Estrela Leminski
A LUA FOI AO CINEMA
A lua foi ao cinema,
passava um filme engraçado,
a história de uma estrela
que não tinha namorado.
Não tinha porque era apenas
uma estrela bem pequena,
dessas que, quando apagam,
ninguém vai dizer, que pena!
Era uma estrela sozinha,
ninguém olhava para ela,
e toda a luz que ela tinha
cabia numa janela.
A lua ficou tão triste
com aquela história de amor,
que até hoje a lua insiste:
- Amanheça, por favor!
Objeto
de meu mais desesperado desejo
não seja aquilo
por quem ardo e não vejo
seja estrela que me beija
oriente que me reja
azul amor beleza
faça qualquer coisa
mas pelo amor de deus
ou de nós dois
SEJA
procura, então, tem cura?
há quem diga que prevalece a loucura
há quem veja na pergunta
o ponto chave e o buraco da fechadura
mas a dúvida perdura
se há uma palavra que te possua
ainda que precavidos
de prerrogativas e abismos
estamos bem servidos
por esses achados
somos perdidos
rima rica o cacete
prefiro a plebe dos verbetes
só vou ser uma poeta de reputação
e moça de boa família
o dia que acabar com esse amor a rima
sem explicações concretas
posso exagerar no visual
sair pela estrada
em uma via marginal
aí vou cair na gandaia
com as palavras
não importando o artigo
podia me especializar
em orgia
com os significados
e as insignificâncias
mas chega de intelectualidades e
elogio aos sentidos
que isso me dá uma puta ânsia
Fazer o quê se sou assim
Se em cada coisa que eu toco
fica o jasmim
Fazer o quê se estou aqui
metade em você
metade em mim
Você está em tudo o que eu gosto
O que quer quando me olho?
Se em tudo que eu pulso
você vibra
Se em tudo que é certo
está teu projeto
com 3 letras teu nome
Meu sobrenome incompleto
Agora não quero
menos que tudo
E um pouco mais
não acerto