A Gente Inventa
A vida é efêmera
e isso é tudo.
O resto são as paixões
extremas
e os poemas
que a gente inventa
pra sobreviver.
Inventa.
Tanta coisa a gente inventa.
Inventa amor, inventa dor, inventa história.
Inventa briga, motivo e discórdia.
Inventa conversa, assunto e glória.
Inventa estação, vagão e coloca uma flor no chão.
Inventa mar, onda e Iemanjá.
Inventa vilão, novela e mocinho.
Inventa festa, casamento e docinho.
Inventa música, ritmo e banda.
Inventa carnaval, folia e dança.
B.
NOSSO AMOR
Não precisamos de roteiro,
de diretor,
o nosso amor a gente inventa,
não sou nenhum fingidor!
Assim é nosso amor,
sem regra,
sem tempo,
como disse,
não sou nenhum fingidor.
Fingir pra que?
Fingir é dor,
não queremos dor,
temos nosso amor.
Feita pra mim
Deixa eu dizer pra você
que O nosso amor
a gente inventa, fica pra
o Beija-flor de Cazuza e
que essa Ideologia ta errada.
Que Lenine pare de tanta Paciência
e calce a Sandália de Couro de "Jau"
"porque quem ama vai a luta".
E te falar que essa Insegurança é
coisa pra "Pixote".
Que foi um Engenheiro que fez
de você a peça que faltava
no meu quebra-cabeça.
Espero que o balão não caia na "rua do sossego", pois,moramos
no "lugar da alegria".
Quero ser feliz como Natiruts e
navegar nas ondas do teu mar
Sem ter medo da canoa virar.
Não quero viver "Sozinho" como o
Caetano, mas sim trazer a rosa da
"Primavera" do Tim Maia.
Não vou te contar "Mentiras" como
a Adriana Calcanhotto e sim passar
na sua casa com os Tribalistas.
Seu beijo é igual ao qual a morena
deu no "Edson"
Quero pedir licença igual a Elomar
quando pediu, e que
nosso amor seja mais
lindo que a Aquarela do Brasil.
Falar pra "Anitelle" que a gente
nunca sabe de quem vai gostar
como eu gosto de você.
Que mudaram as estações
mais nada mudou como disse
Cassia Eller e que vale a pena
lutar por você nesse mar de gente
do Rappa.
E se depois de tudo o Vento
do Litoral não soprar ao nosso
favor, só me resta dizer algo
Aquele Abraço!
Amor a gente inventa, tenta e depois requenta. Se não for aproveita-se enquanto queima, lambuza enquanto apetece e depois joga fora a panela estragada. Mas aí nunca foi. Como dias de sol esquecidos simplesmente porque o nublado acizentou. Se não é o sujeito é porque era objeto, direto ou indireto.
Voz Ativa
Depois a gente inventa
Uma outra maneira de falar
De uma forma que não arrebenta
Nos obrigando a calar,
Já que tudo que a gente diz
Dizem que é proibido
É coisa que contradiz
A um ser assim tão sabido
Depois a gente inventa
Uma maneira de falar
Porque todo rei
Tem sangue na venta
E quase nada ele quer escutar,
E por isso eu já não sei
Se eu falo,
Canto ou berro
Pra que um dia congele
Na garganta um calo
De tanto vomitar o que eu quero
Depois a gente inventa
Uma direção
Uma luz que levanta
E acenda teu coração,
Que já anda meio escuro e perdido
Vivendo em contradição
Depois a gente inventa
Uma palavra
Que seja tão só
Mas sempre dona da gente,
Que toma conta de nos dois
Quando levantar aquele pó
E nada mais se ver pela frente
Coisa dura tormenta
Palpite cego valente
Palavra arisca confusa
Diagonal do tempo serpente,
Que vibra cai
E não sai
Nos vãos desse cais
Já recai,
Quando perdido se acha que vai
E a boca intrusa
Num segundo retrai
Depois a gente inventa
Uma outra maneira de calar
Dessa vez um tanto diferente
Daquela que se tem de falar,
Que surdo que é surdo lamenta
Um dia não poder escutar
Pelos ares vai sempre voando
Algo que o povo dizia
Quando os homens
Na terra voltando
Ouvia somente o que queria
Parte que não preenche
Voz que não alimenta
É esse o mais puro vazio
De quem consente por fora
E se cala por dentro,
É nessas horas
Que eu já não sei
Por que será que ainda aguenta
E não abre esse jogo agora,
Todo dia só aumenta
E um segundo já demora
É coisa que o coração inventa
E logo já quer gritar,
Por tudo que tá engasgado
E já não dar pra esperar
Voz maluca quer correr
Quer cair na tentação
De quem fala por viver
Por gritar um coração
Que palavra enche o mundo
Enche mais que o ribeirão
E se não grita quer morrer
É como viver na escuridão.