A vida é curta
VIDA E MEDO
Cada um tem o seu modo de estar em paz com a própria vida. Alguns precisam de segurança e outros se entregam sem medo. Não a fórmula para se viver o próprio sonho. O escritor S. Anderson sempre foi rebelde e só conseguia escrever diante de sua rebeldia. Seus primeiros editores, preocupados com a situação de miséria com que Anderson costumava viver, resolveram enviar para ele um cheque mensal como adiantamento de sua
próximas novela. Depois de um tempo, receberam a visita do escritor, que apareceu la apenas para devolver todos os cheques. "Faz tempo que não consigo escrever uma linha", disse Anderson. "Para mim, é impossível trabalhar com a segurança financeira me olhando do outro lado da mesa".
"CADA UM TEM O SEU
MODO DE ESTAR EM
PAZ. NÃO HÁ FÓRMULA
PARA SE VIVER O
PRÓPRIO SONHO"
A vida e o universo confundem-se com a própria essência do tempo – o tempo que, por sua vez, é sem começo nem fim, sem essência, sem natureza ou desnatureza, até mesmo sem medida. A vida é como o tempo. O tempo que não se percebe, o tempo que nunca foi nem será. O tempo que simplesmente é. Eternamente, é.
Perceba o valor que há nos pormenores de tua vida.
Você pode não saber o porquê de estar aqui, ou o porquê do que te acontece.
Mas o Senhor, nosso Pai, tudo sabe,
e nas menores coisas pode estar o que há de mais importante.
- Jamais tenha vergonha - continuou ele. - Aceite o que a vida lhe oferece, e procure beber das taças que estão na sua frente. Todos os vinhos devem ser bebidos - alguns, apenas um gole; outros, a garrafa inteira.
- Como posso distinguir isso?
- Pelo gosto. Só conhece o vinho bom, quem provou o vinho amargo
A vida e o verme
Aquele que vive reclamando da vida e que alega que não pediu pra nascer, merece uns bons cascudos.
Este pensamento deveria fazer uma pessoa envergonhar-se diante de um verme. Acaso alguém quereria estar no lugar do verme, que rasteja e alimenta-se das imundícies que existem no chão?
Pois saiba que mesmo este verme luta pela sua vida! E assim, talvez fosse sabedoria divina colocar o verme no lugar desta pessoa, e colocar esta pessoa no lugar do verme! Afastemos, pois, tais pensamentos de nossas mentes e sejamos gratos!
Vivemos uma vida raríssima e maravilhosa, e tamanho é este milagre que chega a soar presunçoso que ainda queiramos mais um pouco, senão fosse este desejo o reconhecimento do quão bom é viver e do quão seria maravilhoso continuar presenciando e maravilhando-se da obra divina.
Afinal, quem quer abandonar o que é bom? Sim, deseje viver mais! Deseje a eternidade! Mas, sobretudo, que prevaleça a vontade do Pai, e se for da vontade dele que vivamos mais e mais, felicitemo-nos todos -inclusive o verme!
Siga nu, quase sem vida, quase sem vontade, sem sono, sem fome, sem desejos. Mas siga o passo que está na sua frente, que já carrega uma dor menor do que o anterior. Aos poucos você deixará para trás essa carga horrível que você mesmo juntou e então poderá voar. Aos poucos cairá tudo, e só sobrará você. E você é feliz, sua essência é feliz.
De onde vinha, pois, aquela insuficiência da vida, aquêle apodrecimento instantâneo das coisas em que se apoiava?... Mas se existia, fôsse onde fôsse, um belo e forte, uma natureza valorosa, cheia ao mesmo tempo de exaltação e de requintes, um coração de poeta com forma de anjo, lira com cordas de bronze, desferindo para o céu epitalâmos elegíacos, por que acaso não encontraria ela? Que impossibilidade! Nada, afinal, valia a pena procurar-se; tudo mentia! Cada sorriso ocultava um bocejo de enfado, cada alegria uma maldição, todo prazer o seu desgôsto, e os melhores de todos os beijos não deixavam nos lábios senão uma irrealizável ânsia de voluptuosidades mais intensas.
Pedi tão pouco à vida e esse mesmo pouco a vida me negou. Uma réstia de parte do sol, um campo, um bocado de sossego com um bocado de pão, não me pesar muito o conhecer que existo, e não exigir nada dos outros nem exigirem eles nada de mim. Isto mesmo me foi negado, como quem nega a esmola não por falta de boa alma, mas para não ter que desabotoar o casaco.
Assim: deixa a vida te lavrar a alma, antes, então a gente conversa. Deixa você passar dos trinta, trinta e cinco...
Era um pouco de febre, sim. Se existisse pecado, ela pecara. Toda a sua vida fora um erro, ela era fútil. Onde estava a mulher da voz? Onde estavam as mulheres apenas fêmeas? E a continuação do que ela iniciara quando criança? Era um pouco de febre.
Eu nunca fui livre na minha vida inteira. Por dentro eu sempre me persegui. Eu me tornei intolerável para mim mesma.
Sobreviver chama-se manter luta contra a vida que é mortal.