Abelhas
ADOCE MINHA ALMA
Ela era tão doce que as abelhas faziam fila
Doce, mas não algo tão doce que repugna...
Um doce gostoso de ter por perto
Para toda hora...
Não tinha características de sobremesa,
Era para qualquer momento...
Principalmente, nas horas em que vinha a dor
Estar perto dela saciava, acalmava.
Era a água com açúcar,
Ou brigadeirão...
Sorvete ou torta?
O doce não importa!
Ela sempre estava ali, tão doce, tão meiga
Tão ela.
Cada um que experimentasse sem culpa suas palavras
Seus gestos e abraços
Beijos e chás gelados.
Criatura assim é tão raro encontrar
Senhora doce vem me adoçar!
Deve ser muito triste
Ser uma bonita flor que se abre
Sem abelhas a acolher
E nem olhares a apreciá-la
Veleiro sem mar
Uma estrela, cujo brilho nada alcança
Ser uma ilha no meio do nada
Às vezes não há lugar nenhum para ir
E vidas que se vão
Sem jamais ter havido
Um abrigo de abraço
Um laço sequer
Nenhum ponto onde voltar
Nada melhor
Deve ser muito triste viver desse jeito
Pense em você mesmo num lugar assim
E depois olhe ao redor
Procure entender
A dor que você não sente
Essa dor existe
E muito provavelmente
Deve ser uma dor muito triste.
Edson Ricardo Paiva
Quando o sonho alcança o céu
A poeira atesta a vontade do chão
de ganhar os céus em sua lida.
A flor realiza-se em seu pólen vão,
pegando carona nas abelhas.
Seu fruto não nasce sem antes sentir
a suave sensação dos ares.
O mar aspira também aos céus,
nas ondas que se erguem e depois caem.
Cada gota sonha em ser nuvem,
renascer no ciclo eterno da criação,
flutuar e chover liberdade.
E nas noites claras, onde estrelas brilham,
meus sonhos se elevam em constelações,
buscando no alto o brilho eterno,
a essência pura das canções.
É quando o sonho alcança o céu.
Tudo que existe anseia às alturas.
Assim, meu coração entrega-se ao vento,
em versos que ao vento se lançam,
tentando tocar o infinito,
onde reside o teu pensamento.
Meu pensamento criou asas,
fez minha alma ao alto voar.
Minhas palavras, essas sim, caminham.
Por isso, no poema, quando você é o tema,
nunca sei se vou ou se voo.
Algumas coisas não importam tanto, como a cor que uma casa pode ter, mas aquecer o coração de alguém, isso importa.
Minha vida toda foi apenas um vazio, o qual minha mãe deveria ter preenchido. Ficou sempre uma dor.
Me desculpar àqueles homens seria apenas uma outra forma de morrer, só que teria que viver com isso.
O mundo é, na verdade, um grande apiário. As mesmas regras funcionam em ambos os lugares. Não sinta medo, pois nenhuma abelha que ama a vida quer te picar. Mas não seja uma idiota. É por isso que usamos mangas longas e calças compridas. E não bata nelas. Nem pense em bater para espantá-las. E acima de tudo, mande amor para as abelhas. Cada coisinha quer ser amada.
Depois que a flor seca e perde o encanto às abelhas se dão por satisfeitas e deixam de ferrar!
Os galhos secam se quebram os macacos saem. Do pé!
'ABELHAS'
Sob a mesa amarroada,
abelhas polonizam a carne crua.
Zumbidos ao redor de um copo caído parece infinita cena.
Embebidas com o cheiro acre,
destilado,
decalque...
Próximo a elas,
papéis jogados,
acolhendo a letargia de algumas,
veemente saboreando seu pedaço de carne.
Asas parecem bater mais fortes,
volúpias,
vaidades, ...
Para onde fora o própolis?
Sem significado,
os papeis sofrem:
abelhas já mortas,
sem voo,
empalhadas pelo próprio 'mel' que criara.
Vilipendias,
caminham lentamente na emoção...
Parado na reflexão,
a casa de palha observa-me petrificada.
Serás casa nos dias que virão?
Ou apenas lembranças de rodas dentadas?
Tudo será abelhas,
engrenagens?
E em meio a tantas,
sopeio as que ainda restam.
Mas outras voam sem rumo,
sempre a procura,
carnes cruas,
colmeias...
A corrupção assemelha-se ao favo de mel de abelhas, para alcançarmos o seu produto, devemos antes nos blindar às investidas de seus produtores.