não passam...
Diante o tamanho vácuo?
A lucidez de não chegar o tempo...
As horas pesando diante tamanho sofrimento...
Os dias que passam lentos...
As madrugadas tão silenciosas...
As horas que jazem mortas...
Estátua a moldar o vento...
Flor morrendo entre o lodo...
Deitando a sorte em agonia...
Diante os dias a grosseiro modo...
Estando agora mudo, surdo e cego...
O abismo clama minha alma...
Ah sem ti como é penoso viver...
Sem estar junto a ti agora...
Hoje não sou eu nunca por inteiro...
A vida perdeu a cor...
A alegria alheia me aborrece...
Nada mais sei o que fazer...
Vem...
Volta para mim e me ame...
Não me deixe assim tão opaco...
Preencha meu coração...
Que sem ti vive assim...
Tão fraco...
Sandro Paschoal Nogueira
Se não soubermos bem vive-lo, por vezes o
amor pode nos levar a insondáveis abismos,
cuja saída nem sempre saberemos encontrar...
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ABISMO DE AMOR
Marcial Salaverry
Se em pensamentos num abismo afundamos,
sempre dominados pelos sentimentos,
reagindo por sobre as dores saltamos,
e vencedores no amor mergulhamos...
Depois, contemplando as estrelas,
soltamos o que temos n'alma,
buscando ainda que estranhas,
as rimas para nossos poemas...
E então, vencemos nossos medos,
libertando-nos de todos anseios,
com desejo sentindo o amor na carne...
Esquecemo-nos dos momentos adversos,
que nos viraram do avesso,
escrevendo nossos lindos versos...
Talvez sonhasse...
Com um mundo mais culto ...
Porém menos chato...
Com pessoas que exercitassem o cérebro...
Com o mesmo afinco que fazem com seus músculos...
Diante os espelhos...
Entre as latrinas...
Nós diversos banheiros...
Ranger de nevoeiro...
Terra de escravos...
Roupas justas...
Espíritos vazios...
Para que prego?
Para quem falo?
No fundo da virtude...
A terra é triste...
Olhos opacos...
Sorrisos sem graça...
Mãos que gesticulam...
Sem nenhuma dádiva...
Tempos estranhos...
Tempos esquisitos...
E eu que a tudo observo e sinto...
Fico perdido...
Não me acho...
Eu cavo na vida a semente da libertação...
Esquivo- me de falsos abraços...
De nojentos apertos de mãos...
Partes perdidas de um só...
Que a razão despedaçou...
As aparências tornaram-se mais importantes...
Todos querem respeito...
Anseiam ao amor...
Mas estão todos perdidos...
Caminhando em direção ao abismo...
Cada um por si...
E tão só...
Deixo no ar...
Atrás de mim tão distante...
Os desejos de uma vida mais simples...
Plantar...
Cultivar e colher...
A verdade...
A sinceridade...
O amor tão escasso...
Hoje fadado ao fracasso...
Não há como encher a taça...
Tudo perdendo a graça...
A inocência é corrompida...
A dúvida disfarçada e mais sentida...
O purgatório decorado...
O túmulo é bem caiado...
Mas por dentro...
O mais fétido excremento...
Envelhecer é triste...
Não há novidade...
Tudo é tão repetido...
Até os sentimentos...
Nada se encontra...
Tudo é outrora...
Tudo já é perdido...
Há uma vaga brisa...
Soprada pela esperança de anos vividos...
Doçura dolorosa...
Independência da alma...
O mistério alegre e triste de quem chega e de quem parte...
De que sorri...
Enquanto a alma chora...
Sandro Paschoal Nogueira
Ah, Senhor!
Tu conheces os meus pensamentos antes mesmo que eu lhe dirija uma só palavra.
Sabes quando Minh 'alma está na superfície ou no mais profundo abismo.
No silêncio da noite, a sombra se arrasta,
Um eco de risos, que a vida desgasta.
Caminhos desfeitos, memórias em dor,
Na dança da mente, o medo é o ator.
