A Mulher aos Oitenta Pôe um Chapéu
Se a vida bater a sua porta não deixa ela entrar, pegue seu casaco o chapéu e vai com ela. E vai ser feliz como sempre quis, trazer pra realidade os seus mais loucos sonhos. E vai ser feliz como nunca.
Cérebro
Embaixo do meu chapéu existe um mundo
Cheio de certezas e incertezas
Existe amores e desamores
Alegrias e tristezas
...
Embaixo do meu chapéu
Trago minhas virtudes e vontades,
Meus anseios e adversidades,
Trago um mundo sem vaidade
Que não sei descrever de verdade
Mas que na verdade sei que existe...
...
É meu mundo e nele vivo
É o infinito que posso alcançar
Porque no mundo em que sobrevivo
Só tendo o próprio mundo para sonhar.
Cego Blues
Num chapéu cor de farinha
Com uma cachaça e uma garrafa quase vazia
Uma cegueira cega que nem ela
Um tempo certo na hora errada
Um blues de um forró bem triste
Uma criança que não chora nem vai embora
E três mesas vazias.
Uma lembrança de um perfume
Um chale branco, saudade e ciúme
Uma parede de uma alusão púrpura bondade
Um amor insano, regado e negado
Invejado pelos anjos, flechado caboclo
Uma antiga mentira virou verdade
E as tais mesas vazias
E depressa vai cada vez mais lenta
A noite e o dia feito o amor que se inventa
Arde, queima e contenta
Falso feitiço feito a destilada água que torpe
Os modos e as giras
que envolta de nós se sustenta
Nenhuma mesa, onde não a via
O local deixou a razão com sorte
A música acabou e o bumbo coração tenta
Bem mais poema do que cena
Eu sorrio vida que brilha, não me faço de dentes.
Vida não esfazia no feitio de mesas fazias.
Vou voltar pra minha choça
Quero meu homem da roça
Seu chapéu de aba larga
Seu sorriso que me alaga
Seu cheiro de terra lavrada
Sua piada debochada
Sua voz de sabedoria
Seu assobio que é só alegria
Sua fala sempre mansa
Seu amor que não me cansa...
mel - ((*_*))
Nordeste, meu País onde o Rei usa chapéu de couro e gibão, corre por entre a caatinga na pega de boi, brinca vaquejada, come carne de sol com farinha, lugar onde nasceu o carnaval e a micareta, terra de Armandinho, Dodô e Osmar, Nordeste meu Nordeste, porque o destino reservou tantas alegrias? Tantos filhos ilustres? É para amenizar o sofrimento provocado pelo sol que assola nossa terra? Se for obrigado meu Deus por ter feito um povo forte para uma terra abençoada.
Nem todas as princesas usam coroas, algumas usam chapéu, sobem no cavalo e se jogam nas lidas do campo.
Nem todas as princesas usam sapato de cristal, algumas usam bota e bombacha e boleiam a perna pra dançar um fandângo de galpão.
E nem todas as princesas esperam pelo principe montado no cavalo branco, algumas estão sendo felizes sem se importar se encontraram o homem certo ou não.
Essas sim são princesas, mais do que isso... São donas do próprio destino.
Olho as lentas nuvens no céu....
olha, aquela parece um chapéu,
um elefante, um gigante...
que muda de instante em instante...
E assim sigo eu,
como as lentas nuvens do céu...
de chapéu, sem chapéu...
do tamanho normal
vivendo uma vida pra lá de normal.... bem real.
Deito na relva macia,
lembro de como era um dia
quando você me dizia
que pra sempres sua eu seria.
O céu continua azul...
teve seus dias cinzas e tristes,
derramou lágrimas
mas não guardou nenhuma mágoa...
E eu? Tive meus dias cinzas.. tristes,
sem esperança, sem alegria,
acreditei que não valia..
não queria
viver mais um dia, nem outro dia...
chorei, sim lágrimas e lágrimas derramei.
a alma lavei...
e mudei...
hoje meu coração de você limpei,
tudo o que era seu transformei
o mundo em mim renovei...
sombras e passado, tudo apaguei...
deixei lá atrás tudo abandonado...
Estou indo pra outro lado... do lado de lá... do mar
há alguém a me esperar :)
Ajeitei meu chapéu, desamassei a farda apressadamente com tapas e me aprumei. Entrei naquele navio cheio de esperanças, apesar de saber que estava entrando para a guerra. Entrei sorrindo, coisa que a maioria dos outros homens não estava fazendo. Sentei-me e fiquei calado, admirando o mar sumir na linha do horizonte. Estava tudo indo bem até que um outro marinheiro - provavelmente a exceção daqueles homens que parecia estar feliz pela decisão tomada - sentou ao meu lado e deu uma palmada em meu ombro.
- Olá, homem! - Disse ele. - Vejo que você é o único que está animado como eu!
- Sim, marinheiro. Acho que eles só estão vendo o lado ruim de estar na guerra.
- Concordo com você… - Depois de alguns minutos, voltou a falar. - Estou aqui em busca de aventura.
- Aventura não é bem a palavra que me trouxe até aqui… - Falei, dando de ombros.
- E o que lhe trouxe aqui?
Pensei um pouco e o respondi: - Só quero servir a minha nação com honra.
O moço riu um pouco depois poi-se a olhar o mar.
- Só estou aqui por aventuras. Qualquer outro motivo, eu descarto.
- E quais “aventuras” você espera? - Perguntei curioso.
- Bom, - ele finalmente voltou a olhar para mim. - pretendo lutar até a morte com meus fiéis companheiros, e se sair vivo, achar um amor em meio a terras desconhecidas.
Agora quem estava rindo era eu.
