A Culpa é minha me Perdoe
Uma das primeiras coisas que pedem a você na emergência, é que você dê uma nota de 1 a 10 pra sua dor. Me perguntaram isso centenas de vezes, e eu me lembro de uma vez que eu não estava conseguindo respirar, parecia que meu peito estava pegando fogo. Eles me pediram pra eu dar uma nota, embora eu não conseguisse falar, levantei nove dedos. Depois, quando comecei a me sentir melhor, a enfermeira voltou e me chamou de guerreira. Sabe como eu sei? Ela disse: Você chamou um dez de nove. Mas não é verdade, eu não chamei de nove porque era corajosa, eu chamei de nove porque… Estava guardando o meu dez, então, ele veio. O grande e terrível dez.
Todo salvamento é temporário — o Augustus retrucou. — Eu proporcionei a elas mais um minuto. Talvez esse seja o minuto que vai proporcionar a elas mais uma hora, que é a hora que vai proporcionar a elas mais um ano. Ninguém vai dar a elas uma quantidade infinita de tempo, Hazel Grace, mas a minha vida deu a elas mais um minuto. E isso não é pouco
– O.k. – falei.
– O.k. – ele disse.
Eu ri e repeti:
– O.k.
Aí a linha ficou silenciosa, mas não
completamente muda. Era quase como
se ele estivesse no meu quarto comigo,
mas de um jeito ainda melhor – como
se eu não estivesse no meu quarto e ele,
não no dele, mas, em vez disso,
estivéssemos juntos numa invisível e
tênue terceira dimensão até onde só
podíamos ir pelo telefone.
– O.k. – ele disse, depois do que
pareceu ser uma eternidade. – Talvez
o.k. venha a ser o nosso sempre.
– O.k. – falei.
E foi o Augustus quem desligou.
Você não pode simplesmente não falar com seu ex-namorado depois de os olhos dele terem sido arrancados do raio do rosto dele.
Há sete bilhões de pessoas vivas no mundo e mais ou menos noventa e oito bilhões de mortos. [...] Há cerca de quatorze pessoas mortas para cada vivo.
Uma hora cansa, por mais que se seja bondoso. Uma hora você não tem mais onde apanhar porque já ofereceu demais a outra face. Chega a hora que você está se magoando demais, sofrendo sozinho. Por mais que se seja esperançoso e por mais que seu coração perdoe mil vezes porque só consegue bater assim, uma hora você desaba. E pra seguir você tem que deixar bagagens. Porque são pesadas. Porque empurram com força seus ombros pra baixo e não lhe deixam sair do chão. Uma hora você precisa amar a si mesmo porque já amou demais um outro que não sabe o que é amor. E não! Você não tem que salvar ninguém que não quer se salvar. Não é sobre não amar o próximo, é sobre não dar a sua vida por quem lhe mata, por prazer, aos poucos e devagarinho. É sobre se amar pra sorrir de novo, pra tirar essa tristeza de dentro. Sobre se libertar. É sobre deixar ir, pra você poder voltar.