Coleção pessoal de LucianoSpagnol

1 - 20 do total de 2613 pensamentos na coleção de LucianoSpagnol

⁠PERDURAR

Se poeto verso cheio de piedade
Com rima leve de coração gentil
Retalham-me inquieto e tanto vil
Com a poética cheia de vaidade
Não quero maldade, nem deidade
Tão pouco um cântico mais hostil
Mas sim, sensato, amoroso e sutil
Feito com sentimento e suavidade

Meu amor delira, meu peito chora
Sinceramente, no prosar e, assim
Embriagado na inspiração, aflora
Ah! Paixão, dá-me o tom no viver
Tira a exclusão de dentro de mim
Para não deixar a emoção morrer.

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
09 maio, 2024, 12’28” – Araguari, MG

⁠MENTIRA

Acreditei em ti, poética, no emocional
Verso, foi assim, que me vi com ilusão
Cevando dentro de mim algo especial
O amor singelo e ledo, na composição
Pensei ter alcançado então, um final
Enredo, cheio de alegria, de emoção
Tão desejado, e, tão transcendental
Num soneto com sentido e sensação

Tudo em vão, mentiste, burlou tudo
Disfarçou cada detalhe do conteúdo
Deixando túrbido poetizar que delira
Ah! a ode de paixão que tanto ansiei
E o sentimento que contigo poetizei
Acabou, afinal, sendo uma mentira!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
08 maio, 2024, 13’18” – Araguari, MG

⁠LACRIMANTE

Soneto, vivo tão só, numa rudeza
Onde o versejar se dilui em pranto
Longe do prazer cheio de encanto
Aonde a minha poética está presa
As rimas são ao verso só incerteza
Tristeza, onde o meu sofrer é canto
No entretanto, o amor é tanto, tanto
Em uma poesia frágil e tão indefesa

Ando inquieto, o coração com desejo
De um sussurrar tão de ele distante
Que endoida, e que na paixão a vejo
Em cada uma das linhas, um instante
Que retumba pelo ar, tal a um realejo
Solitário, com o impar tom lacrimante.

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
07 maio, 2024, 18’44” – Araguari, MG

⁠ERRO NOS SENTIDOS

Enfim, posso suspirar! Eu já chorei
Os versos chorados de quem sente
Com poética amargurada, presente
No sentimento do amor que tentei
Se tudo foi só ilusão. Eu já nem sei
Se foi minha, ou da sina. A cadente
Emoção, que doravante é ausente
E, que dói no coração. Não ansiei!

É assim, meu aperto, eu, que vivera
No engano da possibilidade perdida.
Do afeto, o erro nos sentidos impera
Então, minha sensação, vive ferida
Que, pra não amargar, antes valera
Estar no querer por toda uma vida!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
05 maio, 2024, 17’25” – Araguari, MG

⁠MINHA ARAGUARI

Terra do “Brejo Alegre”. Onde canta o Bem te Vi
Nos buritis, saudando o alvorecer no céu rubente
Onde há agrado de o bom viver, altaneira Araguari
Cravado no “Sertão da Farinha Podre”, brava gente!
Terra do café, no cerrado, qualidade encontrada aqui
Pão de queijo, biscoito de goma, sai do forno quente
“Água da baixada das araras”, surgiu do Tupi-guarani:
Araguá-r-y... Orgulho de Minas Gerais, paixão latente!

Terra do “ar perfumado das flores do mato”. Aparato
Do sertão, vida e sensação, hospitaleira, isto é fato!
Onde o cair do sol num espetáculo de pura emoção
Meu Araguari, onde a beleza tem um olhar singular
Onde todo dia tem um fim, mas, todo fim o recomeçar
Poetando “as estrelas beijando o regato” do coração!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
02 maio, 2024, 07’46” – Araguari, MG

⁠MISTERIOSA SAUDADE

Misteriosa saudade que só devasta
Que só corrói, aperta, que só surra
Falta de paz que do sossego afasta
Como se fosse sensação que hurra
Oh, bravia saudade que nada basta
Que existe em uma dor tão escurra
Sussurra no ser uma figura nefasta
Deixando no gosto amarga saburra

Intensa saudade quase mortífera
Que desfolha a florida primavera
Duma sina, então, desencantada
Que usura, e a uma ilusão conduz
Criando frieza que tormento induz
Catucando o juízo na madrugada.

