Poemas de Autores Desconhecidos

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QUEM TE MANDOU

Das frestas que enrugam paredes (umas quatro)
às quinas - linhas da minha testa...

Penso-lhe: há tempos sinto
Y lunações é donde mais
me entrego

que saudade de tu é gênio que vibro
mo' d'Oxalá
guiar

Preto meu,
malandral lhe vista y benza

paz

pro nosso
amor
passar

Inserida por FabricioHundou

IDADES NOVAS

"A busca de novidade não pode ser tão somente movida pela predisposição a algo novo. Sobretudo, também é inovação a maneira como entendemos nossas fugas diante do que temos, repensar vivências superficiais, tal como lidamos com a dispersão de nossos sentidos. Aplicada neste contexto, não tem a ver com inércia. Mais tem a ver com a velocidade que aplicamos aos nossos carros invisíveis de desejos vazios. Para além, veja que reciclagem - tal como posta a palavra - nos dá autonomia para reinvenção de ciclos, ora nossa capacidade cognitiva se amplie conforme damos mais sensopercepção para si y para outros. E, em direta citação, repensemos que "se está em tédio consigo mesmo, pode ser sinal de má companhia".

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ARPETITE

Não te queixes
se meu queixo esfoliar
teu cangote
ou caso os dentes y sisos
cocem longe
da maciez
que há (ar)
em
você

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TARTARUGA

cada vez ligeiro
eu me pego mais
num desejo besta
de ser tartaruga...
jabuti

ter mosaico em
meu casco
mastigar sem pressa
sentir chão frio
um tal colchão quente
y carregar o peso
da minha fleuma

deixar que lebres
seam libres
como
vos

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AVIÃO-GIZ

Há mais labra
no teto desta cidade
y o maior risco
que há no céu é feito de avião-giz

registro de minha
perniciosa
liberdade

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PRAXE II

Tenho uma poesia
Pra cada dia y
Velhas roupas me
Sobram pra
Lavar

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FARDO

Hesito e vou (já)
Êxito em ganhar
Pois meu fardo
É pensar
Que te
Esqueci

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MANDACARU DE SAUDADE

Mandáááá-carú
Ou manda sol
Ou, logo, logo,
tu

Mandacaru
Saudade tua
Espinheira bonita
Nunca vi o dia acabar

Mandacaru
Valhe-me toda a fé y riso
Valei-me, Oxossi
Ele é de Odoyá

Mandáááá-carú
Ou manda sol
Ou, logo, logo,
tu

Mandacaru
Teus braços se alevantam
Pr'algo (plural) tão divino

Pacto ou cacto
Se aceitei: bem sei
Fiquei torpe contigo

Quando eu der flor
Volte pra me
Cheirar

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ALGUM CANTO

ainda que longe
planalto de Todos Los Santos
hei de me anelar
na tua griz juba
ser sol, sal y chuva
tatear a tua beleza
piano em teu riso
tu-eu (o banzo)
eu-tu (encantos)
afetados
n'algum
canto

Inserida por FabricioHundou

O JANE-IRO-

Teus dedos

dedos de figo, topázio y malagueña
verão,
carnaval em jardins

O Corcovado em teu dorso
o arqueiro cavalga na Lapa
- arcos de íris -

circunflexos, vossos gemidos são preces
Epa babá! quara (o sol) em tuas asas

voltei outro,
toquei harpa em teus fios
tenho fiapos das mangas
da tua flora-blusa de chita

só Guanabara já sabia
meu nado contigo: sincroniza o sismo

podem mar y rio
ser simbióticos
quando dançam
com
liberdades

de

rimar

Inserida por FabricioHundou

MARÉ ALCALINA

Calma
Calmaria
Teu cangote: camomila

Com a alma
Calefação, ar rarefeito
Maracujá cuja calma


Levezas de Maria (calmaria)
Cafunés de minha mãe
Cachoeira em meu dorso
Água, chá, abraço ou sopro

Y na fobia - ou roer de unhas
Qu'eu me embrase
Na azia de baleias

A maré alcalina
Toca meu barco -
Odoyá, em teu mar
me
receba

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CARROCÉU

Vela que amarela (o verbo)
Rejunta cores em meus ventos
Alecrim alfineta - Oyá qu'exala:
É na gira qu'eu acho o
Meu
centro

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HORÁRIO DE PAIXÃO

Dou-lhe beijos
demorados - assíduos
em atrasos até que
as línguas percam as
horas em paixões
sem con(fusos)
horários

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FRUTOS DA IMAGINAÇÃO

sem fome de algo
sacio-me y
digiro boquiaberto
o que provei no pomar
dos frutos da tua
imaginação

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FOSSE LIGEIRO

Tu
Presente duma vida
Que vive há dias em
Nublados que me quaram
Embrião de cambaxirras
Eco alto que se ouve em futuro
Passado ligeiro
Passou, por mim, engomado
Vestido em minha roupa
Façamos tranças
De nossos pêlos eriçados
Contato com contato
Envaidecidos (ego sem dolo)
Em leões lunares:
Pois há beleza nesse
nosso
(a)temporalizar

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ASÉ FÉ

Laroyê bará
Abra caminho tranquilo pr'eu passar
Sopra vento, Oyá
Levai-me corpo y alma
Eparrey: Queira qu'eu
Esteja onde puder estar
Kaô Kabecilê
Justiça y martelo firme
Em dias de se padecer

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QUE PENA

Uma pena só: que pena!
Fragmento de liberdade
Fruto maduro da asa branca que
Por falta d'água
bateu em nuvens carregadas
y fez
Lufadas pra
Minha saudade
Voar

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BRANCO CAPITAL

"Brasília é da cor do concreto cru; brancos geométricos sob o céu azul. Tem mais satélites do que próprio sistema solar e, porventura, sol não falta. Eis o que torna um solo de gente fria, que se cruza todos os dias e se perde no silêncio das tesourinhas - cujas só cortam nossos juízos."

Inserida por FabricioHundou

SARAVÁ!

cadeira com encosto
arruda em um dos bolsos
garapa y maracujina
sopro na minha venta
desculpa de maré alcalina
tiros de saco bolha
ou alguma vírgula
pr'eu
respirar

Inserida por FabricioHundou

DECISO

vôte
se não lhe faltasse a verdade
nem todos precisassem
saber de ti - ora, só sentir
já é grande sabedoria
filosofias dum redemoinho emocional
dor de siso nascendo pra morder
a língua que se cala
ao beijar
teus
dedos

Inserida por FabricioHundou