Textos de Paz
A perfeição é inatingível. Então, por favor, deixe-me viver na imperfeição. Não tente me mostrar que a vida é perfeita, pois nem mesmo a criatividade é linear. Faça algo por muito tempo, e você retornará de onde começou. O mundo é assim, ele não é plano e o seu ciclo vicioso de buscar certezas não existe. Somos artistas natos até começar a retratar nosso viver com amor, com paz, com pequenos gestos. Mas em determinado momento a tinta acaba e as inspirações tornam-se passageiras. Então, você percebe que a vida só pode ser bela quando você perde tudo. Antes disso, você sequer se importava com os talentos que possuía.
Eu corro atrás, digo que sinto falta, peço desculpas, sou trouxa e faço o papel de apaixonado clichê. Insisto mais um pouco, evito receios, presto atenção nos detalhes e faço de conta que sua futilidade não tem nada a ver. Mas quando eu disser chega, não adianta, perdi o encanto: o meu desinteresse é seu.
Esses sentimentos ingênuos de amor devem ser um dos monstros que cercam minha imaginação, meu passado. É por isso que tento não me apegar tanto a pessoas do agora, se der vontade de me atirar em alguém, eu me atiro, e amo. E sim, meus silêncios fazem parte da minha vida, eu grito à saudade quando achar convincente. Enquanto alguns desapegos fazem um bem tremendo, algumas lembranças torturam.
Diga o que você gosta com o corpo, seja vulgar, adore ídolos imorais, fale bêbado o que você não falaria lúcido, esqueça seus ideais e troque-os por algum dinheiro sujo, procure um pouco de paz na mediocridade alheia, deixe de amar seus sonhos e sobrescreva-os pelos desejos imundos de alguém. Afinal, este é o reinado da profanação, onde as pessoas exaltam por fora o que não possuem por dentro: conteúdo.
Você não percebe, mas desde o momento em que você nasce você se sente menor. É unidimensional isso. Às vezes as pessoas irão te tratar como o personagem de algum desenho e às vezes, como um nada mais. Na verdade somos apenas humanos com um coração batendo dentro do peito, é a triste realidade que muitos nunca irão entender. Se você é inteligente demais, as pessoas te odeiam. Se você é tolo o suficiente, elas te desprezam. Esteja totalmente insano, até que elas te julguem, humilhem, joguem pedras e façam de você, elas mesmas.
Chorar de verdade não significa estar triste. Às vezes, apenas estamos felizes sem saber como dizer ou demonstrar isso. Batemos tanto no edifício da negação, que acabamos criando miragens onde não existem desertos. Em desacordo, sorrir não tem nada a ver com a felicidade. É possível estar aos cacos por dentro, permanecendo extasiado por fora.
É esse sangue em seu corpo que você chama de vida? Nem tanto. Seu sangue apenas entorpece os limites da dor, num emaranhado de pensamentos que assombram seus medos mais profundos. Todas as lágrimas viram ouro líquido, desabando nas emoções e terminando pelo suspiro final. Ame enquanto é possível, só nos arrependemos quando chegamos perto demais de desistir.
Se você tivesse uma máquina do tempo e ela voltasse apenas dois dias atrás. O que você mudaria? Seria menos ansioso, mais calmo? Iria abraçar alguém, diria que sente falta? Jogaria seu arrependimento no lixo, faria as pazes consigo mesmo? Arrumaria seu quarto? Visitaria um amigo de longa caminhada? Escreveria uma frase de ódio ou amor? Tomaria um sorvete qualquer? Convidaria a pessoa dos seus sonhos para sair? Mas não, você não pode voltar no tempo, não pode apagar uma lembrança sem antes perdoar suas atitudes. E por que não recomeçar agora?
Brigas, silêncios, diferentes pontos de vista e retornos que incitam as mesmas desculpas de sempre. É, são vocês dois. Dois orgulhosos. Se algo bate uma vez, não adianta ficar dando porrada na insistência. Os dois se destroem, os dois quase se odeiam no amor. E se o tempo não souber o que fazer, os dois se arrebentam do mesmo jeito. São apenas dois teimosos provando que não precisam um do outro.
Um dia você perceberá que quem te ignorou e você tanto se importou, na verdade, não era a alma gêmea da sua vida. Um dia você descobrirá que para ser feliz com uma pessoa, é preciso, acima de tudo, não precisar dela. Um dia você entenderá que a pergunta “há vidas sem valor” nunca fez tanto sentido antes. Um dia você olhará para o espelho e se perguntará o que aconteceu - odiando a si mesmo. Um dia você saberá que o entendimento sufoca e a vida se vai. Enfim… Um dia você aprenderá a renascer com a respiração tortuosa do tempo.
