Abismo
Deus é um sorriso perdido em meio a um abismo de tristezas, plenamente feliz é aquele que o encontra!
Entre uma cena e outra, o abismo do tempo que passa e a necessidade de reconstrução de um projeto sem nome. A ausência do texto de novo me incomoda, procuro o texto que passa, a profundeza da estrutura reclamando a sua presença, cadê o texto que estava aqui? O escuro escondeu, ai, ai, ai..."(O último verão em Paris, crônicas, 2000)
Eu estou chorando, perdida num abismo em que caí quando você resolveu sair da minha vida. Vou derramando as lágrimas que derretem-me a alma, e matam-me aos poucos.
Eu fiquei só e essa tua ausência matou-me aos poucos no desejo de possuir-te. Existia um abismo entre nós, mesmo que eu tentasse nos unir. O amor recíproco que você sentia por mim queimou-se em chamas de desespero, ou foi você que desistiu e entregou-o ao fogo?
Se se entregares ao amor, pode cair no abismo ou voar nas estrelas. È racional que é lhe proporcionado uma viagem além da imaginação.
Momentos
Tem horas que o chão some e de repente nos vemos a porta de um abismo,
Abismo que não sabemos de onde surgiu.. é, temos medo, medo do inusitado, do novo e diferente. Um frio na barriga, uma vontade louca de gritar... Desespero. Chorar, eu choro por dentro, com um sorriso no rosto e a cabeça erguida, vazio. Tem horas que nem eu mesmo me entendo... Um “mix” de sentimentos e desejos. Dói, sentir e omitir é suicídio da alma. Dói. Dor e tristeza, só temos noção do que significa, depois do fracasso. E eu ainda não me entendo. Mas passa, sempre passa. Um dia, quem sabe, olhar pra trás não significará tanto assim. Vontade não me faltava, mas algo me prendia. Ainda bem. Não era, não é e não vai ser. Radicalismo exacerbado que não funciona, de fato, mas engana. E é isso que importa. Existem momentos em que acreditamos estarmos sós, e isso Dói. Aflição, angústia e medo, sempre medo. Quando olhamos pra trás e vemos os erros, como uma reprise de novela, que frisa e escancara, aonde e quando errou, confusos, entramos em um estado de pura reflexão, que por pura idiotice e metodificação, frisa cada vez mais o que deveria ser, pelo menos, deixado menos de lado. Mas analise, não é idiotice, é um instinto natural de perpetuação do sentido. Massacrar para não esquecer... masoquismo, puro masoquismo. Sabe como nós aprendemos de verdade ? na Dor. E ela é severa, não perdoa. Se tiver que ensinar, vai fazer da melhor forma. É traíra, mesquinha, injusta e impiedosa. Maldita. E quando voltamos do estado de transe e reflexão ela passa, tira umas férias ou vai visitar outra vítima. Mas volta quando tem a oportunidade. E é tão lindo quando passamos a enxergar com outros olhos, novos olhos. Olhos vividos e umedecidos por cada choro e cada aflição que por falta de treino, não foram contidas. Mas que a partir de agora, terão força para suportar uma decepção maior, cada vez maior. Por que serão fortes para não se abalarem facilmente. Eles serão. E eu ainda não me entendo... mas com certeza, o que falta hoje “nisso” que chamamos “Sociedade” é a aflição que move o coração de uma criança quando se perde de seus pais no supermercado. É a alegria de uma Senhora de idade ao receber a enorme família em sua casa, em um domingão de muita farra. É a humildade de confessar um erro e a Coragem de pedir um perdão. Tá faltando sentimento. No dia que não negarmos abraços de estranhos, não estranharmos pessoas vestidas diferentemente de nós, no dia que não ligarmos pra futilidades... não existirão mais os dias. Por que não se respeita mais o sentimento dos outros, afinal, não é o seu, a dor é do outro e de nada te atinge. Eu sou o centro do mundo e eu posso TUDO, não é? Egoísmo. Até aonde isso vai nos levar? Essa ambição de tudo querer, esse consumismo descontrolado, essa falta de consideração com o outro... E eu prefiro cada vez mais não me entender. Faço parte de uma geração despreocupada e desleixada, consumista e materialista, corrupta e injusta. Egoísta e Impiedosa. Hipócrita. Falam tanto de amar e ser amado, amam tanto em tão pouco tempo, não se valorizam, são vulgares, usam de máscaras para enganar e magoar, ou nem precisam, cativam e somem. Não sabem o que quer dizer ética, e muito menos se importam em ler um bom livro, fazer amizades sem segundas intenções, andar de mãos dadas, não sabem receber críticas...
não sabem escutar.
E infelizmente, eu faço parte dessa sociedade.
– num abismo de múltiplas máscaras: eu, meus sentimentos e minha vontade. Se cumprimentam, se esbarram, disfarçam.
Todo abismo é navegável a barquinhos de papel..."
Paro para observar: a leveza das palavras de Rosa conseguem inventar barquinhos e sonhos etéreos. Solitários e depois solidários, por isso superiores aos eventos e inventos da natureza. Sobrevivem aqueles barcos que permanecem, e aprendem o desenho das ondas. Acabam por encontrar portos seguros. Materializam-se também os sonhos tecidos em Dor e Amor.
Guimarães Rosa complementaria: "De sofrer e amar, a gente não se desfaz.
A escrita sem conteúdo nos condena, seria mais válido recorrer a um autor do que jogar-se no abismo da ignorância como parvo. Ler é uma arte, só assim escrever pode-se tornar uma obra dela.
Existe um enorme abismo entre paixão e amor. Paixão é condicional e determinada por diversos fatores, por isso sempre tem um fim. Já o Amor, bem... Esse não depende de qualquer condição e nem deve jamais te fazer sofrer.
Ao chegar á beira do abismo você morre ou fica louca, ou dewscobre a força e o poder para sobreviver e se transformar.
O amor tampa os nossos ouvidos e costura nossos olhos. Faz a gente andar em direção a um abismo sem ter medo de cair nele.
“A insensibilidade cega os corações dos homens fazendo-os caminhar para o abismo sem que eles o percebam...”