A Canoa
QUANTAS VEZES
Quantas vezes
Eu senti prazer
Em ler suas poesias
Quantas vezes
Eu me encantei
Com os versos que fazia
Quantas vezes
Você me surpreendia
Quantas vezes
Um novo poema surgia
Era diferente como escrevia
Quantas vezes
Na rede me embalava
Ouvindo a sua voz
No poema que falava
E me emocionava
Ah! Quantas vezes !
No banzeiro eu remava
Olhava o horizonte, na nascente
E via o céu e o rio, no poente
No encontro com a mata e me encantava.
Quantas vezes !
Descia o rio de canoa
Remava léguas pra te buscar
Na subida enfrentava a correnteza
Só pra gente ficar numa boa
Quantas vezes !
Fiz juras de amor toda hora
Nas noites enluaradas
No frio da madrugada
E ao romper da aurora.
Jose Gomes Paes
Poeta e escritor urucaraense
Membro da Abeppa e Alcama
Soa
Uma amada vira patroa
O marido logo enjoa
E a relação destoa
O amor agora magoa,
Toda a alegria voa
Trazendo dor que ecoa
Tomada a sua coroa
Seu lar já não abençoa,
Pelo contrário, amaldiçoa
Esta alma linda e boa
Passa comer, semelhante a leitoa,
E no banho não se ensaboa
Transtornada, essa pessoa
Torna-se feroz leoa
E sai à caça, à toa
Contra o ex, apregoa
Vingança e não perdoa
Mesmo que, interna, se corroa
Solitária como canoa
Ela, ao primeiro, se doa
Que belas palavras entoa
Mas a doença ainda agrilhoa
Afogando-a numa lagoa,
De tristeza que tanto escoa.
Rodemir 230919
"A gente não deve permitir que o tempo passe por nós. Somos nós que devemos passar pelo tempo. Somos criaturas mortais com heranças de eternidade ...não somos relógios. Temos portanto o privilégio de passar no tempo como a canoa que desliza nas águas serenas de um lago. Somos a canoa e a eternidade é nossa."