A Gente se Ama
Pois eu sonhei contigo e caí da cama.
Ai, amor, não briga! Ai, não me castiga!
Ai, diz que me ama e eu não sonho mais!
Quem ama, algumas vezes precisa ter a sabedoria de um agricultor, que sabe que nenhuma planta cresce e dá frutos da noite para o dia. É preciso cuidar e esperar os frutos do amor.
ele diz que me ama, deseja
me quer para sempre, me pede
para ser sua mulher, me corteja
me faz confissões, me venera
me entrega sonetos, me beija
implora meu sim, me calo
depois penso melhor, que seja
"Eu te odeio", disse ela para um homem cujo crime único era o de não amá-la. "Eu te odeio", disse muito apressada. Mas não sabia sequer como se fazia.
Ainda que você me sacuda e diga que me ama e que precisa de mim: ainda assim eu matarei as borboletas e afastarei você com o gesto mais duro que conseguir e direi duramente que seu amor não me toca nem me comove e que sua precisão de mim não passa de fome e que você me devoraria como eu devoraria você. Ah, se ousássemos.
Como uma brisa suave e acolhedora tu chegaste e refrigerou o meu coração.
Coração esse que tu tomaste.
Meus sentimentos obscuros estavam.
Mas como na aurora o sol iluminou
Tu fazer-te me um homem novo e hoje todo teu eu Sou.
A gente briga, a gente se ama, a gente vai e a gente volta. A gente é da gente e da gente ninguém tira.
A única coisa pior do que um menino que detesta a gente.
Um menino que ama a gente.
Às vezes é preciso se afastar de quem a gente ama. Mas nem por isso, nosso amor por elas é menor. Muitas vezes, a gente até as ama mais.
Às vezes a gente ama tanto que só Deus consegue explicar... e é traído de um jeito que até o diabo duvida.
Todo mundo ama um dia todo mundo chora,
Um dia a gente chega, e no outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
E ser feliz.
PÍLULAS DO GRANDE SERTÃO
Coração da gente – o escuro, escuros.
Quem ama é sempre muito escravo, mas não obedece nunca de verdade.
Querer o bem com demais força, de incerto jeito, pode já estar sendo se querendo o mal, por principiar.
No sistema de jagunços, amigo era o braço, e o aço!
Amigo, para mim, é só isto: é a pessoa com quem a gente gosta de conversar, do igual o igual, desarmado. O de que um tira prazer de estar próximo. Só isto, quase; e os todos sacrifícios. Ou – amigo – é que a gente seja, mas sem precisar de saber o por quê é que é.
O amor? Pássaro que põe ovos de ferro.
Vivendo, se aprende; mas o que se aprende, mais, é só a fazer outras maiores perguntas.
A colheita é comum, mas o capinar é sozinho.
O diabo, é às brutas; mas Deus é traiçoeiro!
O diabo, na rua, no meio do redemunho.
O Arrenegado, o Cão, o Cramulhão, o Indivíduo, o Galhardo, o Pé-de-Pato, o Sujo, o Homem, o Tisnado, o Coxo, o Temba, o Azarape, o Coisa-Ruim, o Mafarro, o Pé-Preto, o Canho, o Duba-Dubá, o Rapaz, o Tristonho, o Não-sei-que-diga, O-que-nunca-se-ri, o Sem-Gracejos... Pois, não existe! E, se não existe, como é que se pode se contratar pacto com ele?
Quem muito se evita, se convive.
Julgamento é sempre defeituoso, porque o que a gente julga é o passado.
O que lembro, tenho.
Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende.
Quem mói no asp'ro, não fantaseia.
Quando se curte raiva de alguém, é a mesma coisa que se autorizar que essa própria pessoa passe durante o tempo governando a ideia e o sentir da gente.
Vingar... é lamber, frio, o que outro cozinhou quente demais.
Quem sabe do orgulho, quem sabe da loucura alheia?
Ser chefe – por fora um pouquinho amarga; mas, por dentro, é rosinhas flores.
Um chefe carece de saber é aquilo que ele não pergunta.
Comandar é só assim: ficar quieto e ter mais coragem.
Toda saudade é uma espécie de velhice.
Riu, de me dar nojo. Mas nojo medo é, é não?
Um sentir é o do sentente, mas outro é o do sentidor.
Tudo é e não é.
Mocidade é tarefa para mais tarde se desmentir.
Sertão é onde manda quem é forte, com as astúcias. Deus mesmo, quando vier, que venha armado!
O sertão é do tamanho do mundo.
Sertão: é dentro da gente.
O sertão é sem lugar.
O sertão não tem janelas nem portas. E a regra é assim: ou o senhor bendito governa o sertão, ou o sertão maldito vos governa.
O sertão não chama ninguém às claras; mais, porém, se esconde e acena.
O sertão é uma espera enorme.
Sertão: quem sabe dele é urubu, gavião, gaivota, esses pássaros: eles estão sempre no alto, apalpando ares com pendurado pé, com o olhar remedindo a alegria e as misérias todas.
A vida é ingrata no macio de si; mas transtraz a esperança mesmo do meio do fel do desespero.
A vida é muito discordada. Tem partes. Tem artes. Tem as neblinas de Siruiz. Tem as caras todas do Cão, e as vertentes do viver.
Manter firme uma opinião, na vontade do homem, em mundo transviável tão grande, é dificultoso.
Viver – não é? – é muito perigoso. Porque ainda não se sabe. Porque aprender-a-viver é que é o viver, mesmo.
Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou pães, é questão de opiniães...
Feito flecha, feito faca, feito fogo.
Vi: o que guerreia é o bicho, não é o homem.
Até que, um dia, eu estava repousando, no claro estar, em rede de algodão rendada. Alegria me espertou, um pressentimento. Quando eu olhei, vinha vindo uma moça. Otacília.
Meu coração rebateu, estava dizendo que o velho era sempre novo. Afirmo ao senhor, minha Otacília ainda se orçava mais linda, me saudou com o salvável carinho, adianto de amor.
Paixão
São sentimentos que o coração clama
E a gente fica sonhando com quem ama
E por vezes sentimos o cheiro do ser amado
Aquele cheirinho que embriaga e enlouquece…
E penetra em nosso corpo inteiro
A boca quer romper barreiras
Para a outra boca encontrar; num beijo…
Louco e abrasador
Nesse instante o coração bate forte e…
Sem que percebamos o seu descompasso
Não há como definir tal emoção
É um sentimento que envolve o nosso ser
Sem explicação e sem permição
É um bichinho que vai corroendo lentamente
E quando vemos já levou tudo de nós
Desta forma já fez um estrago…
No indefezo coração…
É um querer que não vê barreiras
Enlouquecido invade a alm e dilacera o peito
Queima, explode como um vulcão
Transforma vidas, meche com o emocional
Como enteder? Não há palavras…
Entenda com os olhos do coração.
Isso se chama Paixão!
Um dia me perguntaram,
como eu podia amar alguém que nunca vi,
e respondi: a gente não ama com os olhos,
mas sim com o coração e o coração sente quando é amor.