As horas se arrastam, como folhas ao vento,
Um peso no peito, um eterno lamento.
Olhos que buscam a luz da esperança,
Mas encontram apenas a amarga cobrança.
Sussurros de vida se perdem no ar,
Em um mar de tristeza, não há como nadar.
Os sonhos se quebram, como vidro ao chão,
E a alma, cansada, busca a salvação.
Mas mesmo na sombra, há um frágil fulgor,
Uma chama que arde, apesar da dor.
A morte é um ciclo, um fio que se estica,
E na amargura, a vida se critica.
Assim sigo em frente, entre lágrimas e risos,
Navegando os abismos, buscando os sorrisos.
E se a dor é um fardo que carrego em mim,
Que eu aprenda a dançar, mesmo assim.
Há uma sombra no palco,
os olhos vazios, o corpo de pedra,
repete as palavras como quem mastiga silêncio,
e a multidão segue, sem ver o caminho.
Há música no ar,
não de flautas,
mas de cordas gastas que rangem,
e eles dançam,
dançam como folhas no vento,
sem perguntar para onde os leva a corrente.
O abismo espera.
As bocas sorriem, as mãos caem,
há corpos que já se foram,
mas ainda seguem os outros,
com o brilho de uma fé cega
ou de um desespero antigo.
Quem os ouve, quem os vê?
Só o vento, que leva tudo
antes da queda final.
A busca obsessiva por satisfação pessoal, como projeto de vida, conduz a uma sociedade desconexa, onde o egoísmo e a vaidade se fundem para o impulso final e derradeiro rumo à catástrofe coletiva
Muito angustiante quando alguns pensamentos negativos tomam conta da mente, gerando um desânimo gradativo, resultado inconveniente que não trará nada de construtivo se não for afastado rapidamente.
Apesar de que poderá voltar a qualquer momento, mas, pelo menos, não é permanente e pensar em algo bom e significativo é um jeito de mantê-lo ausente por mais tempo, um bem a si mesmo que é imprescindível.
Motivo suficiente para se ficar atento para não cair do abismo de angústia criado pela própria psique em um sentimento de amargura incompatível com a fé, portanto, que Deus ajude e que ela possa prevalecer.
Deus quer...
O homem sonha...
A vida imita a Arte...
E a obra nasce...
As tormentas passam...
O mistério se cria...
Finda a noite...
Aurora se anuncia...
O homem é pequeno...
Sua alma divina...
Os sonhos alguns haverão de ter...
Enquanto outros põe tudo a perder...
Da sorte incerta...
Manda a vontade...
Do destino que é dado...
Tudo vale a pena...
Se a alma não é pequena...
Quanto mais o tempo passa...
Mais me afasto da razão...
O amor é um feitiço...
Mostrando-nos coisas tão sortebelas...
Até que se conheça a traição...
Não tente apagar toda a dor do mundo...
Outros haverão de ter...
O que houvermos de perder...
Porque nisso está a verdade...
Até para quem não quer ver...
Nós podemos viver alegremente...
Não sei que abismo temo...
Mas sei que não podemos perder a nossa fé no Supremo...
"Jamais devolva as pedras que lhe atiram. Antes, recolha-as, examina-as e com elas constrói teu castelo. Logo, aquele que lhas atira terá ao redor de si um abismo e tú, por sua vez, terá construído uma fortaleza"
Para quem tem atitude, determinação e persistência entre o sonho e a realidade existe uma ponte, para quem não tem, existe um abismo intransponível.
Meu corpo repousa e meus pensamentos fluem
E me levam cativo, me tornando meu próprio prisioneiro
Aonde estou?
No abismo.
Minhas tristezas e ansiedades me dominam
Eu grito, mas são inúteis meus prantos, sinto que estou sozinho neste poço infinito.
Eu quero correr
Eu quero gritar
Eu quero fugir
Desaparecer…
Mas como seria capaz de fugir de mim mesmo?