A vida é uma nebulosa de dúvidas onde pouco se vê e pouco se entende. Não adianta desdobrar um roteiro para ler o seu futuro, não adianta revirar uma gaveta com a intenção de ressuscitar o seu passado. Certas portas não possuem uma chave e às vezes, viver de cacos e rabiscos pode ser a melhor das fugas.
Fico contente ao admirar pensamentos que transbordam uma emoção incrível, onde duas linhas são suficientes para reanimar uma vida. Agradeço de coração a aqueles que escrevem com a alma e nunca por aceitação. Esses sim, esses são realmente capazes de serem poetas sem fazer poesia. Gosto do fato de saber que grandes pensadores suportam uma dor maior do que podem carregar, mesmo que isso seja árduo e inexplicável. O maior desafio de ser escritor não é escrever, mas preencher o peito de alguém com palavras tão belas que não cabem num papel.
Somos como um livro esquecido nas areias do tempo. Somos pó, um pedaço de papel, a magia em forma de palavras. Fazemos parte do desconhecido, adormecemos na penumbra perpétua. Somos ignorados, somos a capa cor de vinho que não condiz com as letras douradas. Talvez não somos nada, nem ninguém, para alguém. Mas sempre existe um outro alguém e esse ninguém nos encontrará. Seremos folheados e nossos lábios dirão o que as palavras insistem em negar: um romance, que se desvenda além do corpo e da mente. Não é para ser lido, mas sentido.
Eu preciso disfarçar que não sinto mais falta. É sombrio isso, a saudade não é um parque de diversões, é como um fósforo riscado diante do combustível. Tudo explode, a vida torna-se uma pilha de cascalho e você se arrasta entre os cacos da dor refletida em milhares de espelhos. O vazio te alcança e a pessoa em questão desaparece de vista no outro lado da alma.
Ser confiante em algo tem lá suas desvantagens. O fato de confiar nas pessoas que estão presentes em seu círculo vicioso faz de você um ser ingênuo. Mas se isso é algo bom, restam algumas montanhas para serem escaladas e objetivos para se cumprir. Você certamente não deixou todas as suas cicatrizes neste planeta, está apenas começando.
Apesar de negar o contrário, eu sempre desejei cada pedacinho da sua atenção. Provavelmente vou enlouquecer sentindo o cheiro da sua pele assombrando meus pulmões. Talvez eu tente convencê-la a voltar, ouvindo um não, que ilusoriamente será o feito mais saudável desde que você me jogou nesse túmulo de lembranças. Sairei quando for possível, empurrando palavras contra minha garganta, sabendo que o pior já se passou. Sinto a saudade em meus ossos, em cada cicatriz impregnada na parede, em cada pensamento descrito na porta. Ficarei sóbrio, enquanto eu tentar salvar a mim mesmo. E quanto a esse orgulho, não se sinta negligente ou imprudente, não tente refazer seus passos igual um fantasma, o passado estará sempre lá para te assombrar.
Tenho desistido de muitas coisas, mas não de mim mesmo. Sei o que não vale a pena, o que não me completa. E se continuo indo a algum lugar é porque restaram alguns sonhos. Ninguém vive só de pessoas e reciprocidade, elas se vão e amor enche de erva daninha. Não é uma dor física, é algo que rasga a alma e rabisca o papel. Simples assim, as palavras saem como um tiro de canhão, não desejam mais nada, apenas vitalidade. Amor próprio é aquele que você encontra quando tenta carregar um peso vazio, um peso que nem sempre condiz com a sua tristeza.
Quem me dera fosse drama o que estou sentindo, embora passe bem longe disso. São crises de orgulho misturadas com doses de incerteza. É saber que tanto me importei com alguém que pouco se lixou. Meu bem, eu tenho vontade de revirar essa sua cabeça de borboleta e deixar um recado nada gentil lá. Seria algo assim: sua idiota, eu te amava.
Vejo o espelho e encontro eu mesmo. Nesta jaula mental eu permaneço aprisionado. Olho para minha criança interior e sussurro: cuidado com os sonhos. E eu seguro ela para ela não chorar, diante de olhos que se tornaram geleiras. Minha fraca respiração guia o vento, enquanto eu destruo o inquebrável. Liberdade, para um coração que é um oceano e pensamentos que são uma galáxia. Apenas observo os imbecis, porque é assim que me sinto: perdido, nessa selva sádica onde todos falam, mas ninguém entende nada.
Sei que é errado. Estou esperando um amanhã, uma pessoa certa, um dia que pode não chegar. Talvez um dia eu esteja com 50 anos, sem amor, sem ninguém, aguardando pétalas caírem do teto por tentativas que nunca fiz. Não haverá uma família para relembrar de mim ou alguém para sussurrar meu nome. E tempo não volta, muito menos arrependimento pra corrigir algo.