- Amor? Isso é sério?
- Vejo que você não acredita nele, não é?
- Não é isso. Apenas não tenho um pensamento tão ingênuo assim. Se eu sobreviver, ótimo. Se não, foi pelo meu país. Não penso em amores…
- Não mesmo? Imagine como seria fantástico encontrar uma bela moça que lhe desse lindos filhos e amor verdadeiro? Nem sequer pensa nisso?
- Acha mesmo que é possível encontrar um amor em plena guerra?
Ele suspirou, sorrindo. Levantou-se, deu mais um tapa em meu ombro e falou antes de ir embora: - É só por um “a” e o mar fica maior.
Em seis horas
O peso dos ombros, a coluna ereta
Riso, óculos e chapéu
Combinados e prontos pra sair
A identidade pintada para poder pisar a calçada e cuspir na rua
Até terminei de escrever as falas
Mas eram tristes para o dia de hoje que enchi a cabeça de cores
Ausentando-me do sopro frágil do suspiro
Ausentando-me da saudade da presença
Enxergando nas mãos o interior
Revolvo os motivos
Os utensílios, os vícios
Ressignificando o que me toca com ou sem dor
A estação é a mesma, ainda não passou.
Desejo
Um amor de mel
Da cor do meu chapéu, para você
Como você é lindo!
Beijo na boca,
Você me deixa louca,
De tanto desejo!
Eu fico até um pouco tonta,
De tanto pensar em você!
E fico perdida
De cabeça na lua,
Quando você atravessa a rua
Pensando em mim
Você me faz sorrir
Quando me faz ouvir
A sua linda ouvir
Doce perfume
Fortes palavras
Você é assim
Feito pra mim!
Eu queria um chapéu. a chave da tua casa. um nome para o teu olhar. eu queria a subida do vento, eu queria a história que somos. eu surto de sentimento, eu recolho a roupa que nunca estendi. eu faço vendaval no fim da tarde, eu escuto palavras que não foram compostas. eu queria tanta coisa e na verdade eu nem queria nada. porque ficar querendo é deixar de olhar. e não olhar é deixar de ver. e não ver é deixar de enxergar. e sem enxergar é impossível amar...
“Não suporto a ideia de regaçar as calças para ajoelhar, tirar o chapéu, franzir a cara, mudar a voz; tudo para impressionar a Deus. Se for dessa maneira, Ele nunca pode ser chamado de amigo.”
CHAPÉU-BARQUINHO
Por onde andará a minha ilusão?
Teria perdido-se nas vielas surreais
d'algum vale utópico
e, clamando por ajuda amargura?
Quem sabe...
com medo da tempestade
ficou escondidinha
ou aproveitando-se da calmaria
saiu... de fininho... de mansinho...
Ou... será?
cansou de ser ilusão
quis ter uma profissão
navegante
ajudante
comissária
estagiária
real ou imaginária?
Será que num porto seguro
encontrou seu comandante...
mas...
o que acontecerá doravante?
Respondo que muda
ficará minha escrita...
pálido meu azul...
triste minha lida...
norte meu sul...
E nem assim ela volta...
por onde andará
minha ilusão
não sei...
Preciso procurá-la
nos campos, rios,
mares,
bazares...
afixar cartazes
percorrer ruas
visitar lares
subir na grua
gritar pra lua
sentar na calçada
insone
tentar o tarô
ler um haikai
que atrai
consultar o oráculo
superar o obstáculo
displicente
encantar a serpente
de parapente
vasculhar o continente
Onde estará a minha ilusão
não sei
só sei que ela se foi
de mansinho
e levou consigo
o meu chapéu-barquinho...
Quando ficar velha quero usar purpura com chapeu vermelho, que nao combina e fica ridiculo em mim.
Vou gastar o dinheiro que tenho em uisque, usarei luvas no verao e me queixarei que falta manteiga em casa.
Vou sentar-me no meio fio quando estiver cansada, comerei todas as ofertas do supermercado, tocarei a campainha dos vizinhos, arrastarei o guarda chuva nas grades da praça, e só assim me sentirei vingada por ter sido seria durante a minha juventude.
Vou andar de chinelos, arrancar flores do jardim dos outros e cuspir no chão.
Vou usar roupas horriveis, engordar sem culpa, comer um quilo de salsichas no almoço, ou passar uma semana só na base de pão e picles.Vou juntar caixinhas, lapis e rotulos de cerveja.
Mas enquanto ainda sou jovem, preciso de um tipo de roupa que me deixe seca em caso de chuva, tenho que pagar o aluguel, nao posso dizer palavrão na rua, sirvo de exemplo para infancia, preciso ler jornal, estar informada, convidar meus conhecidos para jantar.
Por isso quem sabe eu nao deveria começar a treinar agora?
Assim ninguem vai ficar chocado quando derepente eu ficar velha e começar usar purpura.
Quem é essa figura...
Negro terno
Longa barba
Chapéu ou cartola...
Será que há
Coelho
Ou pombinhos lá...
Num ritual preciso
Com estirpe de mágico
Mas sem sorrisos...
Oh! Mundo...
De gomos e guetos
Como tangerina
A cuspir-mos caroços
Me faz pensar
Como se fossemos
Grandes mestres
A pincelar
Obras que julgamos
Primas
Mas que na verdade
Somos todos meras
caricaturas...
Vou lhe dizer uma coisa minha jovem, tenha sempre algo a mais na cabeça do que esse chapéu. Tenha cérebro. Sabe o que quero dizer?
É fácil fazer caridade com o chapéu dos outros! Difícil é encarar o desapontamento do pedinte; para ele, tanto quanto para mim, quando me recuso a colaborar!