A Genealogia da Moral
É confuso saber que a pessoa se cala diante do que julga imoral, e o aceita numa boa (ignorando totalmente o fato de que isso também lhe revolta), quando se faz conveniente para o seu individual. Ou se cala simplesmente por não se importar mesmo.
É claro, se o ato de moralidade escassa não o invadir diretamente. Fosse assim, de forma mais íntima a esse mudo, a dor indígna com a conduta errônea se sobressairia sim, provocando-o de maneira igual a buscar para si e um pouquinho só que seja, a mais de respeito moral também para o outro.
Manter-se firme aquilo que diz acreditar, é difícil quando só se almeja o que deseja da feira.
Consciência da depravação.
Governos, instituições, empresas e qualquer outra estrutura que acumule algum tipo de poder são geridas por homens. O que surge dessas diversas relações dos indivíduos em uma sociedade é a política. Por ser essencialmente um reflexo do relacionamento humano, tal ciência moral normativa não fica imune à maior chaga da natureza humana: a depravação. Logo, independentemente de suas inclinações morais, filosóficas ou ideológicas, o homem, em algum momento, será seduzido pelo mal que está presente em seu ser. Mesmo diante da escolha de trilhar um caminho virtuoso, justo, reto e ético, a sombra que habita o espírito humano exercerá sua influência e, potencializada pelo poder político, econômico ou social, irá desvirtuar, desnaturar ou deteriorar suas ações. Perceba, mesmo o mais justo ou santo possui essa chaga. Divinizar o homem, esquecendo de sua natureza depravada é um erro crasso. É considerar que uma árvore envenenada sempre dará bons frutos. Esquerda ou direita, liberal ou conservador, cético ou ideológico, o homem permanece homem. Não esqueçamos que a real confiança está na Verdade, no uno transcendente, no bom por essência e excelência, no Rei dos reis e Senhor dos senhores, a real confiança está no Pai.
"Contra as palavras preconceituosas, contra os olhares com asco, contra o desprezo e as brincadeiras ofensivas, erguia-se em mim o sentimento de fraternidade e discretamente pedia a Deus que os abençoassem.
Ao lado do abismo social que eu registrava todos os dias, formava-se um paralelo, um abismo moral: caíam máscaras, revelavam-se as misérias da alma."
Auferir o que lhe é devido por injustiça contra si é valoroso, mas não se redimir pelas injustiças contra outrem e continuar ponderando que a sua "razão" deve prevalecer sobre o sofrimento alheio de quem lhe foi vítima faz perder o maior de todos os valores: o seu caráter.
SOBRE A VERGONHA
A vergonha é um sentimento fundamental para moralizar a conduta dos
Seres Humanos.
A maioria das vezes as pessoas não dão valor ao caráter e sim a uma performance do que mais agrada o ego delas.
O efeito do pecado é o amortecimento das percepções morais, de modo que o malfeitor não se compenetra da enormidade da transgressão; e sem o poder convincente do Espírito Santo fica em cegueira parcial em relação ao seu pecado.
Entendo que quem quer o bem não se preocupa com o que o outro quer ouvir e, sim, se preocupa com o que deve ser dito.
Quem tem um dever moral para com o outro toma partido do que é certo e não teme pela indisposição.
O limite temporal da vida, seja ela curta e, ou, longa, não deve inibir o indivíduo.
Antes pelo contrário, contribuir para deixar o Mundo melhor do que encontrou é o dever moral e a missão do homem.
Cícero falava em 'cultura animi' (cultura da alma), e Horácio dava ao termo a acepção de enobrecimento moral.
Hoje em dia, 'cultura' significa a auto-badalação, o desejo de poder e a fome de dinheiro do 'beautiful people'.
Ficar em cima do muro significa não estar do lado de um e nem de outro, mas ao mesmo tempo estar do lado dos dois.
É não opinar para não perder a afinidade moral, a capacidade de se impor diante de um dos lados.
Mesmo que tenha convicção prefere afastar-se por temer perdas sentimentais e até materiais; ou seja, é hipócrita e covarde de merda.