Poemas Curtos de Autores Famosos

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Mas se nós, que somos os reis da natureza, não havemos de ter medo, quem há de ter?

Clarice Lispector
Para não esquecer. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Nota: Crônica O cetro.

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Inserida por pensador

Pense que ninguém é uma fortaleza, que nós todos somos apenas humanos e nos ajudamos, pense que não existe uma só pessoa no mundo que não tenha pelo menos uma vez (é pouco uma vez, muito mais vezes) necessidade inclusive de chorar.

Clarice Lispector
Todas as cartas. Rio de Janeiro: Rocco, 2019.

Nota: Trecho de carta à Tania Kaufmann, escrita em 4 de fevereiro de 1957.

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Acontece que sou tão ávida da vida, tanto quero dela e aproveito-a tanto e tudo é tanto – que me torno imoral. Isso mesmo: sou imoral.

Clarice Lispector
Para não esquecer. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Brasília: Esplendor.

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Não podia me dar ao luxo de pedir, lembrei-me de todas as vezes em que, por ter tido a doçura de pedir, não me deram.

Clarice Lispector
Para não esquecer. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Mal-estar de um anjo.

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Ah, mas se por um instante eu entender que a fúria é contra os meus erros e não contra os dos outros, então esta cólera se transformará nas minhas mãos em flores, em flores, em coisas leves, em amor.

Clarice Lispector
Para não esquecer. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Uma ira.

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Sem uma palavra de amor. Sem uma palavra. Mas teu prazer entende o meu. Nós somos fortes e nós comemos. Pão é amor entre estranhos.

Clarice Lispector
Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Nota: Trecho do conto A repartição dos pães.

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Não, nunca fui moderna. E acontece o seguinte: quando estranho uma pintura é aí que é pintura. E quando estranho a palavra é aí que ela alcança o sentido. E quando estranho a vida aí é que começa a vida.

Clarice Lispector
Água viva. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1998.
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Felicidade? Nunca vi palavra mais doida, inventada pelas nordestinas que andam por aí aos montes.

Clarice Lispector
A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
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Eu poderia resolver pelo caminho mais fácil, matar a menina-infante, mas quero o pior: a vida.

Clarice Lispector
A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
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Não, quem tem razão é este meu coração indireto, mesmo que os fatos me desmintam diretamente.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica A favor do medo.

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O prazer nascendo dói tanto no peito que se prefere sentir a habituada dor ao insólito prazer.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica O nascimento do prazer (trecho).

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Andando pela sua teia invisível, parecia transladar-se maciamente no ar. Ela queria a esperança.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Uma esperança.

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A vida me fez de vez em quando pertencer, como se fosse para me dar a medida do que eu perco não pertencendo. E então eu soube: pertencer é viver.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Pertencer.

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A primavera me dá coisas. Dá do que viver. E sinto que um dia na primavera é que vou morrer. De amor pungente e coração enfraquecido.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Eu sei o que é primavera.

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Na maioria das vezes, quando se descrevem as características físicas, morais e mentais de um brasileiro, não se nota que na verdade se estão descrevendo os sintomas físicos, morais e mentais da fome.

Clarice Lispector
Todas as crônicas. Rio de Janeiro: Rocco, 2018.

Nota: Trecho da crônica Daqui a vinte e cinco anos.

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À medida que os filhos crescem, a mãe deve diminuir de tamanho. Mas a tendência da gente é continuar a ser enorme.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Ideal burguês.

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Milhares de pessoas não têm coragem de pelo menos prolongar-se um pouco mais nessa coisa desconhecida que é sentir-se feliz e preferem a mediocridade.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Medo do desconhecido.

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⁠Quando se trata de apaziguar os outros, transformo-me subitamente numa grande fonte de serenidade. E eu mesma bebo dessa fonte.

Clarice Lispector
Todas as cartas. Rio de Janeiro: Rocco, 2020.

Nota: Trecho de carta para Maury Gurgel Valente, escrita em 2 de janeiro de 1942.

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⁠Eu não sou senão um estado potencial, sentindo que há em mim água fresca, mas sem descobrir onde é a sua fonte.

Clarice Lispector
Todas as cartas. Rio de Janeiro: Rocco, 2020.

Nota: Trecho de carta para Lúcio Cardoso, escrita em 13 de julho de 1941.

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⁠Eu queria fazer uma história cheia de todos os instantes, mas isso sufocava o próprio personagem. Acho mesmo que meu mal é querer ter todos os instantes.

Clarice Lispector
Todas as cartas. Rio de Janeiro: Rocco, 2020.

Nota: Trecho de carta para Lúcio Cardoso, escrita em novembro de 1944.

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