Sorte e Merecimento
E ela me lembrava que a vida podia ser um pouco mais que encontrar a galera no bar no meio da semana para uma conversa fiada. Que às vezes você tinha a sorte de encontrar alguém que era capaz de ouvir as questões existenciais que você tinha para compartilhar sem rir ou fazer pouco caso. Que amizade era muito mais que ir a festas – era arrombar portas por quem você se importava se fosse preciso.
Insensibilidade, ganância, egoísmo, inveja, tirania, incompetência, falta de projectos, analfabetismo, obscurantismo, tribalismo, regionalismo, corrupção e péssimas lideranças; tem sido a má sorte da Mãe África.
O continente berço da humanidade é também o continente da desumanidade.
“Quando você corre numa planície, a mente o domina; Quando você sobe uma montanha, as pernas o dominam. Mas quando você desce uma ladeira, seu controle está na própria sorte.”
A vida não tem um manual, a vida não é para ser fácil, onde está escrito que todo mundo nesse planeta vai ser feliz? Não vai. A gente se acostuma. Uns tem mais sorte que outros e muitas vezes para a gente ganhar alguém tem que perder. E não dá para chegar em um consenso.
Fizemos uma fratura na terra.
Eu ouvi o barulho do chão se abrindo.
Duas placas se chocaram
e fizeram um buraco que dá para o céu.
Coisas estão sendo lançadas
para fora do buraco.
Estamos flutuando agora.
Deixamos expostos
o que há no centro de nós.
Todo mundo nos vê.
Agora somos um espetáculo celeste.
Estão nos contando antes de dormir,
como quem conta as estrelas.
Foi a primeira vez que contaram amor
em vez dos astros.
Não há sorte nem azar
para quem conta amor.
São todos espectadores
da sorte que temos
em viver um amor estratosférico.
E a fratura, aqui de cima,
é tão pequena,
que já nem existe mais.
Ser muito inteligente não é garantia nenhuma de sucesso, Tesla morreu pobre. Sucesso tem mais haver com sorte do que com preparação e competência.
O brilho da vitória esconde as nossas lutas e abdicações, por isso para outros parece que tudo foi sorte.
A UM TRISTE (soneto)
O meu destino é talvez a do azar
Jurando as venturas... de maneira
Que com o acaso se possa sonhar.
Vidas de má sorte várias, herdeira!
Outros êxitos talvez já pude gastar
Fui, um aventureiro na tranqueira
Do fado. E infausto agora a chorar
Ou pesado no sortilégio, na beira...
É brado num temor sem tamanho
Num luto da felicidade: permitidos
Mártir na dor, um desígnio estranho
Por isso, lamento aflição e pranto
Sentimentos dos heróis vencidos.
E com a alma cartada no recanto...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro, 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
picadeiro
estou num picadeiro
na arena sou mágico
trapezista, Brasileiro (até no sobrenome)
de compasso trágico
poeta por inteiro...
eu sou equilibrista
no desequilíbrio...
nas horas vagas pipoqueiro
dum circo de ludíbrio
corriqueiro!
sobrevivente!
paralelamente um sonhador
na arte dum eterno amador
vivo num suspense
neste bio circense!
© Luciano Segantini Brasileiro Spagnol
poeta do cerrado
26 de setembro de 2019
quinta feita, 05’55”
Araguari, Triângulo Mineiro
"Talvez eu goste do 07"
Talvez por conta que passei 07 meses internado...
Talvez porque foram 07 segundos sem batimentos cardíacos, entre o céu(ou Hell) e a terra...
Talvez por que minha maca tinha o número 07 estampado.
Talvez porque foram 07 vezes que eu lembro que disse
"Eu te amo" a alguém...
Talvez seja 07, talvez seja 08, talvez seja 09... mas a certeza que tenho é que Deus, me deu mais de 07 oportunidades de viver novamente!
Talvez 07 seja meu número da sorte... talvez...
E eu passo, tão calado como a Morte,
Nesta velha cidade tão sombria
Chorando aflitamente a minha sorte
Um dia a gente se esbarra por aí
Depois de uma noite de insônia
Em mais um daqueles dias loucos e corridos
Que a gente levanta da cama
Contando com a sorte
Caroline Sória
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