A Semelhança de um Filho com a Mãe
Minha mãe costumava dizer que nessa vida, a gente se acostuma com tudo. Podemos até nos acostumar, mas não devíamos. Jamais deveríamos nos acostumar com coisas que nos machucam, que nos diminuem ou que nos causam dor.
Todo mundo diz que amor não existe, mas minha mãe dizia que eu não sou todo mundo, então, vou contrariar o rebanho e continuar acreditando que ele existe.
A minha mãe sempre diz que a gente se acostuma com tudo nessa vida e ela tem toda razão. Quando a ausência vira um hábito, a gente também se habitua a não fazer mais questão da companhia de quem não está nem aí pra nossa.
A vida não é mãe, é madrasta. Se fosse mãe ensinava com amor como a sua e não dando porrada como ela faz. Se você não aprende com uma, vai ter que aprender com a outra, a escolha é sua.
Se te deseja como mulher, te protege como filha, te ama como irmã e respeita como mãe, segura esse homem com as duas mãos, que homem assim está em fase de extinção. A maioria deles, só vê a mulher como um corpo capaz de satisfazer os seus desejos.
Nem tudo é só flores para quem é mãe, mas quando a gente pensa nos filhos, a nossa coragem aumenta e tudo se torna mais fácil.
(...) Mãe é aquela que fica, quando todos os outros se vão e, mesmo quando se vai, é aquela que parte sem ir, porque apesar de entardecer nos nossos dias, jamais se transforma em noite.
Ser mãe fez-me descobrir minhas potencialidades, forças e fraquezas. Ser mãe me ensinou coisas que eu jamais teria aprendido, se não fosse. Ser mãe ensinou-me, sobretudo, a arte do amor incondicional.
Em nenhum lugar está escrito que para ser mãe é preciso parir. E mesmo que tivesse, nós que nos sentimos mães de pet, ressignificaríamos essa ideia, reinventaríamos uma outra, porque sabemos que parir não torna ninguém mãe, o que nos torna mães é o cuidado, a proteção e o amor que dedicamos àquele a quem temos o privilégio de chamar de filho.
Cresci ouvindo minha mãe dizer que pra tudo nessa vida tem um jeito, mas só hoje eu entendo. Talvez o que ela queria dizer é que se não tem um jeito pra resolver é sempre possível encontrar um jeito de não sofrer desesperadamente pelo que a gente não pode mudar.
Eu cresci ouvindo minha mãe dizer que o amor tudo suporta e, por um tempo eu até acreditei nessa falácia. Mas quando eu me amei de verdade, descobri que isso não era verdade, que amor não suporta tudo, como dizia Maiakóvski "onde tudo é aceito, eu desconfio que haja falta de amor", principalmente amor-próprio. Amor é canteiro e canteiro que não é cuidado, erva daninha se alastra e vai matando aos poucos qualquer forma de vida que exista ali, até que só sobre ela.
O amor de uma mãe é de uma força colossal incontestável. A sua resistência excede qualquer outro que se possa imaginar.
Minha educação foi a melhor que poderia ter recebido. Equilibrada. Minha mãe é a palavra dura e meu pai a mensagem de mansidão. Não posso reclamar do carinho que recebi desde sempre. Quando penso em tirar os pés do chão, meus pais se manifestam como seres simples e humanos que são, e me mantém firme e enraizada. Isso completa a idéia que tenho da família como sendo um dom divino.