Asas Hoje eu desejei acordar com asas.... TCristina

Asas


Hoje eu desejei acordar com asas.
Asas que me permitiriam fugir antes de ser capturada, que me levariam aos mais altos vôos.
E mesmo com os mais fortes ventos eu teria forças de quebrá-los e continuaria a voar.
Alcançaria as nuvens e me acomodaria sobre elas como se estivesse a deitar sobre brandas bolas de algodão e ficaria por ali por algum tempo.
Ficaria por ali observando as pessoas se atropelarem dentro de suas vidas secretas.
Depois voaria para o centro da Terra atrás de coisas que perdi pelo caminho estreito da vida.
Procuraria por partes que ainda me faltam e estão perdidas entre as ilusões.
Acharia infinidades de defeitos a serem olhados e corrigidos.
Acharia também qualidades que nem mesmo eu sabia que tinha.
Alem de ver partes de magoas que eu jurava ter deixado a muito tempo no passado.
Voaria então para dentro do meu passado para esclarecer aquilo que nunca consegui entender.
E tentaria pedir perdão para aqueles que por ventura teria magoado.
Ficaria mais um tempo ali vivendo os momentos que ainda me causam saudades.
E me dada por satisfeita retornaria ao meu abafado presente.
Tentando achar a cura para os males da minha alma.
E mesmo sentindo-me afogada.
Aproveitaria minhas asas e iria de encontro com a insana ficção agregada.
Aproveitaria a passagem, observando as moradas.
Cercada por criaturas ignoradas, ao qual não me causam nada.
No momento só estou preocupada até quando irão durar minhas asas...
E avistando meu suposto acaso, rezaria pela coragem.
Tentando ajustar-me com toda a adversidade.
E quando enfim preparada aguardaria ser divulgada.
E por todo o tempo esperado imaginaria o fim da mentira que por teimosia ou infantilidade deixei ser inventada.
E se isso se contemplasse, choraria por dias seqüestrada.
Culpando minha falta de maturidade, e me envergonhando por te sido fraudada.
Mas caso não tivesse sonhado, enfraqueceria meus punhos cerrados e calorosamente abraçaria o desejo encontrado. Ousaria oferecer um afago, e pousaria com suave contato.
Convidaria então o acaso para junto comigo arremessar-se rumo ao espaço. Por onde voaria descalça sentindo com toda intensidade a energia volátil.
E depois de todo desbravado, deixaria Plutão e Marte sentirem-se instigados.
E me despediria apressada voando em altos e baixos até ficar novamente estável.
E quando finalmente acordada, encararia os fatos vivenciados e deixaria rolar o pranto inconsolável pelas asas que me foram tiradas. TCristina