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
01 maio, 2024, 04’22” – Araguari, MG

⁠TACHO (soneto)

Quantos doces em alquimia
Colher de pau, a calda densa
A ferver, compotas na dispensa
O tacho em sua eterna poesia
Queima a lenha, ferve a água fria
Nas labaredas estórias pedem licença
E nós sabores, só tu fazes a diferença
Das caldas, doces, deleitosa iguaria

Os açucarados da infância, delicia
O tacho ora quente, ora esfriando
Se espirrando, não foi de malicia
É sua natureza, da receita, mando
Mexe, remexe, expectativa, perícia
No fogão de lenha ele é comando...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
01 de maio de 2020 – Triângulo Mineiro

⁠PAINEIRA (cerejeira do cerrado)

A paineira da beira da estrada, florida
Com flores incontidas, belas, rosadas
Está mesma “barriguda”, desmedida
“cerejeira do cerrado”, tão iluminadas
No poetar meu, de vós, inteira, é vida
A poesia com suas rimas aveludadas
Quem sabe até da sedução prometida
Ao Outono, e na fascinação estacadas

Está, que me assombra e maravilha
De pétalas rosas e miolo amarelado
Bailando suave, e ao vento rosquilha
E tua pluma branca no fruto moldado
Pelo ar, voa, entoa, e pelo chão trilha
Em um espetáculo da poética ornado.

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
28 abril, 2024, 20’22” – Araguari, MG

⁠MEU POBRE SONETO

Ele sussurra com uma dor sofrida
Que esmaecido chora na emoção
Tal a uma lágrima na falta sentida
Que bate forte o apertado coração
Ele canta com a sensação pendida
Dos urutaus, que cantando em vão
Entoam cantos de sisuda despedia
Soando saudade adentro do sertão

Um versar gemido e de melancolia
Que rola na trova com árida agonia
Com frios sentimentos superficiais
Meu pobre soneto, tão moribundo
Que quer arrebatamento profundo
E vive o sonho, que não volta mais.

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
27 abril, 2024, 18’17” – Araguari, MG
*à amiga Lucineide S. Ghirelli

⁠DE SONETO EM SONETO

De soneto em soneto vai o tempo já passado
Do versado fado, as ilusões, na ridente aurora
Dos cânticos encantados, e canto enamorado
De uma poética cheia de sensação de outrora
O tom que no estorvo se sentiu abandonado
O perfume na lembrança, que lembra agora:
O amor perdido, a infância ida, ali arruelado
Na recordação. Ah! tudo vivente a toda hora

Apressado, fugaz, e o versar vai observando
Cada linha, um toque de memória, morrendo
No tempo, guardado na emoção, até quando
For somente uma lembrança, ainda sendo!
E, de rima em rima aquela ocasião rimando
O soneto na saudade e a toada desvalendo.

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
24 abril, 2024, 07’39” – Araguari, MG

⁠VERSOS MURCHADOS

Pelo soneto saudoso vou versejando
Verso choroso de emoção carregado
E pela poética a agonia vai passando
Suspira, sussurra, ah! sentir danado!
Trova e canta o canto, assim, rimando
Com a rudeza do vazio, tão atordoado
E a alma do sentimento vai murchando
Deixando sem comando o ritmo do fado

Guarda escondido dentro desta poesia
Um tesouro de amor, outrora de alegria
E, a paixão de um romântico coração...
Nem se compara os dias tão elevados
Versados aqui sem reação, despejados
Murchados e, sem qualquer percepção.

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
23 abril, 2024, 19’45” – Araguari, MG

⁠SER E NÃO SER

Se disser que não é árduo estou fingindo
Mas no versejar ter-te certo, não consigo
E, nesta sensação o verso vai seguindo
Ser e não ser, ó dúvida, que há comigo?
Se a saudade adentra, dela vou saindo
Mas, ao lado teu, deixo o amor contigo
Sentir teu perfume, arfada vou sentindo
E parar de pensar em ti, infeliz castigo

Se o soneto matutar por ti, descomeço
Se na ilusão me perco, como padeço
Cheio de emoção, emotivo sem saber
Quanto mais a poesia de te está vazia
Mais guardado na prosa, ah! teimosia!
Dando vacilação e objeção sem querer.

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
22 abril, 2024, 17’45” – Araguari, MG
*paráfrase Bernardina Vilar

⁠LUAR DE ABRIL

Na imensidão do céu, eis o luar
Cá no planalto, alvo de candura
Atraente, seduz o amor a trovar
Toando o negror da noite escura
Oh lua clara que surge em prece
Dando ao sertão diáfana tintura
Divinal tom, que o encanto tece
Ao sentido esplendida candura

Cor caiada, etérea luz, especial
Traçando no espaço sensação
Cintilando florescência no vazio
Luz densa de um leitoso cristal
Reina rútilo, insuflando emoção
No cerrado regalado luar de abril.

