Abelhas
Quando as flores findam,
As colmeias gritam sem néctar,
O quê sobrou pra mim?
A amargura de uma flor, enfim!
Sonda-te ó minha mente,
Sabes o que tu fizeste?
Fumaça, fogo, ácido úrico,
gritos e gemidos, triste fim!
Se das verdes gramas
Tu desfaz a clorofila,
Com destreza as aniquilam,
Em seu nome as outorga!
Retirar-se para o paraíso em busca do nirvana só se justifica quando há o retorno para o mundo caótico, assim como o passeio das abelhas pelos jardins só tem sentido quando elas voltam às colmeias e nutrem as suas larvas.
Virilidade é a abelha que pousa sobre a rosa. Mas não se precipite.Só se compreende o coração de uma fêmea sabendo de antemão que o amor não é vira- lata. E que palavras não se costuram, elas simplesmente chovem no céu da boca. E que para conhecer uma pessoa deve- se primeiro ouvir a verdade que reside no silencio. Para repousar a cabeça em cima do coração. Primeiro ponha no colo. Não será difícil sou pequena. Grande é o que eu escuto. Tento inutilmente traduzir o timbre que lateja aqui de dentro. Mas eu falho. Eu sempre falho. O meu peito sempre me da uma rasteira.
Chegam as colheitas, arregaço as mangas,
a cresta, o simpósio de tantos afins;
colmeias perfeitas, abelhas sem zangas,
mais o Santo Ambrósio na Casa Martins.
A vida é dos fortes que assim se alimentam,
sem medo ou receio dos bons dias maus,
benditas as sortes, as lidas que aventam
um homem no meio de quarenta graus.
Na fruta madura, com risos e queixas,
subo ao escadote, meto mãos à obra,
em grande cultura apanho as ameixas
e faço um pinote com a força que sobra.
Depois a vindima, depois do granizo,
no fino entrelinho de parra alquimista,
pra baixo, pra cima, há sempre um sorriso
feliz é o vinho que dá Boa Vista.
Faço o que ninguém aqui quer fazer,
levanto a enxada a dois metros de altura,
e vou mais além, onde a terra quer,
desde madrugada nesta vida dura.
No contrabalanço sem logro, sem preço,
colho esta virtude vivida a retalho,
e pra ter descanso que também mereço,
só peço saúde, respeito e trabalho.
Abelhinha listradinha
zuniava, zuniava
sozinha pela estrada
procurava mas não achava
o abelhudo que a amava
Abelhinha solteirinha
zumbiava que zumbiava
de roseirão a roseirinha
procurava mas não encontrava
o abelhão que ela amava
Abelhinha douradinha
zoava que zoava
de cravo em cravo sussurrava:
— Onde encontrar o meu amado?
Abelhinha queridinha
pelo céu vá voar
zoar zoar zoar
de flor em flor
até encontrar o seu amor
20/02/2014.
A ABELHA E A ROSA
Cleómenes Campos
Balouçava-se ao vento uma rosa vermelha,
em que um raio de sol punha um reflexo louro;
viu-a, pelo perfume, uma pequena abelha,
e começou a lhe sugar o pólen de ouro.
As abelhas, irmãs aladas das mulheres,
são todavia insatisfeitas e curiosas.
Ora, eu tinha num vaso uns botões rosicleres,
que, por ser de papel, nunca seriam rosas.
Ela porém supões que fossem verdadeiras;
e, deixando o jardim, onde havia outras flores,
voou sem ver por sobre todos os canteiros,
na atração singular dos botões rosicores.
Minha janela estava aberta por acaso.
Ela entrou a zumbir. Mas fechei-a nessa hora.
E a pobre, assim que viu a mentira do vaso,
pensou na linda flor que deixara lá fora.
Foi-se à vidraça a olhar; tentou fugir… e nada:
estava presa em minha sala silenciosa.
E, dois dias depois, achei-a inanimada,
na mesma posição, inda fitando a rosa.
Ó alma, que a ambição vai levando à cegueira:
não te esqueças da abelha ambiciosa e iludida!
- não deixes nunca a tua rosa verdadeira
pelos falsos botões que encontrares na vida!
#Um #cinza #nublante #no #céu...
Mais a frente um destino...
Sob as árvores sozinho...
Ouvindo o canto dos passarinhos...
O olhar segue um vasto horizonte...
Perdido adiante...
Sereno cai lentamente...
E a brisa tão contente...
Traz perfume no ar...
Rosas, jasmins, madressilvas...
Muitas flores a bailar...
Abelhas e beija-flores...
Também põe-se a dançar...
Envolto em meus ais...
Aonde somente Deus me vê...
Sozinho e triste...
Fico lembrando de você...
E na hora incerteza que me cerca...
Soliturno...
Sem amigos...
Invoco o tempo para conversar comigo...
A vista embaça...
Pelas lágrimas do coração...
Tudo foi embora...
Velhas árvores, tachos de doces...
Bolos de chocolate...
De lenha...o antigo fogão...
Já não tem o pastel...
A empadinha de palmito com camarão...
Os seresteiros de outrora...
Que na calçada...cantavam...
Com muita emoção...
O bate-papo...
O disse me disse...
De todo final de semana...
Perdeu no tempo...
Sobrou a saudade...
Da tenra idade...
Vão-se os anos que não voltam mais...
Hoje tudo é tão rápido...
Mal amanhece e já é noite...
E no quintal aqui sentado...
Só tenho uma certeza...
De que Deus está ao meu lado...
Sandro Paschoal Nogueira
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