Mesma Moeda
Estrada
Há horas, na mesma estrada estou.
Altas árvores, ao longo do caminho.
Ali vou eu, caminhando, cabeça ao vento,
nas nuvens está meu pensamento.
Vagar, sem ter uma direção, é uma coisa diferente,
e sem se pensar em nada, feliz fica o coração.
Nenhuma viela corta esse caminho, parece feito,
para quem busca alguma coisa para justificar,
o fato de viver sozinho.
Estradas assim, enfrenta o querer, o amor incerto,
que as vezes temos.
Não encontram eles uma variante, para entender melhor
o tamanho da sua imensa solidão.
Amor, que todos nós buscamos, numa estrada feita pelo coração.
Quantos, por isso já passaram, e ainda passarão,
alguns até na estrada ainda estão.
Não acham uma saída, uma resposta, uma variante
que lhes traga certeza ao coração.
Roldão Aires
Membro Honorário da Academia Cabista
Membro Honorário da Academia de Letras do Brasil
Nas minhas maiores loucuras
Trago comigo a minha melhor lucidez vestida
De mim mesma nesse mundo incompleto de certezas no qual eu habito.
A Gentileza é a mãe da delicadeza
E prima legítima da Educação
E todas habitam na mesma casa chamada "bondade."
Se atirar uma pedra e machucar o meu corpo, pedir ou não desculpas é mesma coisa. Eu não sou do tipo que aguenta dor e perde sangue sem revidar... tarde ou cedo!
►Ela Gostava de Ler
Paloma, uma garota bela que morava na mesma rua
Desde a infância, nunca tive coragem de chamá-la
Para brincar ou quem sabe para conversar
A campainha da casa dela nunca tive coragem de tocar
Pela janela eu ficava a admirar
Imaginando se algum dia eu poderia te abraçar
Sem malícia, amor juvenil e inocente
Como dizia aquele meu parente
"Isso passa, acredite"
E ainda assim, eu estava encantado
Enfeitiçado pela simplicidade daquele olhar
Tão profundo como o fundo do mar
E eu estava dessa maneira por ela
Que nenhuma brisa apagaria essa vela.
Mas como de costume o tempo passou
E esse tal amor foi-se tornando uma lembrança
Da minha época de criança
De quando não agia com ignorância
A imprudência era totalmente minha.
Ainda assim, eu a vi, morando novamente perto de mim
Especial, não apenas pela beleza facial
Não por algo tão superficial
Estou dizendo de modo intelectual
E pela janela eu conseguia vê-la no quintal
Com um short simples, uma camisa sem grife e tal
Lendo um livro aparentemente interessante
Na capa eu só conseguia perceber um viajante
E aquele devia ser o livro favorito de sua estante
Pela janela eu a pegava lendo-o a todo instante.
Eu já estava "crescido", tinha amadurecido
Mesmo que estivesse indeciso se conseguiria fazer aquilo
Fui até aquela janela, chamei pelo nome dela
E sim, ela atendeu ao meu chamado, no quintal apareceu
Fingindo não saber, perguntei se ela gostava de ler
Ela disse "Sim, por quê?"
Sem parar pra pensar, respondi "Escrevi isto, podes ver?"
Claro que o poema era sobre ela mesma
Fiquei preocupado dela criticar sobre o texto
Afinal eu a usei como referência
Tudo ocorreu no sexto dia do mês de fevereiro.
Eu havia me formado e me mudado por um tempo
Depois de alguns anos eu voltei ao meu templo
As lembranças guardadas pela janela, que se fechava com a força do vento
Mas parece que Paloma nunca se mudou
O meu medo foi dela ter encontrado um amor
Porém não recuei, e o poema eu lhe dei.
Ah, o destino, o acaso, uma tia dela sofreu um infarto
E por conta disso, sua mãe pediu para ela ir morar com a tia
Eu não poderia, de forma alguma, impedi-la
Mal sabia eu que nossas vidas seriam separadas naquele dia
Na última vez que eu a vi, ela estava saindo de casa, meio entristecida
Talvez pelo que ocorreu, não sei
A última vez que a vi eu estava a chorar
Hoje, na janela não consigo mais ficar
Pois terei a esperança que ela voltará
Quando ela se foi eu não consegui me controlar
Com os olhos a lacrimejar, entrei em meu quarto
E com a caneta, escrevi sobre a menina que fora minha dona
Adeus para sempre, Paloma.
Não se surpreenda quando a resposta que obter não for a mesma que estava esperando ....lembre-se , colhemos o que plantamos !
PEQUENA TENTATIVA DE RETÓRICA
Contei a mesma história
No mínimo mil vezes
Com a nuvem ocultando a lua
Com um olhar desesperado
Gritei, esbravejei,
Reclamei e ameacei.
O vento corta a noite
Com uma foice
partindo a minha voz
Sem outra opção, recorri à justiça. A qual, além de cega, escuta mal.
Não deu outra, ninguém ouviu.
A chuva desabou na favela deserta,
gargarejando nos bueiros entupidos.
Agora só confio nas minhas próprias mãos,
Para minha voz
Não amanhecer morta.
Posso percorrer todos os caminhos, mas nenhum tem a mesma beleza que aquele em que posso colher as flores do teu carinho, da tua amizade.
" O caminho da felicidade com certeza ficava na mesma direção para quem tu virastes as costas e no sentido contrário de quem te ensinou a errar"
Aprendi a sempre me manter verdadeira comigo mesma e nunca deixar o que as outras pessoas falam sobre mim afetar quem eu sou.
Nunca busquei a perfeição, mas sim a minha felicidade e sempre acreditei que a mesma se encontrava no caminho da verdade;
A injustificável palavra que doa o prazer para que vivam a se omitir é a mesma que se vende para hipócritas que tiram o direito de quem não pode falar;
Um inocente se cala, mais um corrupto esconde seus medos para que impeçam que corram para os braços de um país degradado e falido;
Queremos a verdade no olhar e as certezas de conhecer o meu país, sabendo amá-lo com a felicidade justa e verdadeira;
Existem momentos que valem uma vida e estes, jamais serão apagados do nosso coração, da mesma forma que existem pessoas que irão morar em nosso coração para todo sempre.