Tango
Meu engano, seu ato...
Foste meu tango, meu fado
Eras meu moreno, meu pardo
Meu tigre, feroz leopardo
Meu amor, conserto e estrago
Que me conduzia desde o tablado
A um céu de magia desencontrado
Vem e me devolve o chão roubado
Para que eu siga meu destino fadado
Príncipe mascarado de mil encantos
Que me lançou à sorte dos lamentos
Dos risos ausentes, a chorar pelos cantos
Num um palácio forjado de sonho inventado
Como chegamos a esse final?
Tudo o que era pra ser alegria, se fez fatal
Porque em ti, vigorou o irracional animal
Que trocou o respeito por todo um mal
Foi no coração que tudo findou
Sua valentia, insana e demente
Marcou mais que minha pele e mente
Foi ela a algoz do amor que uniu a gente
Por você eu dançaria tango no teto, eu limparia os trilhos do metrô e até mesmo pararia de exagerar dessa forma.
Rodopias no meu pensamento como um tango no meu olhar...
Agarro-te nos meus braços fortes como aquela rosa na minha boca, e o teu cheiro entra subtilmente nos meus poros adormecidos.
De forma ritmada, compassada e deslumbrante,conquistas o júri do meu coração, e seduzes a plateia dos meus sentimentos...
Nas minhas horas vagas tento dançar tango no teto, tento tirar das coisas monótonas um coelho da cartola. Tento fazer poesia, bem desajustada, bem fora da casinha. Tento dar o ar da graça. Me inspiro, me reinvento, me completo. E aí que reconheço que as pequenas coisas têm um valor implacável..
Por Você
Por você
Eu dançaria tango no teto
Eu limparia
Os trilhos do metrô
Eu iria a pé
Do Rio à Salvador
Eu aceitaria
A vida como ela é
Viajaria a prazo
Pro inferno
Eu tomaria banho gelado
No inverno
Por você!
Eu deixaria de beber
Por você!
Eu ficaria rico num mês
Eu dormiria de meia
Prá virar burguês
Eu mudaria
Até o meu nome
Eu viveria
Em greve de fome
Desejaria todo o dia
A mesma mulher
Por você! Por você!
Por você! Por você!
Por você!
Conseguiria até ficar alegre
Pintaria todo o céu
De vermelho
Eu teria mais herdeiros
Que um coelho
Eu aceitaria
A vida como ela é
Viajaria à prazo
Pro inferno
Eu tomaria banho gelado
No inverno
Eu mudaria
Até o meu nome
Eu viveria
Em greve de fome
Desejaria todo o dia
A mesma mulher
Por você! Por você!
Por você! Por você!
Nã nã nã nã nã
Eu mudaria
Até o meu nome
Eu viveria
Em greve de fome
Desejaria todo o dia
A mesma mulher
Por você! Por você!
Por você! Por você!
Por você! Por você!
Por você! Por você!
Por você! Por você!
O sentimento das palavras sem sentido as vezes tem um ritmo tão envolvente quanto o tango de uma valsa circense.
Palavras dançam pelas linhas.
Pulam e festejam, por serem escritas.
Formam pares, dançam tango e valsa.
Mas poucos descrevem a profundidade.
Poucas mergulham sobre o mar de sentimentos.
De autores que as ditam, sobre os próprios consentimentos.
É uma viajem do auto reconhecimento.
Pois mal vistos, por sermos apaixonados.
Poetas usam rimas para sentimentos.
Letras para descrevê-los.
Palavras para a própria razão.
A pura e verdadeira sensação por escrito .
Pouco tango
pra tanto pranto
Muito canto
pra pouco encanto
Muita flor
pra pouco amor
Pouca cor
pra tanta dor
Ó TANGO QUERIDO!
Ritmo poético! O bailado em prosa
Versos de um amor não esquecido
Que no teu âmago foi adormecido
A ilusão cheia de perfume de rosa
Bandonéon sofrente, sussurrante
Que desperta o peito e nele brade
Num compasso pesado e vibrante
O instante de evocação a saudade
Ritmo d’alma, de sensação errante
Que leva o sentimento tão distante
E traz comichão ao coração sofrido
Ah! balada de insânia dum passado
Sonhos, devaneios, desejo sagrado
Inesquecível paixão, ó tango querido!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
12 março, 2022, 17’00” – Araguari, MG
BRINDE NOTURNO
Uma taça de vinho,
uma fatia de queijo
o tango à meia luz,
um sabor de beijo.
Pensamentos brotam espontâneos,
incontroláveis, irreveláveis, instantâneos;
mas como no campo de milho
nem tudo é grão e nem tudo é espiga,
apenas “recuerdos de mi vida”.
Tintin.
Bombom do tango
Dançou a dança e escorregou com amor de salsa
Seu bombom sonho de valsa
Era samba em conteúdo!
E o surdo mudo
Demorou a ver o estrago
Pressentiu seu ombro largo
Que amava por dois anjos!
Ao amar amor do achar
Embebeu seu belo olhar !
Era mesmo uma novela
Sua pele de canela
Perfumava o ambiente!
Que agora teima
A falta que ela lhe faz
Sua sombra tão audaz
Dança tango
E a pele queima!
Se a tua vida não puder ser uma tragédia grega – por amor de Deus! – não a faças um tango argentino...
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