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
21 abril, 2024, 19’57” – Araguari, MG

⁠A VOZ DA SOLIDÃO

No vão da noite sombria, deserta
Tão silenciosa, envolta em arrelia
O repouso torna a cena irrequieta
Em um tenso sussurro de agonia
A enodoada alta noite terrificante
Povoada de uma vontade, irradia
Aperto, onde não há o que cante
Nem o poema sem a melancolia

Na treva da escuridão a coruja pia
Rompendo o vazio no tom dolente
Tal um cântico de acerba sensação
O pensamento da gente silencia
O coração arrepia tão vorazmente
E, merencória fala a voz da solidão.

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
20 abril, 2024, 13’58” – Araguari, MG

⁠DISPARADA

Ó inconstantes poesias pressurosas
Escorrem da inspiração apressadas
No alvoroço de ilusões impetuosas
Sobre desígnios, com asas agitadas
Tudo é fugaz, e pouco as corajosas
Sensações. Frenéticas e tão aladas
Emoções. São torrentes fragorosas
E muitos os sentidos das estradas

Pelo verso, zumbindo, o sentimento
E celeremente passa o pensamento
Devaneia, e corre pela madrugada
E, assim, nos versos de incertezas
Estorvos, acasos, súbitas surpresas
Desenhando a vida em disparada!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
18 abril, 2024, 20’21” – Araguari, MG

⁠CERRADO EM FLOR

Como é poético sentir a primavera
Quando de flor recama o cerrado
O matizado tinge, o aroma impera
Boa-nova, vida, sertão demudado
Tudo encanta, canta e reverbera
O céu com o um azul ensolarado
O escurecer estrelado, em espera
O eclodir em graça, ali desenhado

A primavera no cerrado, anuncia
Inspiração num verso perfumado
Ornado de alegria, e tenra poesia
Então floresce o fascínio, ao lado
Do amor, da beleza, tudo é magia
Afinal, é a primavera no cerrado!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
18 abril, 2024, 06’32” – Araguari, MG

⁠ALEGRE SONETO CONTENTE

O meu alegre soneto contente
Canta, celebra, e feliz da vida
Esquece o peso, vai em frente
Na sua satisfação destemida
E nesses versos, tão presente
A extensa felicidade incontida
Que adentra a alma da gente
Alastrando na emoção sentida

O bem estar é são, tem clarão
Fazendo da vitória, boa razão
Enchendo de ovação e clamor
Meu alegre soneto, bem sabe
Que agrado, sensação, cabe,
Na fortuna dum grande amor!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
17 abril, 2024, 17’44” – Araguari, MG

⁠QUISERA, O QUE NÃO FUI

Quisera ter amor no verso de paixão
Ter carinho, gesto, estar enamorado
Sentir na poesia gentileza, a emoção
Ser olhado, estar encantado, amado
Quisera a singeleza em cada fração
Tal um lírio perfumado, tão delicado
Poetar o poema cheio de sensação
Nesta ilusão o tudo com significado

Quisera ser poeta, para dar-te poesia
Na prosa a palavra que acole, alumia
E sentir no meu versar o que conclui
Quisera ser a harmonia uma ternura
Ter da sedução a emoção mais pura
Quisera ser, ter, enfim, o que não fui.

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
16 abril, 2024, 12’48” – Araguari, MG

⁠FADO

Poeto triste cansado, inspiração vazia
Os versos sangrando de muito sentir
Atrás duma atração dentro da poesia
E que não pude na poética conseguir
Na ilusão, imaginei, ideei noite e dia
Sem nunca da rima sentimental fugir
Fraquejar, não, pois a fé o meu guia
Na narração a melancolia vem residir

Poema exausto, sussurrante, lento
Cheio de censura, dor, de lamento
Saem da prosa em soturna fornada
Assim o desengano grifa o conteúdo
Cutucando a alma com canto agudo
E em um talvez, não encontrei nada!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
15 abril, 2024, 19’44” – Araguari, MG

⁠SEMELHANTE

O cerrado, místico, denso e feiticeiro
Sinuoso, diversidade um repleto veio
Espinhento, áspero, e singular cheiro
De magia vai deixando o poetar cheio
Se a secura envolve o agreste roteiro
Embora seja, a chuva também é meio
Pancadas, carregadas, vento violeiro
Que canta nos buritis, vergado esteio:

Então, ora acinzentado, ora matizado
Teimoso e fagueiro, pincela o cerrado
Tudo converte, a quantidade aprouver
É semelhante ao cerrado o meu fado
Ora descorado, ora tinto, vou variado
E neste tom, irei onde mansidão tiver!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
15 abril, 2024, 12’20” – Araguari, MG